Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO ÉTICO NA CLASSIFICAÇÃO DE RISCO EM UMA UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO DE BELÉM: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Ewerton Beckman dos Reis, Amanda Nunes Pinheiro, Juliana Rosário de Moraes, Raquel de Cássia dos Santos Almeida, Tayná Esteffane Silva Almeida, Daniela Maria Nantes Boução

Última alteração: 2017-12-15

Resumo


Introdução: as Unidades de Pronto Atendimento (UPA’s) são principais portas de entrada para usuários do SUS em atendimentos de Urgência e Emergência, devido a isso a superlotação é um problema frequente, o que acaba levando os profissionais a mecanizar e acelerar o atendimento, principalmente na classificação de risco, muitas vezes resultando em situações que agridem o código de ética da enfermagem, onde no art. 5º diz “Exercer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, competência, responsabilidade, honestidade e lealdade.”. A partir disso, percebe-se a importância de um acolhimento ético, de um olhar humanizado e a resolutividade no atendimento ao paciente na classificação de risco. Durante o estágio curricular obrigatório, em uma unidade de pronto atendimento de referência a urgência e emergência em Belém, que ocorreu no período de 04 a 13/09/2017, os acadêmicos de enfermagem tiveram a oportunidade de vivenciar e praticar as atividades realizadas pelos enfermeiros em uma UPA, percorrendo e realizando assistência de enfermagem nas diversas áreas de atenção da unidade. Adquirindo aprendizado e experiência para sua capacitação profissional. Através da experiência vivenciada e observada, notou-se a importância da ética na assistência, principalmente no setor de classificação, onde é necessária a humanização e eficácia no atendimento ao paciente. O trabalho tem como objetivo abordar a partir de um olhar assistencial e humanístico as ações da equipe de enfermagem dentro da classificação de risco de uma Unidade de pronto atendimento. Descrição da experiência: para a realização desse estudo optou-se por uma abordagem qualitativa, descritiva, tipo relato de experiência, vivenciado por discentes do curso de graduação em enfermagem da Universidade do Estado do Pará, Campus Belém durante o estágio curricular obrigatório da disciplina enfermagem em Urgência e Emergência, no período de 04 a 13 de Setembro de 2017. Primeiramente, observou-se a atuação dos profissionais de enfermagem na Unidade de Pronto Atendimento em suas diversas atividades, no entanto, a problemática abordada foi vivenciada pelos acadêmicos no setor de Classificação de Risco da unidade. Nesse setor, o atendimento com classificação de risco destina-se a todos os usuários que procuram os serviços de urgência/emergência pelo SUS. Dispõe de uma equipe multiprofissional, cada um contribuindo de acordo com sua função para a eficácia do processo. Ao chegar à unidade o usuário era recebido primeiramente pelos recepcionistas, onde era identificado e orientado a aguardar, para ser classificado de acordo com o risco, Em seguida, era encaminhado para a sala onde seria feita a classificação, que devido à grande demanda de pacientes, era muito rápida, em média 5 minutos. Observou-se que devido a superlotação e agitação dos usuários da unidade, o profissional não dava atenção suficiente às queixas dos pacientes, o atendimento tornava-se mecanizado, pois o profissional responsável acabava por não realizar muitos dos procedimentos básicos, porém importantes, como examinar o paciente, verificar sinais vitais, tudo resumia-se em preencher dados no sistema e encaminhá-lo para atendimento com o médico. Notou-se também uma falha na integração da equipe multiprofissional, onde muita das vezes pequenos problemas tornavam se maiores por falta de uma simples conversa ou com uma informação correta, causando transtornos para o paciente, e atrasando o atendimento aos outros usuários que ali aguardavam. Esses fatores acabam desvalorizando o trabalho do enfermeiro, que é de suma importância para o funcionamento do serviço, que está na linha de frente como responsável pela classificação e por direcionar o atendimento dos pacientes de acordo com a sua prioridade, haja vista que a classificação busca a melhoria do atendimento e do fluxo da unidade. Na classificação de risco, procede-se a entrevista com o usuário, buscando saber os motivos que o levaram a procurar o serviço de saúde. A atuação do enfermeiro no acolhimento possibilita o gerenciamento das UPAS, contribuindo para a melhoria na qualidade do atendimento e garante o acesso do paciente diminuindo o tempo de espera. É um trabalho que exige grande responsabilidade, capacidade e qualificação profissional, visto que o enfermeiro baseado em dados clínicos colhe informações objetivas e subjetivas, e assim de maneira rápida e eficaz decide qual a melhor conduta a ser tomada. Resultados: Acolhimento é uma diretriz da Política Nacional de Humanização (PNH), que não tem local nem hora certa para acontecer, nem um profissional específico para fazê-lo, faz parte de todos os encontros do serviço de saúde. O acolhimento é uma postura ética que implica na escuta do usuário em suas queixas A classificação de risco é um dos instrumentos utilizados pela PNH para a prática do acolhimento e da humanização. Este acolhimento faz parte da rotina destes profissionais diariamente e deve ser mais que uma simples recepção, o profissional deve escutar as queixas, os medos, as expectativas e identificar os riscos e vulnerabilidades. A eficácia do atendimento oferecido depende da qualidade técnica com que ele é realizado e da interação entre o profissional e o usuário. Identificamos a necessidade da equipe de saúde discutir como está sendo feito este atendimento ao usuário em todas as etapas do processo e a partir disso verificar o que pode ser mudado para o paciente ser mais bem acolhido. O objetivo maior é a satisfação e o bem estar do paciente, e para tal devemos buscar melhorar a cada dia por meio da empatia e valendo-se de alternativas que possibilitem este acolhimento humanizado. Deve-se exigir mais qualificação técnica dos profissionais envolvidos a fim de proporcionar uma escuta qualificada, pois o enfermeiro deve estar disposto a dialogar e permitir que o paciente exponha suas necessidades. A humanização depende da capacidade de falar e de ouvir. Dessa forma havendo interação humanizada entre enfermeiro e paciente e uma postura solidária da equipe de saúde, haverá assistência de qualidade e valorização do paciente. Considerações finais: a classificação de risco é uma atividade que depende muito da experiência e da qualidade técnica do profissional enfermeiro que atua articulando o processo desde a entrada do usuário no serviço até o atendimento médico. Os resultados positivos como a ordenação do atendimento de acordo com a gravidade dos casos, aliados à prática do acolhimento humanizado, trarão uma mudança na percepção dos pacientes em relação à assistência prestada contribuindo para a mudança do foco que passará a ser centrado na pessoa e não mais na doença, humanizando o atendimento nas urgências. Cabe ao enfermeiro entender de maneira holística todos os mecanismos da Classificação de Risco e observar sua abrangência, considerando o fato de que não é apenas um local ou parte do atendimento, visto que ele é uma peça chave para o funcionamento eficiente e resolutivo deste serviço, sendo de sua inteira responsabilidade.

 


Palavras-chave


Classificação de risco; acolhimento; ética; Unidade de Pronto Atendimento;