Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-20
Resumo
APRESENTAÇÃO
Informações sobre comportamentos que favoreçam a proteção e manutenção da saúde dos educandos chegam a todo momento, porém, segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s, estas informações se mostram insuficientes para estes fins, então, cabe à Educação Física Escolar lidar com conhecimentos conceituais, atitudinais e processuais da cultura corporal de movimento, para auxiliar na educação para uma vida ativa (BRASIL, 1998).
Neste sentido, a Educação Física pode colaborar com o universo de práticas sociais que motivem os indivíduos a perceberem os benefícios de se ter uma vida ativa, sendo importante que as aulas ofereçam motivação e sejam prazerosas aos alunos, para que possam internalizar tais motivações para sua vida cotidiana e, desta forma, melhorar as condições físicas relacionadas à saúde (TESSELE NETO, 2012).
Assim, o objetivo deste trabalho foi verificar se a motivação nas aulas de Educação Física possui influência no desenvolvimento dos hábitos de vida ativa de escolares do ensino médio de uma escola pública do município de Santarém/PA. Tendo como objetivos específicos: identificar o perfil sociodemográfico dos participantes; verificar quais são os hábitos de vida ativa dos escolares; identificar se as motivações para participar das aulas de Educação Física possuem relação com os hábitos de vida ativa dos educandos; e, levantar o perfil de aptidão física relacionada a saúde dos escolares.
METODOLOGIA
Esta pesquisa seguiu uma abordagem quantitativa, caracterizada como estudo de caso. Foi realizada em uma escola pública do município de Santarém/PA, com alunos do 2º e 3º anos do ensino médio, de 14 à 28 anos, totalizando 494 alunos.
Os dados sobre perfil sociodemográfico e hábitos de vida ativa, foram coletados por meio de questionário estruturado e elaborado pelos pesquisadores. Para identificar as motivações sobre participação nas aulas, foi utilizado o questionário de Kobal (1996), que avalia as motivações intrínsecas e extrínsecas nas aulas de Educação Física.
E para levantar o perfil de aptidão física relacionada à saúde utilizou-se o manual de testes e avaliação do Projeto Esporte Brasil, PROESP-Br, Versão 2016. Os testes foram aplicados em 79,8% da amostra, com idades entre 14 e 17 anos, por conta do limite de análise do PROESP-Br (GAYA; GAYA, 2016).
Para análise da aptidão física, os dados foram comparados com as referências apresentadas pelo PROESP-Br, classificando a amostra em zonas de risco à saúde ou saudável. Após esse processo, os dados da aptidão física, juntamente com os dados do perfil sociodemográfico, hábitos de vida ativa, e motivação nas aulas, foram processados no software BioEstat 5.0, através de técnicas de estatística transformação e ordenação, para obtenção do percentual da amostra em cada questionário ou teste.
RESULTADOS
Com relação ao perfil sociodemográfico, 56,9% dos participantes são do sexo feminino, e 43,1% dos participantes são do sexo masculino. Foi identificado que 95,1% possuem idades entre 14 e 18 anos, e 79,9% da amostra possui o estado civil solteiro. Com relação ao nível socioeconômico, a maioria, 37%, possui renda entre 1 e 2 salários mínimos. E apesar da escola estar localizada na zona urbana do município, existe uma parcela de 11,4% de alunos que residem na zona rural.
Referente aos hábitos de vida ativa, 84,4% dos alunos participam das aulas, e apenas 15,6% não participam. Sendo que 88,6% dos alunos praticam alguma atividades física, constatando-se que a maioria não se encontra em um estado de total inatividade. Revelou-se que 54,4% da amostra pratica algum tipo de esporte fora da escola, sendo o futebol mais citado. 28,1% da amostra afirmou praticar exercícios de força, enquanto que 59,3% afirmaram praticar exercícios aeróbicos, logo, estes são mais praticados que os exercícios de força.
Quanto à motivação intrínseca para participar das aulas, a maioria dos alunos concordou com o item “Acho importante aumentar meus conhecimentos sobre esporte e outros conteúdos”, porém, se as aulas de Educação Física possuirem caráter esportivista, os alunos podem ser desmotivados para tal (SILVA, 2012). Já a discordância apareceu no item “As aulas me dão prazer”, infere-se então que os alunos não sentem satisfação ao participarem das aulas, pode-se agregar isto a falta de significado destas aos alunos.
Na motivação extrínseca, obteve-se como concordância o item “Preciso tirar boas notas”, assim, os alunos estão motivados à participar das aulas para aumentar suas médias na escola. Como discordância, destacou-se o item “Meu rendimento é melhor que o dos meus colegas”, logo, os alunos não buscam se sobressair diante de seus colegas nas aulas.
Sobre os dados de aptidão física na zona saudável, as meninas apresentaram, 46,1% na RCE, 37,7% na flexibilidade, 27,2% para resistência muscular localizada, 39,2% para IMC, e 13,4% para aptidão cardiorrespiratória. Já os meninos demonstraram, 59,2% na RCE, 44,2% no IMC, 40,2% na aptidão cardiorrespiratória, 38,8% na flexibilidade, e 32,2% na resistência muscular localizada.
Os dados de ambos os sexos se mostram positivos, pois a maioria está saudável pelos indicadores utilizados. Então, estes indivíduos mostram-se ativos, contribuindo para a manutenção da sua saúde.
Na zona de risco à saúde, as meninas apresentaram 34,8% na aptidão cardiorrespiratória, 19,2% na resistência muscular localiza, 9% na flexibilidade, 8,3% no IMC, e 0% na RCE. Os meninos demonstraram 21,4% na resistência muscular localizada, 14,5% na flexibilidade, 11,6% na aptidão cardiorrespiratória, 8,3% no IMC, e 1% na RCE.
Mesmo com a maioria dos escolares apresentando dados positivos, ainda há uma boa parcela da amostra na zona de risco à saúde, e para estes deve-se promover programas que objetive melhorar sua aptidão física.
CONCLUSÃO
A respeito da motivação, infere-se que a motivação intrínseca possui mais relação com os resultados sobre hábitos de vida ativa dos alunos, do que a motivação extrínseca, considerando que os alunos participam das aulas para aumentar seus conhecimentos sobre esporte e outros conteúdos, e que os esportes mais praticados fora do ambiente escolar são os mesmos praticados nas aulas, revelando que as aulas acabam influenciando essas práticas esportivas.
Sobre o perfil de aptidão física relacionada à saúde, a maioria se mostra saudável o que pode ser atribuído a faixa etária dos educandos, propícia para o melhor desempenho, além de sua participação em atividades físicas dentro e fora da escola, porém se tem uma parcela considerável na zona de risco à saúde, o que é preocupante nesta fase, assim fomenta a necessidade dos mesmos aderirem a um estilo de vida mais ativo e serem orientados e motivados para tal.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GAYA, Adroaldo; GAYA, Anelise Reis. Projeto Esporte Brasil: manual de testes e avaliação. Porto Alegre: UFRGS, 2016.
KOBAL, Marília Corrêa. Motivação intrínseca e extrínseca nas aulas de Educação Física. Campinas: Universidade de Campinas, 1996. 176 f. Dissertação de Mestrado em Educação Física, Campinas, 1996.
TESSELE NETO, Leo José. A participação nas aulas de Educação Física no ensino médio: motivações intrínsecas e extrínsecas. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Trabalho de Conclusão de Curso - Curso de Educação Física, Porto Alegre, 2012.
SILVA, Francimar Ramos da. Níveis de motivação de escolares nas aulas de Educação Física na cidade de Candeias do Jamari – RO. Rondônia: Fundação Universidade Federal de Rondônia, 2012. 49 f. Monografia de Graduação – Curso de Educação Física, Rondônia, 2012.