Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RASTREIO DO USO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS EM ADOLESCENTES
Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Cleisiane Xavier Diniz, Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa, Michel dos Santos Domingos, Sheila Silva Lima

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o uso abusivo de drogas como uma doença crônica difícil de ser tratada, que provoca graves e sérios problemas de saúde, independente de idade ou sexo. O uso abusivo de drogas é considerado um problema social e de saúde pública em muitos países, inclusive o Brasil. Compreende-se como drogas as substâncias que promovem no individuo ações ou pensamentos de satisfação excessiva, dependência química, hábitos exacerbados que envolvem o psicológico e as relações interpessoais. Com relação à dependência, ela é caracterizada  como o processo de interação conjugada entre os efeitos fisiológicos das substâncias atuando no cérebro e o usuário, esta interação pode ser compreendida pelo usuário como os elementos satisfatórios e/ou objetivos alcançados naquela situação. De acordo com pesquisas é no período da adolescência que ocorre a associação e início do uso de substâncias consideradas psicoativas. Acredita-se que a curiosidade natural do adolescente fá-lo buscar sensações e prazeres desconhecidos, muitas vezes influenciada pela opinião do grupo de pertença. Outras co-fatores para o envolvimento destes indivíduos durante a fase da adolescência com o mundo das drogas estão relacionados à situações familiares, sociais, financeiros, psicológicos entre outras. O maior problema ocasionado pelo uso de drogas é a dependência de tais substâncias, pois estas formulam o ambiente e as relações interpessoais dos indivíduos. O uso abusivo de drogas promove também mudanças na saúde, o que pode acarretar diferentes situações de difícil manejo aos profissionais de saúde que realizam o atendimento de tais indivíduos quando estes passam a ter problemas, seja de grau menor ou maior. O uso continuado é prejudicial à saúde causando alterações nos sistemas do organismo, déficits cerebrais, incluindo de aprendizado verbal, de memorização, de atenção, de funções executivas, de controle de raciocínio e de resposta. Portanto, são múltiplos os problemas ocasionados pelo uso de drogas, interferindo de forma negativa na vida do indivíduo. Esta pesquisa teve como objetivo detectar o uso de substâncias psicoativas em adolescentes na faixa de 11 a 14 anos, participantes de grupos de Adolescentes da Pastoral de Adolescente, do bairro de Petrópolis, Manaus, Amazonas. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de base populacional, desenvolvido por meio de inquérito epidemiológico. Esta amostra foi composta por 100 adolescentes, de 11 a 14 anos, sendo 50 meninos e 50 meninas. Foi utilizado o questionário DUSIR (Drug Use Screening Inventory), validado para uso no Brasil, que aborda a frequência de consumo de treze classes de substâncias psicoativas. O projeto seguiu os trâmites éticos e assinatura do Termo de Assentimento Livre e Esclarecido pelos adolescentes e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido pelos seus pais. Os resultados da investigação neste  grupo mostra que os analgésicos não prescritos (23%)  e o álcool (17%) foram as drogas mais utilizadas pelos adolescentes. No entanto, houve ocorrência de uso de inalantes (5%), tranquilizantes (3%) anabolizantes (2%) e tabaco (2%). As substancias mais utilizadas por meninos e meninas foram o analgésico não prescrito e o álcool, sendo este a substância mais utilizada pelas meninas que meninos. Esses fatos preocupam, uma vez que, quanto mais cedo se inicia o consumo de álcool e/ou outras drogas, maiores são as chances de se tornar dependente, consequentemente, maior é a probabilidade de ocorrerem atrasos no desenvolvimento e prejuízos cognitivos, com suas inúmeras repercussões. Nos países em desenvolvimento, atribui-se ao álcool o risco maior para o uso de outras substâncias psicoativas. Neste grupo investigado não houve ocorrência de uso de outras drogas tais como: cocaína, maconha, crack, ecstasy etc. No decorrer da coleta de dados e na identificação dos casos de uso de drogas, os adolescentes foram encaminhados para os psicólogos do projeto para uma abordagem terapêutica adequada a fim de prevenir dependência e demais distúrbios advindos do uso continuado de tais substâncias. A facilidade de aquisição e a disponibilidade de drogas na comunidade de convivência têm sido vistas como fatores de riscos para uso por adolescentes, uma vez que o excesso de oferta naturaliza o acesso. Quando essa facilidade de oferta se soma à falta de organização social e aos outros elementos predisponentes no ambiente  familiar e institucional, produz-se uma sintonia de fatores que aumenta a problemática do uso de drogas por adolescentes. Sabe-se também que  os adolescentes que têm objetivos definidos e investem no futuro apresentam probabilidade menor de consumir substâncias psicoativas porque o uso interfere em seus planos. Igualmente, a elevada autoestima, os sentimentos de valor, orgulho próprio, respeito e satisfação com a vida podem servir de proteção contra a dependência de drogas quando combinada a outros fatores protetores do seu contexto de vida. Conclui-se que, cada vez mais o numero de crianças e adolescentes usuários de drogas tem aumentado se tornando um grande desafio para a saúde pública. Ao fazerem uso de tais substâncias neste momento determinante para sua formação como pessoa, os adolescentes comprometem sua estabilidade física, psicológica e social empobrecendo suas relações interpessoais, principalmente no âmbito familiar. Embora os adolescentes sejam vistos como grupo de risco para uso de substancias psicoativas, os fatores que os levam a utilizar drogas são considerados diversos e multifacetados, estando os principais relacionados às características individuais e sociais.  A amplitude e a magnitude do fenômeno do uso de substâncias psicoativas na adolescência exige empenho de vários segmentos da sociedade civil organizada, das instituições governamentais e não governamentais, das universidades por meio de seus pesquisadores, em busca de respostas e soluções eficazes para o complexo e assustador problema do uso de substâncias psicoativas e seus impactos nos usuários e na sociedade. Assim, reforça-se a certeza de que a redução desse quadro só poderá ser obtida por meio  da prevenção ou da identificação precoce do uso dessas substâncias. Apesar dos constantes combates ao tráfico não se percebe a redução do comércio e consumo de drogas, pelo contrário, percebe-se o crescimento das atividades do tráfico e o envolvimento cada vez mais precoce de pessoas, seja consumindo ou comercializando. Reafirma-se ainda a importância da realização de estudos científicos que possam subsidiar o desenvolvimento de políticas de educação e promoção da saúde, programas e intervenções dirigidos a adolescen­tes. No Norte do Brasil, especialmente no estado do Amazonas, essa necessidade é ainda maior dada a escassez de estudos publicados sobre o problema

Palavras-chave


adolescentes; dependência química; substâncias psicoativas