Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O VER-SUS/IMPERATRIZ COMO INSTRUMENTO DE FORMAÇÃO COMPLEMENTAR EM GRADUANDOS E PROFISSIONAIS: um relato de experiência
Aline Santana Figueiredo, Francisco Eduardo Ramos Da Silva, Aldo Lopes Da Costa Junior, Gustavo de Almeida Santos, Vitor Pachelle Lima Abreu, Jairo Rodrigues Santana, Francisca Jacinta Feitoza de Oliveira, Wherveson de Araújo Ramos

Última alteração: 2017-12-30

Resumo


 

RESUMO:

Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo. Criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, busca abranger desde o simples atendimento ambulatorial até o transplante de órgãos, tentando garantir acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país. A construção do Projeto Vivências e Estágios na Realidade do SUS (VER–SUS/Brasil) foi influenciado por movimentos sociais e diversos projetos realizados anteriormente. Os estágios de vivências constituem importantes dispositivos que permitem ao estudante experimentar um novo espaço de aprendizagem que é o cotidiano de trabalho das organizações de saúde, possibilitando a f[1]ormação de profissionais comprometidos/as ética e politicamente com as necessidades de saúde da população. O VER–SUS se concretiza, portanto, como possibilidade de ampliação da formação profissional, pois possibilita a aproximação, ainda na graduação, dos estudantes com diversos serviços que atravessam a área da saúde e seus trabalhadores e usuários, fato esse evidenciado no relato da vivência do estágio, promovendo a integração ensino-serviço. Sua criação provoca novas formas de proceder mediante a realidade onde ainda são poucos os espaços consolidados que profissionais de diferentes áreas trocam experiências e impressões entre si, com os estudantes e usuários dos serviços em que atuam. O VER-SUS configura-se também como uma estratégia de formação e participação de novos atores, dentro deste espaço democrático de debate e processo de construção descentralizada de políticas de saúde, capazes de adquirir uma visão e conhecimentos que não foram possíveis até então, devido, a um aprendizado comprometido por metodologias fragmentadas e sem o foco necessário na educação para Redes de Atenção e ensino-pesquisa-extensão. Sendo também uma oportunidade para gestores, pois eles estão diretamente relacionados com o desenvolvimento da saúde nas realidades locais. Sendo assim, o vivente renova seu olhar e passa a entender o SUS de forma que não foca apenas no bem-estar, mas também na educação e fortalecimento do controle social, como ator importante no desenvolvimento de um sistema público de saúde reconstruído e referência mundial, adquirindo a formação técnica, política e ética. Objetivo: Diante disso, o presente trabalho tem como objetivo relatar a experiência de acadêmicos da área da saúde no programa “Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde”. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, vivenciado por acadêmicos dos cursos de Bacharelado em Enfermagem e Farmácia, no programa “Vivências e Estágios na realidade do Sistema Único de Saúde – VER-SUS”. A vivência ocorreu no município de Imperatriz situada no oeste do Estado do Maranhão, na microrregião nº 38, no intervalo de 1 a 10 de agosto de 2015, onde foi proposta uma metodologia interdisciplinar e lúdica, com vários temas sociais, dentre eles o racismo, o feminismo, o Movimento Sem Terra, Saúde Pública, dentre outros, e também foram realizadas uma série de questões abordadas de maneira dinâmica e interativa. Contou com a participação de acadêmicos, provenientes de instituições de ensino público e privados do Brasil, dos mais diversos cursos, pertencentes ou relacionados à área da saúde: enfermagem, medicina, fisioterapia, psicologia, serviço social, terapia ocupacional, nutrição e odontologia. Nessa edição participaram setenta acadêmicos, distribuídos da seguinte forma: acadêmicos viventes (60), acadêmicos facilitadores e comissão organizadora (10). Para desenvolvimento das atividades foram organizados seis grupos, compostos por 10 viventes e 2 facilitadores/cada, grupos esses chamados de núcleo de bases (NB’s). A seleção dos estudantes para participar deste estágio foi realizada em dois momentos. De início foi realizado de modo on-line, através do site http://versus.otics.org conveniado ao Ministério da Saúde, que contou com um formulário composto por questões estruturadas abrangendo diversos aspectos. No segundo momento, era realizada a avaliação de uma carta de intenção, em que o vivente enviaria para o e-mail da comissão organizadora. Resultados e discussões: No decorrer dos 10 dias de vivências, ocorreram debates, afim de capacitar os estudantes e discutir temas relacionados as visitas, sendo os locais de visitas: Unidades Básicas de Saúde (UBS), Hospital Municipal de Imperatriz (HMI), Hospital Regional Materno de Imperatriz (HRMI), Unidade de Pronto Atendimento (UPA), Centros de Atenção Psicossocial (CAPSi/III/AD/IJ), Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, Aldeia Indígena e Tenda Santa Bárbara.  Os debates eram desenvolvidos com a presença de um mediador, sendo facilitador ou membro da comissão organizadora, os principais temas tratados eram: Determinantes Sociais da Saúde, Papel do Estudante da Universidade, Capitalismo, Opressões, Luta Antimanicomial e Redes de Atenção à Saúde.  Nesse contexto, pensando na educação permanente como política pública para a qualificação do SUS, o projeto VER SUS é considerado estratégia na dinamização desta, na medida em que propõe a construção do perfil diferenciado dos futuros profissionais da saúde, articulados com o movimento estudantil e “empoderados” como sujeitos transformadores das condições de saúde existentes, atraindo para o pensamento e crítica sobre o SUS aqueles que buscam uma profissão no setor. Durantes as visitas, os estudantes eram divididos em Grupos de Vivência (GV), onde eram sorteados dois estudantes de cada Núcleo de Base (NB) para compor um Grupo de Vivência. Os espaços foram previstos de forma estratégica, assim como a integralidade proposta, apontam que para os estudantes, a vivência no VER-SUS é uma alternativa capaz de obter resultados significativos na formação de profissionais para o SUS, pois através das críticas e discussões estimula-os a serem mais participativos nas decisões educacionais de sua universidade. Além das visitas e debates, o VER-SUS Imperatriz também proporcionou aos estudantes uma série de dinâmicas, estre elas a dinâmica da teia, onde o estudante, enquanto segura um fio de barbante, se apresentava, mostrando expectativas em relação ao projeto e concepções sobre o SUS, passando o rolo de barbante ao próximo estudante, até formar ao final, uma teia. Esta possibilitou o primeiro contato entre os viventes, e o conhecimento de suas aspirações em relação à graduação, universidade e principalmente sobre suas expectativas sobre o VER-SUS e o SUS, além de integração entre o grupo, possibilitando descontração e empatia entre os viventes e facilitadores. As dinâmicas funcionam como processos coletivos, onde o encontro e a experiência dos profissionais promovem a construção do saber em conjunto, das transformações individuais e consequentemente coletivas.  Diante disso, vê-se o VER SUS como ferramenta complementar à formação acadêmica, fortalecida pelo diferencial transformador de ideologias e práticas em saúde, tendo como protagonista o acadêmico. Considerações finais: A participação no projeto VER-SUS proporciona quebra de paradigmas e pensar acadêmico voltado unicamente ao curso, promovendo um olhar para além dos muros da universidade, instigando o questionamento às interações sociais e a maneira de como fazer saúde pautada no Sistema Único de Saúde. Permitiu a realização de visitas a espaços sociais e estabelecimentos de saúde, proporcionando conhecimento a cerca da forma como cada comunidade faz saúde, também possibilitou aos estudantes conhecerem a realidade do SUS de Imperatriz, os possibilitando a fazer uma comparação com a realidade de seus estados. Todos os momentos da vivência, podem ser considerados únicos, pois estão ligados a interações, aprendizados, lições, e renovo de conhecimento cultural no contato com diferentes etnias, raças, costumes, etc. O VER-SUS, como dispositivo e estratégia, busca por um novo jeito de pensar e fazer saúde, como algo além de fornecer bem-estar, o pensar como gestor, cidadão, usuário do SUS, ator-social, alguém que também faz parte do fortalecimento do controle social.

 

 


Palavras-chave


Sistema Único de Saúde. Formação em Saúde. Políticas Públicas.