Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-25
Resumo
Apresentação: O presente estudo refere-se a uma experiência de trabalho interprofissional de residentes em saúde mental da Escola de Saúde Pública do Ceará, com grupo terapêutico em Centro de Atenção Psicossocial - CAPS, localizado no município de Tauá - CE. Desenvolvimento: O método utilizado foi o de pesquisação com base na observação dos coordenadores do grupo e nos seus registros em diário de campo, além de atividade produto dos participantes. O grupo teve início em setembro de 2017, por meio de encaminhamentos dos residentes e profissionais do CAPS, sendo a demanda agendada. Os encontros ficaram estabelecidos em período quinzenal e uma hora de duração. O grupo intitula-se “O corpo fala” e tem por finalidade valorizar as expressões corporais e verbais dos participantes, sendo o grupo um lugar para o autoconhecimento, a socialização, ao enfrentamento de estigmas sociais e acolhimento do ser humano e sua subjetividade holisticamente. A motivação para a criação do grupo foi à observância de uma prática predominante na clínica e a ausência de grupos terapêuticos enquanto ferramenta de cuidado. Este processo foi conduzido por profissional de educação física e terapeuta ocupacional residentes, ao longo do processo outros profissionais residentes e do serviço contribuíram com os momentos propostos, ocorrendo à colaboração interprofissional. Resultados: A partir do estudo realizado foi identificado que os usuários valorizavam os encontros e compareciam assiduamente, pois foi pontuado durante as atividades do grupo como um espaço dialógico, de interação entre os participantes (usuários e equipe profissional), de valorização das singularidades dos sujeitos e o sentimento de pertença. Foi proporcionado aos mesmos, estímulo à autoestima e a participação social, através das atividades elaboradas e reflexões acerca destas. Deve-se considerar também a colaboração interprofissional entre residentes de saúde mental e saúde da família, assim como profissionais do serviço como uma estratégia de fortalecimento das ações desenvolvidas, pois houve uma visualização por integrantes da atenção básica para a saúde mental e ampliação do olhar de cuidado dos profissionais do CAPS. Houve o reconhecimento da coordenação e dos profissionais do CAPS e deliberado sobre a continuação do grupo “O corpo fala” após a saída dos residentes do serviço em janeiro de 2018. Uma peculiaridade no grupo foi à participação conjunta dos familiares, que também necessitam de cuidado e acolhimento, foi demonstrado por estes o sentimento de gratidão e entusiasmo, sendo a participação da família solicitada pela mesma. Considerações finais: Ao longo do percurso do grupo os usuários se apropriaram do CAPS como um lugar de cuidado e acolhimento e não de doença e loucura. O sujeito foi colocado como o centro da intervenção e não o seu diagnóstico, foi valorizado os potenciais de vida e suas historicidades. O grupo contribuiu para o bem estar dos seus participantes e o enriquecimento dos serviços ofertados pela instituição, o qual funciona como uma importante estratégia de cuidado terapêutico nos serviços de saúde mental e enfretamento do estigma social da loucura.