Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Educação Popular, o despertar da comunidade
Márcia Geandra Mazzui Tanaka

Última alteração: 2018-01-11

Resumo


Márcia Geandra Mazzui Tanaka¹

Elisângela Silveira²


¹Centro Universitário Leonardo da Vinci, Estagiária de Serviço Social, Hospital de Alvorada, Alvorada, RS, Brasil;

²Hospital de Alvorada, Assistente Social, Alvorada, RS, Brasil;

E-mail: marciamazzuitanaka@gmail.com



Síntese: Este projeto expõe o desafio de revitalizar a praça do hospital de Alvorada sem a disposição de recursos financeiros sendo elaborado em conformidade com a Política Nacional de Educação Popular (PNEP-SUS/2013), através da metodologia participativa. Para isto, foi necessário observar os fundamentos dos processos educativos pautados no diálogo, humanização, conceito de sujeito total e ser humano integral além das matrizes pedagógicas. Este projeto fala de comunidade, educação, inclusão, participação social e sustentabilidade utilizando a praça como cenário principal. Para que a mudança aconteça, basta haver atores sociais dispostos a aderir e promovê-la, neste caso, nossos valorosos voluntários. Por se tratar de um projeto de construção coletiva continuada, não há como prever se as demandas apontadas no momento destas intervenções terão a mesma relevância em um futuro próximo, porém algo é sabido e certo: A preservação do meio em que vivemos é primordial para nossa saúde física e mental, portanto este projeto estimula o cuidado permanente deste lugar.

Palavras-chave: educação popular; inclusão; participação social; sustentabilidade;



INTRODUÇÃO

Este trabalho surgiu através da elaboração de um projeto de intervenção acadêmica que deveria contemplar as necessidades identificadas na análise institucional. A praça do hospital é uma área cercada de árvores, sem bancos ou qualquer outra estrutura física, estava tomada pelo lixo e habitada por moradores de rua.

Os recursos humanos consistem nos usuários do SUS e moradores do bairro, queremos fortalecer este sentimento de pertença, intervindo e modificando a estrutura física deste território, despertando a consciência coletiva mostrando que o mesmo indivíduo que produz lixo pode modificar o meio em que vive através de ações educativas rompendo com esta prática.

Através desta leitura foi necessário criar um plano de ação; para isto observamos a praça e o entorno traçando uma linha imaginária de um quarteirão identificando as principais referências deste território.


MÉTODOS

Com o método definido foi possível elaborar os próximos passos, para isto convidamos alguns moradores para uma reunião onde apresentamos a proposta deste projeto. A segunda reunião ocorreu aproximadamente vinte dias após esta mobilização no salão da igreja Santa Clara, começamos as apresentações aplicando uma dinâmica visando fomentar o compromisso com o grupo que estava se formando. Logo após nos deslocamos até a praça, onde o grupo concluiu que o ideal seria realizar um mutirão de limpeza, porém apontou que havia a necessidade de instalar lixeiras, visto que não havia nenhuma no local.

Duas semanas após o primeiro contato com a praça, o grupo condutor realizou o primeiro mutirão de limpeza o qual resultou em seis sacos grandes de lixo; na semana seguinte, o grupo se reuniu com o objetivo de instalar floreiras, confeccionadas com pneus. O morador de rua que ocupa a figueira central se juntou ao grupo e seguiu auxiliando nos mutirões seguintes.

O hospital firmou parceria com as secretarias de desenvolvimento social e meio ambiente visando alcançar recursos de emenda parlamentar e/ou outras formas de financiamento através destas. A secretaria de desenvolvimento social assinalou a existência de um projeto anterior da praça o qual tínhamos conhecimento, porém, este não contempla as necessidades nem os interesses atuais tão pouco faz menção ao aspecto social, o qual estamos trabalhando.


RESULTADOS

Este projeto despertou o interesse de profissionais de outras áreas (sociologia, psiquiatria, psicologia, pedagogia, arquitetura...) devido aos múltiplos aspectos trabalhados; entre eles a saúde mental há participantes esquizofrênicos, dependentes químicos, transtorno de ansiedade, depressão, entre outros; a inclusão social através de identidades estigmatizadas como moradores de rua, idosos, pessoas com deficiências e/ou altas habilidades desenvolvendo a comunidade através do fortalecimento deste território.

Promovemos a diversidade e a "tolerância" religiosa pautadas no respeito e diálogo; o grupo tem formato aberto, porém há condutores que promovem novas ações multiplicadoras em suas redes utilizando os princípios desta política.


DISCUSSÃO

Romper o ciclo do lixo instituído pelos frequentadores deste lugar é um processo permanente de educação. Quando um indivíduo se dispõe a fazer algo em benefício do coletivo, esta ação motiva quem está ao redor resultado disto foi a adesão de pacientes e trabalhadores do comércio local, que passaram a integrar o projeto.

Através da rede de relações de um dos membros do centro espírita, recebemos o zoneamento da praça através de um acadêmico de arquitetura; a garantia de participação ativa na tomada de decisões e sobre tudo a transparência nas ações é fundamental, pois através desta articulação o acadêmico conseguiu captar todas as demandas apontadas pelo coletivo fazendo uma única visita ao local utilizando como referência a narrativa fiel das atividades.

O projeto ganhou outra dimensão através de um jornal local que deu visibilidade às ações desenvolvidas pelo grupo. Reunimos o grupo condutor onde a primeira versão do projeto foi apresentada através de uma análise coletiva destas ações. Logo após o grupo seguiu para outra atividade junto aos demais voluntários. Começamos as atividades com uma roda de apresentações, onde ouvimos a fala do católico, espírita, evangélico, representantes de povos de terreira, ateu, morador de rua, branco, negro, criança, esquizofrênico, idoso, analfabeto, letrado, em consonância como se fosse uma grande orquestra regida pelas mãos de Deus, está muito além da nossa vã filosofia.


CONCLUSÕES

Enquanto profissionais do serviço social, que historicamente lutam pela garantia de direitos sociais, pela universalidade, integralidade ter a oportunidade de observar em um mesmo grupo toda esta diversidade cultural e religiosa, cremos que é algo que somente a educação popular pode proporcionar.

Este projeto foi submetido e aprovado pela banca da segunda mostra de ensino e pesquisa do Instituto Federal (II MEPEx) que tinha como tema “Saúde, educação, cultura e inclusão: olhares sobre territórios”. A apresentação ocorreu na primeira semana de novembro, indo de encontro com um dos objetivos do projeto que é o de disseminar o EdPop-SUS inserindo e readequado em novos territórios, sempre observando os princípios desta política.

Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes (Freire, 2000).

Pretendemos levar este projeto a outras comunidades, adequando ao seu contexto social trabalhando a questão do lixo e desenvolvimento sustentável além de todos aspectos aqui relacionados.


AGRADECIMENTOS

Agradeço à mestra Elisângela Silveira pela generosidade e confiança, por orientar meu voo. À direção do Hospital pela acolhida, a cada um dos voluntários que embarcaram neste projeto, minha família pela compreensão e à minha tutora Ivete Cruz por ter me preparado para esta caminhada.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

II Caderno de educação popular em saúde/Ministério da Saúde, Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. Departamento de Apoio à Gestão Participativa. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.







Palavras-chave


Educação popular; inclusão social; sustentabilidade.