Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Fatores determinantes da hanseníase em menores de 15 anos em município Amazônico
Sílvia Marias Farias dos Santos, Maria Teresa de Sousa, Luana Almeida dos Santos, Maura Cristiane e Silva Figueira, Maria da Conceição Cavalcante Farias

Última alteração: 2017-12-30

Resumo


A hanseníase é uma doença de evolução lenta e infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium Leprae que apresenta afinidade pela pele e nervos periféricos.  Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, de natureza quantitativa. Foram notificados 18 casos nessa faixa etária no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2015 no município, dos quais 10 pacientes compõem a amostra desse estudo, parecer nº 1.737.88. Sobre a amostra: oito do sexo feminino, moradores da zona urbana, entre 10 a 14 anos, cinco paucibacilares e cinco multibacilares; 50% comunicantes intradomiciliares; relacionado à forma clínica da doença, observa-se a forma dimorfa em cinco (50%) dos casos. Quanto a distribuição da hanseníase por faixa etária houve o predomínio da faixa etária de 10 a 14 anos em nove (90%) dos casos. Foram identificadas características em comum:  baixa condição socioeconômica, ser comunicante de caso de hanseníase, residir com muitas pessoas, nível de escolaridade baixo e desconhecer a doença. Nesse contexto, a busca ativa por casos novos é o principal mecanismo para se alcançar a eliminação da doença, é importante que os contatos de casos de hanseníase sejam monitorados por pelo menos 5 anos.

A hanseníase é uma doença de evolução lenta e infectocontagiosa, causada pelo Mycobacterium Leprae que apresenta afinidade pela pele e nervos periféricos. A transmissão ocorre quando uma pessoa doente e não tratada elimina o bacilo para o meio externo pelas vias respiratórias, sendo necessário contato direto e prolongado com o doente. No Estado do Pará o coeficiente de prevalência atualmente é de 4,2 casos/10 mil habitantes, demandando intensificação das ações para eliminação da doença, devido ao alto padrão da endemia. Porém, essa taxa pode não representar a situação real do estado, podendo estar subestimada, pois somente 42% da população do estado é atendida pelo serviço de cuidados primários à saúde, responsáveis pela implementação do controle da hanseníase e busca ativa de casos No Brasil, apesar do declínio no número de notificação, a hanseníase ainda apresenta um grau elevado de novos casos, principalmente na região centro oeste, norte e nordeste, sendo considerado o segundo com maior número de notificações, ficando atrás somente da Índia. O município de Santarém é considerado pelo Ministério da Saúde, uma área com alto índice de casos da hanseníase e prioritária nas campanhas de eliminação da doença, durante o ano de 2014 foram registrados 66 casos novos, representado pelo coeficiente de incidência de 2,27/10.000 habitantes. A hanseníase pode causar adoecimento em qualquer faixa etária, porém o Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH) tem como objetivo a redução dos casos em menores de 15 anos, pois sua presença na faixa etária citada indica a prevalência da doença na população em geral, caracterizando a exposição precoce ao bacilo, a cadeia de transmissão ativa na comunidade e a falha na eficácia do programa de controle. O objetivo foi identificar os fatores que contribuem para a ocorrência da hanseníase em menores de 15 anos. Trata-se de uma pesquisa exploratória e descritiva, de natureza quantitativa. Realizada no município de Santarém estado do Pará, considerando a importância que este município representa para o problema da Hanseníase no Estado, tanto em termos expressos pelos números da doença, como por ser o principal pólo de referência de saúde para outros 19 municípios da região. O estudo foi realizado no Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN), e nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e/ou Estratégias Saúde da Família (ESF) que notificaram casos de hanseníase em menores de 15 anos. Foram notificados 18 casos nessa faixa etária no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2015 no município, dos quais 10 pacientes compõem a amostra desse estudo A coleta de dados foi realizada por meio de prontuários, livro de registro do programa de controle da hanseníase, e de questionário semiestruturado direcionado ao responsável do menor e entrevista direcionada ao paciente e ao responsável. Através da visita domiciliar foi apresentada a pesquisa e seus objetivos a cada paciente e responsável legal, onde foi entregue e lido o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE),Assentimento Livre e Esclarecido (TALE), mediante a aceitação de participação da pesquisa e assinatura dos mesmos, foi aplicado o questionário impresso, os quais foram identificados através do código (letra seguida de número) para a proteção da identidade dos participantes. A pesquisa foi direcionada de acordo com os princípios da Resolução 466/2012, que contêm diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus XII – Santarém, localizado na Avenida Plácido de Castro nº 1399, Aparecida, Santarém –Pará, obtendo aprovação conforme parecer nº 1.737.88 com aprovação em 21 de Setembro de 2016. Sobre a amostra: oito do sexo feminino, moradores da zona urbana, entre 10 a 14 anos, cinco paucibacilares e cinco multibacilares; 50% comunicantes intradomiciliares; relacionado à forma clínica da doença, observa-se a forma dimorfa em cinco (50%) dos casos. Quanto a distribuição da hanseníase por faixa etária houve o predomínio da faixa etária de 10 a 14 anos em nove (90%) dos casos, confirmando portanto o longo período de incubação característico da doença no ser humano, pois a existência de casos da doença em menores de quinze anos é considerada uma exposição precoce e persistente ao bacilo de Hansen, sendo ainda um relevante indicador da presença de casos ocultos na população em geral. Foram identificadas características em comum:  baixa condição socioeconômica, ser comunicante de caso de hanseníase, residir com muitas pessoas, nível de escolaridade baixo e desconhecer a doença. Nesse contexto, a busca ativa por casos novos é o principal mecanismo para se alcançar a eliminação da doença, é importante que os contatos de casos de hanseníase sejam monitorados por pelo menos 5 anos. Além disso, é preciso que o Programa Saúde do Escolar (PSE) também seja executado, o exame de escolares é fundamental em regiões onde há casos de hanseníase em menores de 15 anos, uma vez que o diagnóstico de casos nessa faixa etária é considerado transmissão recente por fontes de infecção ativa, que precisam ser detectadas para que se alcance resultados na eliminação da doença no país. O enfermeiro exerce papel fundamental dentro o programa nacional de eliminação da hanseníase, porém é preciso que haja capacitações, para que o profissional possa diagnosticar precocemente os novos casos. Por conseguinte sugere-se que o enfermeiro supervisor da Equipe Estratégia Saúde da família (ESF), capacite sua equipe em especial o Agente Comunitário de Saúde (ACS), para que saiba reconhecer e encaminhar à unidade os casos suspeitos. É de fundamental importância que o enfermeiro realize atividades de educação em saúde voltadas não apenas para os escolares, mas para os pais e a comunidade, para que a população conheça a doença, sua forma de transmissão, seus sinais e sintomas, e a importância do tratamento, pois o conhecimento contribui para a erradicação da endemia hansênica. Dessa forma este estudo não visa esgotar a temática, porém espera-se trazer contribuições para programa de eliminação e controle da hanseníase, servindo ainda como fonte para novas pesquisas.


Palavras-chave


Hanseníase; Fatores de risco;diagnóstico; Enfermagem em Saúde Pública