Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A PERCEPÇÃO DAS MULHERES QUE VIVEM COM HIV SOBRE UMA FUTURA GESTAÇÃO: REVISÃO INTEGRATIVA DA LITERATURA
ANA KEDMA CORREA PINHEIRO, BRUNA ALESSANDRA COSTA E SILVA PANARRA, ELIENE DO SOCORRO DA SILVA SANTOS, Jhennifer Pereira Rodrigues, LETÍCIA DE SANTANA CHAVES

Última alteração: 2017-12-11

Resumo


Apresentação: O Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) afeta o sistema imunológico da pessoa infectada, lesionando principalmente as células T CD4+, que leva à incapacidade do organismo de se defender, podendo assim, ser acometido por doenças e infecções oportunistas. O HIV pode ser transmitido através de relações sexuais desprotegidas, compartilhamento de seringas e agulhas infectadas, transfusão sanguínea, ou de mãe para filho durante a gravidez, parto e amamentação. No Brasil, de 2007 a junho de 2016 foram notificados 136.945 casos de infecção pelo HIV, onde 6.868 (6,3%) foram na Região Norte. Desse total de casos notificados, 44.766 foram detectados em mulheres, onde 28,6%corresponde à mulheres grávidas com HIV na faixa etária de 20 a 24 anos. O processo gestacional tende a ser uma experiência baseada em medos, trazendo tensão e insegurança, tanto em relação à transmissão do HIV quanto à utilização das medicações, a gestante teme pelo sofrimento do filho em relação a todos os fatores estressantes aliados à infecção pelo HIV. Além disso, a mulher terá que se reconhecer como mãe e estar ciente de todas as consequências e riscos que essa condição traz consigo.  Existem ainda mulheres que mesmo conhecendo sua sorologia positiva, decidem ter filhos, esse contexto mostra que independentemente da sorologia para o HIV o desejo de ter filhos em mulheres vivendo com o vírus permanece inalterado. Assim, torna-se relevante a discussão acerca das escolhas reprodutivas das mulheres a partir de sua própria visão. Considerando, portanto, a importância e a valorização do desejo humano e a capacidade de decisão das mulheres que vivem com HIV que pretendem constituir uma família e que isto deve ocorrer independentemente da aprovação do outro e do estigma antifamília que muitas vezes lhes é direcionado. O estudo teve como objetivo identificar o perfil das produções científicas sobre a percepção das mulheres que vivem com HIV sobre uma futura gestação. Desenvolvimento do trabalho: Realizou-se uma Revisão Integrativa da Literatura (RIL). A elaboração da RIL seguiu os seis passos. Fase 1: Seleção do tema (percepção das mulheres que vivem com HIV sobre uma futura gestação) e da questão de pesquisa: qual a percepção das mulheres que vivem com HIV sobre uma futura gestação? Na Fase 2 aplicamos os critérios de inclusão: artigos, monografia, dissertações e teses completos com abordagem qualitativa, disponíveis on-line no período de 2007 a 2015. Quanto aos critérios de exclusão: artigos de revisões de literatura, reflexões e resenhas. Para tal, utilizaram-se as seguintes combinações com descritores: relações familiares, família de pais solteiros, mulher e HIV, e com palavras-chave: gestante e soropositividade para o HIV, mulher HIV e percepção familiar, família e HIV, e saúde da mulher e HIV. As bases de dados consultadas foram: Literatura da América Latina e Caribe (LILACS), Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE) e Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Foram encontradas 628 produções. No entanto, após a leitura dos resumos, constatou-se que somente 23 produções atendiam aos critérios de inclusão.  Na Fase 3 realizamos a aplicação da ficha validada de Ursi 2005 com questões sobre o perfil geral da referência e principais evidências. Fase 4: Análise com base nas categorias. Fase 5: discussão das categorias. Fase 6: apresentação da revisão. Resultados: quanto ao perfil das produções em relação à área: dez são multiprofissional, seis são da área da enfermagem, quatro da psicologia e três da medicina. Quanto à região do Brasil: onze são do sudeste, seis do nordeste, três do sul e três de outros países. No que diz respeito ao ano: três são de 2015, um de 2014, sete de 2013, seis de 2012, um de 2011, um de 2010, três de 2009, um de 2008 e um de 2007. A análise dos vinte e três estudos fez emergir três categorias capazes de sinalizar as evidências científicas disponíveis na literatura sobre percepção das mulheres que vivem com HIV sobre uma futura gestação, como pode ser visto a seguir: I. O desejo de ser mãe e as perspectivas futuras: as mulheres referem o desejo de ser mãe e formar uma família. Esta expectativa gera um novo significado para a sua vida.  A gestação apresenta-se como uma maneira de afirmar o poder que a mulher tem sobre seu corpo e enfrentar o estigma. Entretanto, gera sentimentos de tristeza frente à impossibilidade do aleitamento materno, culpabilização e responsabilidade em relação à possibilidade de transmissão vertical; II. Apoio da família e parceiro: nesta categoria observa-se as relações de gênero e poder entre mulheres e seus parceiros, as expectativas e medo em relação a falta de apoio do parceiro, família e sociedade; III. Direitos sexuais e reprodutivos: nesta categoria referem que a sociedade e alguns profissionais não apoiam uma futura gestação entre pessoas que vivem com HIV. A ausência da escuta atenta e do apoio emocional por parte dos profissionais de saúde  gera dúvidas e sentimentos de vulnerabilidade e culpa entre as mulheres. Observa-se a necessidade de investimentos no planejamento familiar das pessoas que vivem com HIV. De acordo com a investigação feita na base de dados não foram encontrados publicações disponíveis da Região Norte do Brasil que abordassem o tema proposto durante os últimos 10 anos, denotando a necessidade de novas pesquisas na região sobre a temática. Considerações finais: Desta forma, conhecer a percepção das mulheres que vivem com HIV em relação a uma futura gestação se torna imprescindível para que as equipes de profissionais de saúde reconheçam a importância da escuta atenta na abordagem da mulher que vive com HIV, tanto do ponto de vista clínico quanto do ponto de vista psicossocial. Em virtude dessas particularidades, é necessário um modelo assistencial que valorize os sentimentos expressados por essas mulheres, no que se refere ao desejo de ser mãe. Possibilitando assim, uma escuta atenta por parte dos profissionais, para que possam compreender os sentimentos, os medos, as angústias e as necessidades das mesmas. Visto que, o aprendizado do profissional é constante, faz-se necessário o investimento na formação, capacitação e educação continuada e permanente, que abranja o planejamento familiar direcionado às mulheres que vivem com HIV e que tem o desejo de engravidar. Além de assegurara integralidade na atenção à saúde de mulheres que vivem com HIV, a partir do seu acolhimento na unidade de saúde. Portanto, faz-se necessário que toda a equipe obtenha o conhecimento adequado para atender essas mulheres,garantindo seu direito e orientando quanto a uma gestação segura, tanto para a mulher, como para a criança, bem como tirar suas dúvidas, diminuindo assim a probabilidade de transmissão vertical.

Palavras-chave


mulheres HIV; gestação e HIV; educação continuada e permanente