Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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USO DE TECNOLOGIA DE COMUNICAÇÃO PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE: EXPERIÊNCIA UNIVERSITÁRIA EM UMA RÁDIO COMUNITÁRIA DE MANAUS
Daniele Moura Vinente, Ana Katia Pires Bandeira, Glenda de Oliveira Bandeira, Fabiana Sarmando Soares, Maria do Livramento Coelho Prata, Milaine Nunes Gomes Vasconcelos, Erica Patricia Azevedo Souza, Edinilza Ribeiro dos Santos

Última alteração: 2018-02-06

Resumo


INTRODUÇÃO. A Radiodifusão Comunitária foi criada pela Lei Nº 9.612/98 e regulamentada por Decreto (nº 2.615, de 3 de junho de 1998) e Portaria (nº 4334, de 17 de setembro de 2015) subsequentes. Uma Rádio Comunitária caracteriza-se por uma frequência modulada de baixa potência e de cobertura restrita; é outorgada a fundações e associações comunitárias, sem fins lucrativos, com sede na localidade de prestação de serviços. Sua finalidade é o atendimento à comunidade onde está inserida, visando a difusão de ideias, de elementos culturais (tradições e hábitos sociais da comunidade), a promoção e integração da comunidade (lazer, cultura, convívio social), a prestação de serviços de utilidade pública e outros benefícios para a comunidade. A Rádio Comunitária “A Voz das Comunidades 87,9 FM”, situada no bairro Armando Mendes e seu alcance abrange as zonas Norte e Leste de Manaus.  Essa emissora surgiu como resposta à necessidade de levar melhores condições de vidas às famílias menos favorecidas residentes nos bairros do entorno ao bairro Amazonino Mendes, ou seja, lideranças comunitárias identificaram que era necessário um meio de comunicação de para incentivar os moradores destas áreas a lutarem por seus direitos; para ser um espaço das comunidades e associações divulgarem suas atividades; para estimular, especialmente através da música, o lazer, o convívio social dentro da cultura Amazônica; para ser também um meio de prestação de serviços de utilidades pública, para que fossem atendidas as necessidades da população. Cabe também destacar que “A Voz das Comunidades 87,9 FM” foi a primeira rádio comunitária legalizada no Brasil (15 de julho de 2001). Consideradas a finalidade e abrangência da Rádio Comunitária “A Voz das Comunidades 87,9 FM”, há três anos (2014-2017) docentes e discentes da Universidade do Estado do Amazonas, com apoio do Programa de Extensão Universitária (PROGEX/UEA), apresentam um Programa de Promoção de Saúde com o nome de “A ONDA É TER SAÚDE”. Entendendo Promoção de Saúde no sentido proposto na Política Nacional de Promoção da Saúde, isto é, a capacidade de fomentar iniciativas e desenvolver ações que estimulem a adoção de comportamentos e estilos de vida saudáveis, abordando temas relativos às condições determinantes de saúde e doenças, ajudando a população com informações relativas ao desenvolvimento e manutenção de comportamentos saudáveis ao longo da vida. OBJETIVO. Relatar a experiência do programa “a onda é ter saúde” em uma Rádio Comunitária de Manaus com informações centradas na promoção de saúde. MÉTODO. É um relato de experiência. Semanalmente, na Rádio Comunitária “A Voz das Comunidades 87,9 FM”, é apresentado ao vivo o programa “a onda é ter saúde”. Fases da implantação: (1) elaboração de projeto (2) submissão e aprovação em instâncias internas da Universidade (PROGEX/UEA), (3) submissão e aprovação no âmbito da diretoria da Rádio Comunitária, (4) capacitação de docentes e discentes para uso de tecnologias de comunicação de massa (rádio), (5) implementação. Etapas de execução dos programas: (1) elaboração de um cronograma temático semestralmente, (2) agenda e convite de especialistas dos respectivos temas, sempre que possível (professores Universidade ou de outras instituições), (3) estudo e aprofundamento de cada tema, com formulação de perguntas, (4) elaboração de um roteiro para uma hora apresentação. Temas mais abordados: saúde da mulher, prevenção de doenças transmissíveis (dengue, zika, parasitoses, outras doenças), manutenção da saúde (saúde mental, atividade física, alimentação saudável), prevenção de DCNT (danos causados pelo tabagismo, alcoolismo e uso de outras drogas), promoção da cultura da paz (violência em geral, violência doméstica, violência conta a mulher), meio ambiente (destino adequado dos resíduos sólidos). Estratégias utilizadas (formato do programa): (1) uso de música previamente selecionada, (2) apresentação do tema e do especialista convidado, (3) estímulo à participação dos ouvintes com perguntas e comentários. RESULTADOS. Docentes e discentes envolvidas na condução dos programas destacam os seguintes aspectos resultantes da trajetória até a presente fase de implementação do projeto: (1) conhecimento das condições de vida de populações que vivem em áreas de vulnerabilidade social (2) integração de saberes entre academia e lideranças comunitárias, (3) conhecimento e uso de tecnologia da comunicação para dialogar sobre saúde com comunidades, (4) feedback positivo dos ouvintes (com perguntas ao vivo durante o programa e por meio de comentários nas mídias sociais como facebook e whatsapp). Além disso, discentes envolvidos com o desenvolvimento do projeto afirmam que “a rádio tem a capacidade de levar informações para diversos tipos de pessoas e fazer com que elas passem a olhar de maneira diferente para o meio em que se vivem”; que se “tornou mais participativa, agindo de maneira mais positiva, firme e estabelecendo relações interpessoais com discussões sobre assuntos ambientais, de saúde ou sociais”; além disso, “a experiência trouxe a necessidade de importar-se mais com os problemas da população”. Estes resultados confirmam que as tecnologias de comunicação são em geral valiosos instrumentos de intervenção em saúde. Educação em saúde, através das mídias, pode levar as pessoas ao empoderamento relacionado ao autocuidado, à tomada de decisão sobre o meio ambiente onde vivem e trabalham, ao controle social das políticas públicas (saúde, transporte, saneamento básico, lazer, habitação, educação). Por meio da rádio comunitária “A Voz das Comunidades 87,9 FM” a Universidade do Estado do Amazonas, em parceria com o “Movimento Comunitário pela Cidadania (MOCOCI), vem nos últimos três anos promovendo o diálogo com a comunidade sobre os determinantes do processo saúde e doença. CONSIDERAÇÕES FINAIS. Os resultados corroboram com o papel social da Universidade, de produção e aplicação de conhecimento na e com a comunidade. Por se tratar de uma Rádio Comunitária (cuja finalidade é servir à comunidade onde está inserida), é possível avançar em questões relativas ao controle social no setor saúde e no incentivo ao controle individual e coletivo da saúde (empoderamento).