Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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FATORES DE RISCO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM ACADÊMICOS DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA DO OESTE DO PARÁ
Isabela Maria da Costa Buchalle, Andreza Dantas Ribeiro, Brenda dos Santos Coutinho, Daniele Silva de Freitas, Géssica Naiane Baia Nobre, Geysiane Rocha da Silva, Lívia de Aguiar Valentim, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Última alteração: 2017-12-18

Resumo


Apresentação: As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são caracterizadas por apresentarem etiologia múltipla e assinaladas por alterações silenciosas no organismo e período de latência de longa duração com danos e lesões irreversíveis, que podem desencadear incapacidade ou mesmo óbito. Dentre as principais DCNT tem-se a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Diabetes mellitus (DM), obesidade, dislipidemias e alguns tipos de cânceres. As DCNT são consideradas um problema de saúde pública no Brasil e no mundo, devido ao alto índice de morbimortalidade. Em vista disso, o objetivo do estudo foi investigar os fatores de risco para o desenvolvimento de DCNT, bem como verificar a presença de valores anormais obtidos a partir da aferição da pressão arterial (PA) e dos níveis glicêmicos em acadêmicos de uma universidade pública do oeste do Pará. Desenvolvimento: trata-se de um estudo descritivo, transversal com abordagem quantitativa, realizado com acadêmicos de uma universidade pública, localizada no município de Santarém – PA, no dia 24 de abril de 2017, desenvolvido em duas etapas, sendo a primeira com a aplicação de um questionário contendo as seguintes variáveis: idade, gênero, etnia, hábitos alimentares, práticas de atividades físicas, tabagismo, alteração dos níveis de glicose em algum momento da vida e histórico familiar de diabetes. A segunda etapa baseou-se na verificação de medidas antropométricas (peso e estatura para cálculo do índice de massa corporal – IMC e circunferência abdominal – CA), aferição da PA, utilizando-se de um aparelho digital validado pela associação brasileira de cardiologia e mensuração dos níveis glicêmicos em jejum e casual, a partir do uso do glicosímetro (G-Tech Free Lite). O IMC foi classificado de acordo com a divisão da Organização Mundial da Saúde (OMS) e para a classificação dos resultados da CA foi adotado o ponto de corte da Internation Diabetes Federation (IDF). Para análise da PA, foi utilizada a classificação de acordo com as Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Já para a avaliação dos resultados obtidos com o glicosímetro, foi utilizada a classificação adotada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBN). Entretanto, cabe ressaltar que a SBN preconiza que para o diagnóstico do DM, devem ser utilizados os valores da glicose plasmática, seja pela glicemia de jejum ou após a glicemia de 2h pós-sobrecarga de 75 g de glicose. Dessa forma, os valores obtidos a partir dessa verificação foram utilizados para fins de orientação dos participantes, salientando a busca por um serviço de saúde, caso seu resultado fosse alterado. Os dados coletados foram tabulados e analisados através do software Excel® 2013. Resultados e/ou impactos: A amostra da pesquisa foi de 61 acadêmicos, sendo 77% do sexo feminino, na faixa etária de 17 a 21 anos de idade, média de 19 anos. Referente ao sexo como um fator de risco não modificável, em muitas doenças crônicas, a exemplo do DM, a prevalência ocorre na população feminina, respectivo à idade, trata-se de um público jovem, onde o risco para desenvolver alguma DCNT é menor. No que condiz a etnia/raça dos pesquisados, 47,5% se consideravam pardos, 36,1% brancos e 16,4% negros. Percebe-se que a maioria se autodeclarou pardo, o que está de acordo com a raça prevalente na região norte. Quanto ao histórico familiar dos pesquisados acerca de uma das DCNT mais comuns, o DM, 77% disseram possuir familiares de 1º grau com a doença e 60,7% de 2º grau. Pertinente aos fatores de risco modificáveis para as DCNT, foi avaliada a prática de atividades físicas nos graduandos, dessa forma, 62,3% praticavam algum tipo em um tempo inferior a 30 minutos por dia ou menor que 4 vezes na semana e 37,7% exerciam em um período maior que 30 minutos por dia ou mais que 4 vezes na semana. Atualmente, é recomendado que adultos de 18 a 64 anos de idade realizem pelo menos 150 minutos de atividade física aeróbica, de intensidade moderada na semana ou então, ao menos 75 minutos de atividade física aeróbica vigorosa na semana ou uma combinação de ambas. Particular aos hábitos alimentares desse público foi avaliada a frequência no consumo de determinadas classes de alimentos, desse modo, específico a ingestão de legumes, vegetais e frutas, 72,1% faz seu uso com frequência e 27,8 não. Relacionado à ingesta de frituras, salgados e carnes gordas, 72,1% admitem fazer o consumo rotineiro e 27,9% não. Observou-se que grande parte faz o consumo diário de frutas, legumes e frutas, contudo é significante a quantidade dos que utilizam a segunda classe de alimentos. No tocante ao tabagismo, 90,2% relataram nunca terem fumado e 9,8% afirmaram já ter tido esse habito, mas abandonaram. Quando o gênero masculino foi questionado se já havia tido alguma alteração no seu nível glicêmico, ao longo da vida, 92,9% responderam que não ou não tinha conhecimento e 7,1% alegou que sim. Referente ao gênero feminino foi investigado a ocorrência de alterações dos níveis glicêmicos ou se já haviam tido filhos com mais de 4 kg, sendo que 95,7% informaram que não e 4,3% sim. No que diz respeito a ser portador de hipertensão arterial, todos afirmaram que não possuíam. No que tange as medidas antropométricas, a partir do cálculo do IMC, foi verificado que 8,2% estavam abaixo do peso, 78,7% apresentavam peso normal e 13,1% estavam com sobrepeso. Com relação a CA nos homens, 92,9% estavam com o tamanho dentro da normalidade e 7,1% acima, já nas mulheres, 68,1% estavam com a circunferência no tamanho ideal e 31,9% acima. A partir da aferição da PA, 78,7% foram classificados como normal, 9,8% como pré-hipertenso e 11,5% como hipertensão estágio 1. Vale ressaltar que a classificação adotada a partir do resultado da PA não possuiu cunho diagnóstico, assim, seus resultados serviram como base para as orientações a serem ofertadas aos acadêmicos no final da pesquisa, salientando a procura por um serviço de saúde, dependente dos valores encontrados. Referente aos resultados constatados a partir do uso do glicosímetro, 42,6% realizou em jejum e 57,4% casual. Dos que realizaram em jejum, 92,3% apresentaram resultado normal e 7,7% como intolerância a glicose diminuída, já dos que fizeram de forma casual, todos apresentaram os resultados dentro da normalidade. Ao final do estudo, foram dadas orientações em saúde aos participantes, de acordo com os fatores de risco e resultados encontrados, bem como a oferta de um lanche saudável. Considerações finais: Em consideração as condições de risco que não são susceptíveis de alteração presentes nos colaboradores da pesquisa, que favorecem a ocorrência de DCNT, 77% são do gênero feminino e a maioria possui histórico de DM na família, já em conformidade aos que decorrem da vontade pessoal para serem remodelados, 62,3% praticam atividade física de forma insuficiente; 72,1% faz consumo rotineiro de alimentos não saudáveis; 9,8% já foram tabagistas; 13,1% estavam com sobrepeso; 7,1% e 31,9% dos homens e mulheres, respectivamente, estavam com a CA aumentada. Já na aferição de PA e dos níveis glicêmicos, 21,3% estavam com os níveis da PA alterados e 7,7% da glicemia. Assim, concebendo o atual contexto das DCNT, a prevenção assume papel irrevogável, tornando-se imperativo que o público universitário estabeleça um período para a realização de atividades físicas que acabam por influenciar positivamente outras variáveis, como nas medidas do IMC e CA, em conjunto com a adoção de bons hábitos alimentares.

 


Palavras-chave


fatores de risco; doença crônica; estudantes