Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-19
Resumo
Apresentação: A hidradenite supurativa é uma doença inflamatória crônica com prevalência entre 1 e 4% da população europeia, predominantemente em mulheres, no qual possui características recorrentes e debilitantes. A patogênese envolve a oclusão folicular com lesões dolorosas nas áreas de glândulas apócrinas, comumente nas regiões axilares e inguinais, também fatores genéticos, ambientais e imunológicos estão relacionados às causas da doença. O diagnóstico é predominantemente clínico e a abordagem terapêutica tem por conduta medidas não farmacológicas, essencialmente através da promoção de um estilo de vida saudável, agentes tópicos, retinoides, anti-inflamatórios, antibióticos e, por fim, intervenção cirúrgica. Não há consenso sobre o tratamento ideal, pois os resultados são variados e o aspecto estético após o procedimento é geralmente desfavorável. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de caso. A pesquisa foi realizada em uma instituição hospitalar pública, no município de Santarém-PA, no setor de clínica médica, durante as aulas práticas da disciplina de Doenças infecciosas e parasitárias com os acadêmicos de bacharelado de enfermagem do 8º período da Universidade do Estado do Pará (UEPA), campus XII, realizado em outubro de 2017. Para análise do caso houve o acesso ao prontuário da cliente e a aplicação dos cuidados de enfermagem, fazendo-se uso da sistematização da assistência de enfermagem (SAE), seguindo a taxonomia North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), após prévia autorização de acesso ao prontuário. Foram obedecidos os aspectos éticos da pesquisa, de acordo com a resolução 466/12. Resultados e/ou impactos: A.C.S.M., 30 anos de idade, sexo feminino, solteira, sem filhos, natural e procedente de Santarém-PA, Bairro Prainha, professora de Inglês. Histórico pessoal: paciente relata que no mês de dezembro de 2006 apresentou nódulo na axila esquerda com crescimento lento e pouco doloroso, que após esforço fistulou com saída de secreção purulenta acompanhado de dor forte, realizando drenagem na unidade básica, porém manteve secreção e nódulos axilares bilateralmente. Em junho de 2016, surgiram adenomegalias na região inguinal com secreção de característica serosa. Relatou perda de peso, cerca de 20 quilos nos últimos 6 meses com hiporexia, sintomas depressivos, sem tratamento, com manutenção do quadro e alterações no hábito intestinal com defecação a cada 6 dias, tosse seca intermitente e sensação de febre nas últimas semanas, dispneia e queda de cabelo. Negou alergias, diabetes mellitus, hipertensão arterial e cardiopatias. Nunca teve contato com pacientes portadores de tuberculose. Relatou não ter tido internações prévias e que manteve relações sexuais protegidas nos últimos 10 anos, também informou uso de perfurocortante (manicure) sem conhecimento da higienização. Não fez uso de drogas intravenosas. História familiar: diabetes mellitus e esquizofrenia na família. Aos exames complementares, apresentou no resultado do hemograma completo anemia e plaquetose, enquanto na ultrassonografia axilar foi demonstrado abscessos subdérmicos em axila esquerda. A paciente foi admitida na clínica médica da instituição hospitalar do município no dia 21 de setembro de 2017 e segue aos cuidados multiprofissionais, aguardando procedimento cirúrgico de plastia. Os diagnósticos de enfermagem e prescrição foram: Risco de infecção relacionada aos procedimentos cirúrgicos e invasivos, com o objetivo de prevenir a infecção, os cuidados foram examinar a condição da incisão cirúrgica e cateteres a cada 15 minutos na primeira hora e sucessivamente a cada 30 minutos; monitorar sinas e sintomas de infecção (edema, hiperemia, calor, rubor, hipertermia); higienizar as mãos com gel alcoólico antes e depois de cada procedimento, realizar desinfecção com álcool a 70% nos dispositivos endovenosos (equipo, bureta), antes de administrar medicações; utilizar técnica asséptica para punção venosa e em outros procedimentos em que seja pertinente. Dor aguda relacionado à evidência observada de dor verbal, a partir desse DE, as prescrições foram avaliar características, intensidade e local da dor; aplicar escala numérica de dor ou outra escala pertinente; considerar escore de dor relatado pelo paciente; avaliar alterações de sinais vitais (pressão arterial, temperatura, frequências cardíaca e respiratória); administrar analgésicos conforme prescrição médica; reavaliar dor após administração da medicação; oferecer informações sobre a dor; reduzir ou eliminar os fatores que precipitem ou aumentem a experiência de dor e ensinar princípios de controle da dor. O DE Integridade da pele prejudicada relacionada ao rompimento da superfície da pele evidenciado por lesão axilar, teve como assistência propiciar a recuperação adequada da pele, através da avaliação de condições da incisão cirúrgica, condições do curativo, presença de sinais flogísticos (dor, calor, rubor, edema) em incisões cirúrgicas e em locais de inserção de sondas, drenos e cateteres e monitorar a temperatura da pele do paciente. Também foi trabalhado o Risco de baixa autoestima situacional relacionado a distúrbio na imagem corporal, tendo por intervenções escutar atentamente a paciente; encorajar a verbalização de sentimentos, percepções e medo; estimular a socialização com participação em grupos específicos de autoajuda e incentivar a prática do autocuidado. O diagnóstico Controle ineficaz do regime terapêutico relacionado ao déficit de conhecimento evidenciado em falha para reduzir fatores de risco, tendo por resultados esperados a realização de escolhas apropriadas de atividades diárias, apresentar sintomas da doença dentro de uma variação normal de expectativas e verbalizar intenção de reduzir fatores de risco de progressão da doença e de suas sequelas, no qual o profissional de enfermagem deve orientar sobre o que a paciente pode esperar da clínica da patologia; determinar o conhecimento da paciente sobre a condição e as necessidades terapêuticas e conversar sobre os recursos atuais utilizados pela paciente. Considerações finais: A hidradenite supurativa é uma patologia pouco comum que requer cuidados especiais alcançados a partir dos diagnósticos de enfermagem e condutas empregadas, objetivando oferecer maior segurança e conforto ao paciente, havendo um progresso na melhora do quadro, evidenciado pelo relato da satisfação durante o período de internação quanto ao alívio da dor, conscientização acerca da terapêutica, estabilização dos sentimentos de autoimagem e colaboração na dieta hipocalórica. A pesquisa possibilitou a observação da falta de estudos voltados para a temática, o que requer maior participação da enfermagem nos fundamentos bibliográficos. Assim, é perceptível a importância da equipe enfermagem no trabalho embasado pela sistematização da assistência que influencia diretamente na qualidade de vida do cliente, utilizando métodos científicos de educação em saúde como fundamento para o autocuidado e esclarecimento dos pacientes, indispensáveis na recuperação e reabilitação destes.