Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RELAÇÕES DE GÊNERO NA ADOLESCÊNCIA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM ADOLESCENTES DE UMA ESCOLA MUNICIPAL NA ZONA RURAL DO INTERIOR DA BAHIA
Etna Kaliane Pereira da Silva, Matheus Ferreira, Flávia Rosário, Adriane Teixeira, Everton Sousa, Danielle Medeiros

Última alteração: 2018-05-24

Resumo


Apresentação: As relações de gênero são construções sociais que estruturam formas de pensar e de agir no mundo, muitas vezes fortalecendo as desigualdades existentes, reforçando papéis nos quais as mulheres geralmente possuem menos direitos que o gênero oposto. Enquanto marcadores da diferença, isso é ainda mais evidente em determinados contextos quando se observa de que modo a cultura influencia nesta dinâmica: nos contextos rurais essas desigualdades de gênero mostram-se ainda mais presentes. Entendendo a importância do período da adolescência no processo de formação do indivíduo, o projeto de extensão buscou discutir, através da educação popular, discriminação e preconceito de gênero no cotidiano dos adolescentes. Desse modo, o presente resumo trata-se da experiência vivenciada por bolsistas do projeto durante as atividades realizadas. Desenvolvimento do trabalho: Foram realizados ao todo 13 grupos com adolescentes rurais quilombolas e não quilombolas da Escola Municipal José Rodrigues do Prado. Os grupos foram separados por turmas, nas quais foram realizados 4 encontros. Os temas trabalhados partiam de questões elencadas pelos próprios adolescentes através de uma caixa de sugestões. O tema gênero foi discutido em 12 turmas do sexto ao oitavo ano. As atividades visavam fazer que os adolescentes pensassem através da perspectiva do outro e, assim, discutissem as vantagens e desvantagens de estarem naquele papel. Com o sexto e sétimo ano, as turmas foram divididas em grupos de meninas e meninos, no qual cada grupo deveria discutir e escrever em uma cartolina as vantagens e desvantagens de serem do gênero oposto, em seguida os grupos apresentavam o que foi discutido, provocando o debate. Em todas as turmas, os meninos encontraram dificuldades em descrever as vantagens de serem meninas e, quando descreviam, era “se vestir bem” ou “ter confiança dos pais”. Já o grupo das meninas descrevia mais comumente como vantagens em ser menino “poder sair sozinho” e “não realizar afazeres domésticos”. Com a turma do oitavo ano, os grupos deveriam escrever o porquê de estarem satisfeitos em pertencer ao seu gênero e, em seguida, completar a frase “se eu fosse do gênero oposto, eu...”. Nessa dinâmica, as meninas tiveram mais dificuldades em descrever porque estavam satisfeitas com seu gênero. Além disso, outras atividades foram realizadas acerca de temas como adolescência e namoro, buscando sempre trabalhar as relações de gênero durante as discussões. Impacto das experiências: Os encontros possibilitaram o reconhecimento das desigualdades de gênero presente nas relações dos adolescentes, possibilitando, principalmente às meninas, questionarem e expressarem seus incômodos. Considerações finais: Foi possível observar o quanto os comportamentos machistas são naturalizados entre os adolescentes, sendo os encontros importantes para a desconstrução de alguns comportamentos e pensamentos sexistas. Além disso, é importante ressaltar o reconhecimento da própria escola da necessidade de ações voltadas para essa temática e para públicos específicos, culminando em atividades extracurriculares direcionadas para as meninas e para os meninos, em dias distintos.

 


Palavras-chave


Gênero; População Rural; Educação Popular