Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-30
Resumo
Apresentação: o trabalho objetiva discutir vivências de práticas de Educação Popular em Saúde (EPS), realizadas com residentes de equipe multiprofissional das respectivas ênfases: saúde da família, saúde mental e saúde coletiva da Escola de Saúde Pública do Ceará, localizados em Tauá - CE. Desenvolvimento: A pesquisa se caracteriza como qualitativa descritiva e teve como base para análise, o diário de campo. A residência multiprofissional disponibiliza curso de EPS para os residentes, o qual ocorre uma vez ao mês em Fortaleza – CE, tendo início em maio de 2017, a partir desse período já ocorreram cinco módulos. Os ingressantes ao curso introduzem turno fixo de vivências e práticas de educação popular na agenda semanal dos demais residentes para que tenham acesso a este conhecimento. A partir disso, sugere-se a educação popular como tecnologia leve potencializadora para compreensão e aproximação da realidade das pessoas e de seus territórios, diálogo, prática reflexiva e valorização do saber da comunidade nas práticas cotidianas de saúde nos cenários de atuação profissional dos residentes. Em Tauá - CE três residentes fazem parte do curso, os quais são de diferentes ênfases: saúde mental, coletiva e da família. Estes realizaram doze encontros com todos os residentes, tais momentos foram permeados por práticas diferenciadas como ações integradas com o brincar, dança circular, filmes, caixa de afecções, entre outros. O trabalho continuará sendo realizado até o segundo semestre de 2018. Resultados: Diante do exposto, foi possível identificar na construção da agenda o primeiro desafio, pois a educação popular não foi compreendida como um lugar de importância no cenário de formação e prática, mas imposição colocada pela tutoria da residência. Por conseguinte, outros desafios surgiram ao longo do processo, o mais comum é substituir o encontro de educação popular por atividades consideradas mais relevantes ou urgentes como realizar trabalhos complexos. Desse modo, a ideia de manter agenda fixa para a vivência é abstrata para a maioria dos residentes. Outro ponto a ser considerado foi à predileção frequente por folgas tiradas no turno de educação popular. Em momentos de reunião em equipe foi relatado por alguns residentes o não entendimento da educação popular em saúde, a preferência por mais um turno de atendimento clínico e visitas domiciliares, apesar de vivências explicativas sobre educação popular. Estratégias foram tomadas para a concretização da atividade, pois se fez necessário defender turno exclusivo para a vivência e deslocar o turno de sexta à tarde para quinta de manhã. Considerações finais: Até o presente momento do curso foi perceptível resistência diante de práticas inovadoras, que fogem à zona de conforto do trabalho individual, com característica clínica, ambulatorial, centrada no espaço institucional. O entendimento de cuidado em saúde é visualizado de forma diminuta, sendo o saber popular negligenciado. Com base nisto, deve-se investir em atividades que fomentem a participação popular no processo de saúde e para isso se faz necessário sensibilizar os profissionais de saúde para a importância desse trabalho.