Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA EM COMUNIDADES RURAIS E RIBEIRINHAS DE NOVA OLINDA DO NORTE – AMAZONAS
Última alteração: 2017-12-20
Resumo
INTRODUÇÃO. A falta de acesso à água tratada para uso e consumo está fortemente associada à ocorrência de várias doenças intestinais (amebíase, giardíase, ascaridíase, hepatite A, gastroenterites). Essa situação é agravada pela falta de destino adequado do esgoto e de outros cuidados de saneamento do meio ambiente onde se vive e trabalha. OBJETIVOS. Identificar a proporção de domicílios com casos de parasitoses e diarreia e analisar a relação dessas doenças com a situação do domicílio (rural vs ribeirinho) e com o tipo de abastecimento de água (rede/encanada vs rio/poço aberto/outras fontes) em comunidades rurais e ribeirinhas. MÉTODO. Recorte do estudo macro “determinantes de saúde materno-infantil em populações rurais e ribeirinhas no Amazonas”, realizado em parceria com quatro instituições (Instituto para o Desenvolvimento de Investimento Social, Universidade do Estado do Amazonas, Secretaria de Saúde do Amazonas e a Prefeitura de Nova Olinda do Norte). Estudo observacional, transversal, conduzido em cinco comunidades rurais e ribeirinhas de Nova Olinda do Norte(AM). Os dados foram obtidos por meio de entrevista conduzida com um informante adulto (responsável pelo domicílio). A identificação de casos de parasitoses e diarreia foi feita com as seguintes perguntas: “no último ano, algum adulto da família foi ao médico (UBS/Hospital) para tratar diarreia (sim/não)?”. E, “no último ano, algum membro da família teve diagnóstico médico de áscaris, giárdia, ameba (sim/não)?” Foram realizadas análises descritiva e de associação, utilizando o teste de X² de Pearson, com nível de confiança de 95%. RESULTADOS. Fizeram parte do estudo 155 domicílios (ribeirinhos=84, 55,3%; rurais=68, 44,7%). Do total, 23 (14,8%) tinham acesso a água encanada (rede) e em 132 (85,2%) a água era extraída de poço no quintal/rio/outro. A proporção de domicílio/família com pelo menos um caso de diarreia foi de18% (n=27 famílias) e com pelo menos um de seus membros com parasitose foi de 57,4% (n=89 famílias). Destas, (n=89), 83% teve pelo menos um de seus membros com ascaridíase, 50,5% com ameba e 9% com giárdia. A análise de associação mostrou que a proporção de parasitoses em geral foi maior entre famílias ribeirinhas (p=0,2), não houve diferença significante para a ocorrência de diarreia e a diagnóstico de parasitoses específicas (p≥0,5). As famílias que retiram água de cacimbas (poço), rios e outras fontes tiveram maiores proporções de casos diarreia (92,8%) e de diagnóstico de parasitoses (89,8%) em relação às famílias com acesso a água encanada (rede), p=0,2 e p=0,05, respectivamente. CONCLUSÃO. Em outras análises foi observado que não há diferença proporcional quanto aos padrões de renda e escolaridade entre ser ribeirinho e rural. Assim, a maior frequência de doenças de veiculação hídrica entre as famílias ribeirinhas pode estar relacionada à dificuldade para manter, mesmo de forma rudimentar, “tecnologias” de destino dos dejetos e de tratamento da água para consumo. Isso requer do poder público estratégias de identificação das dificuldades e encaminhamento de propostas de solução.
Palavras-chave
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE; PREVALÊNCIA DE PARASITOSES; POPULAÇÕES RIBEIRINHAS; SAÚDE EM ÁREA RURAL.