Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-04-23
Resumo
Apresentação: As residências multiprofissionais, regulamentadas no ano de 2005 pela Lei n° 11.129, são norteadas pelas diretrizes e princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e se utilizam de estratégias de educação permanente, baseando-se nas especificidades locais para as diversas áreas da saúde com o objetivo de formar profissionais que atuem de maneira diferenciada no SUS, com a construção de novos saberes e a desconstrução de práticas antigas de saúde. A multiprofissionalidade é uma das estratégias do sistema de saúde, focada na prática integrada e articulada entre as profissões do setor saúde para garantir uma integralidade do cuidado efetiva. No âmbito da Estratégia de Saúde da Família (ESF), as residências têm um papel formador e de qualificação de profissionais de saúde para o trabalho na lógica de mudança do modelo de organização da atenção básica. Nesse processo formador é de grande relevância a inclusão das práticas de gestão para a formulação de ações e políticas de saúde, bem como, à coordenação do processo de trabalho de equipes de saúde da família. Objetivo: Pretende-se relatar experiência vivida por residente em odontologia de saúde da família junto à coordenação do distrito administrativo do Guamá (DAGUA) e ao Departamento de Ações em Saúde (DEAS) da Secretaria Municipal de Saúde de Belém do Pará (Sesma). Descrição da Experiência: A coordenação distrital é responsável por supervisionar e apoiar o serviço e processos de trabalho nas Unidades de Saúde da Família (USF). Para a gestão de saúde, a cidade de Belém é dividida em distritos sanitários. O DAGUA possui as Unidades Básicas de Saúde (UBS) nos bairros da Côndor, Terra Firme, Jurunas, Guamá e Cremação e as seguintes USF: Combú; Radional; Riacho Doce; Terra Firme; Côndor; Parque Amazônia I e II. Todas as UBS possuem consultório e atendimento odontológico e entre as USF, somente a Radional possui equipe de saúde bucal. Nesse contexto, as atividades desenvolvidas durante a vivência de três meses na coordenação distrital, que envolveram a coordenação, supervisão e avaliação das equipes de saúde da família, foram as seguintes: participação em visitas técnicas nas USF, momento no qual são avaliados o desempenho dos serviços e o processo de trabalho de todos os profissionais das unidades, apontando-se os aspectos que devem ser melhorados, além disso, são realizados levantamentos das pendências que podem ser solucionadas com o apoio da coordenação distrital; participação e colaboração em reuniões distritais realizadas mensalmente que são espaços de integração e diálogo da coordenação do distrito com as equipes e dos profissionais das equipes entre si, visando à realização de discussões a cerca das dificuldades e êxitos vivenciados pelas equipes, além disso, nesses encontros são divulgadas notas técnicas de instâncias superiores, novas portarias, campanhas e eventos de capacitação e qualificação das equipes; acompanhamento do fechamento mensal do boletim de frequência pessoal dos funcionários das USF do DAGUA, com a presença de membros das equipes, momento no qual avalia são avaliadas a assiduidade e frequência dos profissionais que compõem as equipes de saúde do distrito; participação na elaboração de memorandos e pareceres; elaboração de material didático instrucional de saúde bucal para serem utilizados campanhas e eventos realizados nas unidades; elaboração, programação e participação em ações campanhas específicas de promoção e prevenção na área de saúde bucal para as comunidades e USF; elaboração de respostas às demandas judiciais; revisão e atualização de protocolos e fluxos assistenciais de saúde bucal do município de Belém; participação em capacitações (cursos e oficinas) desenvolvidas para gestores pela Sesma; participação em reuniões da comissão de integração ensino-serviço; participação em atividades do PET-GraduaSUS de enfermagem e odontologia, coorientando alunos de graduação a cerca do processo de gestão, bem como, realizando articulações entre os gestores de unidades e os tutores do PET; diálogo com os demais setores da secretaria de saúde para conhecimento mais aprofundado da rede de atenção à saúde no município; participação na elaboração e organização de capacitações das equipes de saúde com relação as etapas do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ); participação de debates nas pré-conferências municipais de saúde. Todas as atividades foram desenvolvidas com a participação multiprofissional, da preceptoria, demais profissionais da Sesma e residentes deste e outros Programas de Residência Multiprofissionais. Resultados e/ou impactos: Neste período de vivência conseguiu-se participação e envolvimento nos processos decisórios relacionados à gestão municipal de saúde. Houve importante troca de conhecimentos e aprendizado, bem como, integração multiprofissional com a preceptoria e com os demais profissionais da Sesma e da residência. Por parte dos profissionais da secretaria, percebeu-se maior compreensão da importância da integração ensino-serviço proporcionada pela presença da residência nos serviços e na gestão de saúde. Além disso, houve interação com a comunidade e equipes de saúde da família, com a relevante participação nos processos decisórios que afetam diretamente o processo de trabalho dessas equipes. A gestão municipal de saúde, com o apoio estadual e federal, é fundamental para a garantia do acesso aos serviços de saúde pela população. Dessa maneira, investir na formação e qualificação de profissionais, por meio de Programas de Residência Multiprofissionais em Saúde da Família, tornando-os capazes para trabalhar e lidar com os desafios que envolvem as atividades de gestão de saúde é essencial para que os serviços sejam ofertados com melhor qualidade, seguindo os preceitos do SUS. Considerações finais: Observamos que os objetivos propostos para essa vivência foram alcançados. Nesse período de experiência a residente pode se deparar com diversas situações positivas e negativas que cercam a gestão de serviços de saúde no âmbito da atenção básica. Os grandes desafios encontrados durante essa experiência na gestão foram: lidar com as questões políticas e de articulação que caracterizam a gestão em saúde no município de Belém; a administração do trabalho em equipe e fazer com que a comunicação flua de maneira satisfatória entre as categorias profissionais. A preceptoria dedicada e comprometida foi fundamental para o melhor aproveitamento da vivência e para que o processo de aprendizagem fosse viável e bastante proveitoso. Trabalhar com a programação de ações em saúde baseada de maneira mais aprofundada nos perfis de saúde das comunidades e nos indicadores de saúde, seria um incremento para a melhoria da vivência dos residentes no campo de prática da gestão em saúde.