Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ARTETERAPIA EM UM CENTRO DE APOIO PSICOSSOCIAL - CAPS II LOCALIZADO EM SANTARÉM – PARÁ: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Françoíse Gisela Gato Lopes, Jéssica Naiara Silva Vieira, Marlyara Vanessa Sampaio Marinho, Rebeka Santos da Fonseca, Alda Lima Lemos, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Última alteração: 2017-12-29

Resumo


Apresentação: A arteterapia é um dos instrumentos utilizados para se trazer à tona sentimentos e emoções através da arte, fazendo com que, quem a pratica possa se expressar por meio da produção de objetos artísticos, além disso, permiti um alto grau de autoconhecimento, autovalorização, liberdade e independência de criatividade e expressão. Ela possui várias técnicas que podem ser aplicadas a qualquer faixa etária. Suas atividades envolvem pintura, artesanato, dança, entre outros. Como terapia, o objeto artístico e sua qualidade estética são importantes, porém os sentimentos envolvidos durante e após o “fazer” artístico é que levam de fato a terapia em si, permitindo que o indivíduo descubra seu potencial criativo, traduzindo assim seus sentimentos através da arte. Para tanto, o profissional que utiliza a arte como terapia, deve estabelecer um ambiente calmo, de segurança e confiança psicológica, sem julgamentos e com um vínculo terapêutico para que a prática da arteterapia possa ser eficaz e possa ocasionar de fato efeitos positivos. Dentro do contexto da saúde mental, sua eficácia como método terapêutico é vista como algo que leva o indivíduo a uma melhora de seu transtorno psíquico. Em contrapartida, em pacientes atendidos em instituições de apoio mental, a aplicabilidade dessa terapêutica de formas artísticas vai muito além da fala para pessoas que possuem essas doenças mentais e psíquicas. O intuito nesses ambientes é o de fazer com que elas produzam sua própria arte, dando-lhes autonomia e possibilitando seu auto tratamento. Essas são uma das propostas que a arteterapia possibilita a esses pacientes, o tratamento através da arte. A arteterapia vem ganhando espaço dentro da área da saúde por ser uma ferramenta muito importante em se traduzir e exteriorizar o subconsciente daqueles que a utilizam, em especial da saúde mental, pelo fato de amenizar os efeitos negativos dessas doenças. Promovendo com isso, bem-estar para pessoas com transtornos mentais, uma vez que propicia mudanças perceptíveis nos campos afetivo, interpessoal e grupal, com possível melhora no equilíbrio emocional durante e após o momento arteterapêutico, podendo ocorrer individualmente e/ou em grupo. A arteterapia para pessoas com transtornos mentais é uma forma de lidar com suas dificuldades, conflitos, angústias e medos de uma forma menos sofrida, canalizando positivamente seu processo de adoecimento psíquico através da arte, melhorando significativamente os efeitos negativos que surgem devido à doença, como a agressividade, o estresse, a mudança de humor entre outros sintomas característicos. Associada a terapia, a música, favorece o processo de concentração, socialização, coordenação motora e aprendizagem, além de estimular as capacidades cognitivas e emocionais de pacientes com transtornos psiquiátricos. Dentro dessa perspectiva, o objetivo deste trabalho foi de promover a arteterapia como dispositivo terapêutico em saúde mental em um Centro de Atenção Psicossocial localizado em Santarém – PA. Desenvolvimento do trabalho: Trata – se um estudo descritivo do tipo relato de experiência, realizado com pacientes do Centro de Apoio Psicossocial – CAPS II, vivenciado em 18 maio de 2017, através do projeto EDUCA-ART Saúde, em Santarém – Pará. Os materiais utilizados foram: papéis A4, lápis de cor, tesoura, giz de cera, palitos, linhas coloridas e livro de registro. A quantidade amostral foi de 30 pacientes diagnosticados com: Esquizofrenia, Depressão, Transtorno Afetivo Bipolar (TAB), Ansiedade e Transtorno do Pânico. Todos os participantes estavam fazendo tratamento no CAPS II. As terapias utilizadas para a realização do processo terapêutico foram: desenhos, pinturas e mandalas. De início uma das enfermeiras atuantes no centro, fez uma oração e colocou um vídeo motivacional. Ela disse que a maioria dos pacientes são cristãos e que dizem se sentir mais fortes e motivados a continuar o tratamento quando oram, ouvem músicas e palavras relacionados a alguma divindade. Por conseguinte, foi realizada a apresentação do grupo de voluntários para os clientes, na qual também foram apresentadas as técnicas a serem utilizadas. Foi mencionado que eles poderiam optar por qual tipo de técnica utilizar, assim como, poderiam decidir aceitar ou não as atividades ali expostas. Resultados e/ou impactos: No decorrer das atividades realizadas, observou-se que alguns participantes no início da realização da técnica mandala, tiveram dificuldades, devido ao fato de ser uma técnica que exigia a movimentação das mãos. Havia participantes que necessitavam de um voluntário para que os auxiliassem em suas produções, visto que, não conseguia de inicio realizar a atividade e gostariam de participar. Além desses, uma paciente criou um novo método, aperfeiçoando a sua mandala, utilizando-se vários fios ao mesmo tempo, todos de cores diferentes, sendo este um trabalho diferenciado e criativo. Outros dois pacientes escolheram apenas desenhar e pintar. Para os participantes, o projeto possibilitou atividades diferenciadas ao que eles faziam diariamente nesse centro, fazendo com que os pacientes apresentassem suas habilidades. Ademais, foi utilizada a música durante o processo de produção da arte, o que é muito importante, pois estimula o indivíduo a realizar as atividades, bem como, desestressa e torna o ambiente mais descontraindo. As músicas selecionadas eram de acordo com a preferência dos pacientes que participavam das produções artísticas. Considerações Finais: Essa metodologia de terapia, nos mostra que as pessoas podem ir muito além das limitações do adoecimento mental e esta, não será uma barreira para que esta se comunique com o mundo exterior. Possibilitando com isso, a interação social, construção de vínculos e troca de conhecimento. A arte estimula a criatividade daqueles que a praticam, tornando a confecção da mandala uma atividade artística livre, não objetivando a beleza do que é produzido. Essa forma de terapia mostra outros meios de se tratar a doença mental, ela vem como um subsidio para o tratamento medicamentoso e psicoterapias. Por meio desta, os pacientes psiquiátricos podem realizar algo diferente que os ajude em seu tratamento, no sentido de torna-los sujeitos ativos de seu próprio processo terapêutico. Além disso, essas práticas possibilitam uma melhor aproximação entre o paciente o profissional, ajudando no conhecimento a respeito da evolução da doença do usuário. O Brasil já evoluiu muito no campo de saúde mental, os doentes que antes eram tratados como a margem da sociedade, foram ganhando seu espaço através de lutas populares e insatisfação daqueles que não eram adeptos das terapias abusivas que eram feitas com os doentes mentais. Com isso, foi de grande valia a realização de troca de vivências através da arte No CAPS II. A promoção de melhora na qualidade de vida de vida dos indivíduos contribuiu também para que os voluntários pudessem perceber a necessidade de haver uma maior inserção de projetos como esse em centros de apoio psicossocial.


Palavras-chave


Arteterapia; Saúde; Pacientes com transtornos psíquicos