Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Produção do cuidado com adolescentes que praticam cutting ou automutilação em grupos terapêuticos.
Gisele Cristina Resende, Ana Cristina Furtado de Carvalho Régis, Elivandra Franco Mendes

Última alteração: 2017-12-18

Resumo


A promoção do cuidado em Saúde Mental na Atenção Psicossocial, perpassa por múltiplas esferas da existência humana (psíquica, espiritual, social, econômica, educacional), isto é, tece significados para que o sujeito vivencie a saúde na integralidade e se fortaleça para as vivências no seu território e na globalidade da vida. Nesse cenário, os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) são os espaços para o cuidado ao sujeito com sofrimento psíquico, e uma das formas de atenção que pode ser oferecida, são os grupos terapêuticos. Eles se caracterizam como tecnologia leve em saúde, uma forma de cuidado que privilegia a relação humana e proporciona trocas dialógicas e expressivas, isto é, o compartilhamento de experiências que visam a melhoria na saúde mental. Além disso, o grupo promove o contato interpessoal, habilidades sociais e o desenvolvimento de estratégias para o enfrentamento do sofrimento psíquico. A proposta do atual trabalho, consiste em apresentar a metodologia de grupo terapêutico, como proposta de intervenção com adolescentes que praticam o cutting ou automutilação. Essa proposta de trabalho foi desenvolvida no CAPSi Leste na cidade de Manaus (AM) no ano de 2017. O grupo  terapêutico se caracterizou como espaço para os usuários do CAPSi Leste que buscaram ajuda, devido ao sofrimento psíquico vivenciado no cotidiano e evidenciado com o cutting (ou automutilação). O cutting pode ser definido como a ação de ferir-se no próprio corpo e uma forma de aliviar a tensão. É um sintoma de que há uma doença psiquiátrica e requer tratamento, geralmente é acompanhado por humor depressivo, irritabilidade, ansiedade, ideação suicida e revela a incapacidade de lidar com os próprios sentimentos e com a frustração.  Suas características são: o início por volta dos 13 anos de idade, com maior prevalência no sexo feminino, os ferimentos e cortes são superficiais e feitos pelo próprio adolescente em seu corpo, em locais que possam ficar escondidos sob a roupa, sendo os braços o local mais comum. Esse transtorno mental compromete o bem-estar biopsicossocial dos adolescentes e preocupa a família e as instituições de ensino que percebem o fenômeno. A atividade terapêutica foi desenvolvida semanalmente com adolescentes de 13 e 14 anos do sexo feminino, com a duração de aproximadamente 60 minutos. Nesse período foram trabalhados temas previamente preparados, como por exemplo, autoconhecimento, objetivos de vida, família e relacionamentos, qualidade de vida, espiritualidade, com a metodologia de rodas de conversa, dinâmicas de grupo, oficinas expressivas e psicoeducativas. Os pais/responsáveis pelos adolescentes também foram envolvidos na proposta terapêutica, pois participaram de encontros mensais, nos quais foram realizados encontros reflexivos e debates de temas acerca da saúde e educação das jovens, bem como das angústias que perpassam o cotidiano dessas famílias. Os   resultados demonstrados pelos usuários foram: remissão dos sintomas depressivos, parada de automutilação (cutting), de forma que as adolescentes conseguiram expressar os sentimentos com habilidades comunicativas, elaboraram seus de projetos de vida e demonstraram relações familiares mais afetivas, esses resultados se refletiram no bem-estar biopsicossocial e na qualidade de vida e na saúde mental das usuárias e de suas famílias.


Palavras-chave


Grupo terapêutico; cutting ou automutilação; CAPSi; saúde mental; adolescentes.