Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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A ENFERMAGEM E A IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NO ATENDIMENTO HUMANIZADO AO DEFICIENTE AUDITIVO
Luiz Gustavo Erthal Nogueira, Amanda Cruz Amaral, Selma Vaz Vidal, Joelma Rezende Fernades

Última alteração: 2017-12-21

Resumo


INTRODUÇÃO: A deficiência auditiva caracteriza-se pela baixa capacidade de assimilação normal dos sons, e é conceituado surdo, o indivíduo cuja audição não é funcional na vida habitual, e parcialmente surdo, aquele indivíduo cuja audição, ainda que deficiente, é funcional com ou sem prótese auditiva. Os deficientes auditivos, bem como todas as pessoas portadoras de deficiência são amparados pela Lei da Acessibilidade que busca estabelecer as normas gerais e os critérios básicos para promover a acessibilidade, através da eliminação dos obstáculos e barreiras existentes nas vias públicas, na reforma e construção de edificações, no mobiliário urbano e ainda nos meios de comunicação, de saúde e de transporte. De acordo com dados do Censo Demográfico do ano de 2010, há no Brasil 45,6 milhões de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, o que corresponde a 23,9% da população brasileira. Do total de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência, 7,6% dessa população apresentam perda auditiva severa. O comprometimento auditivo implica na capacidade de comunicação oral e pode prejudicar o processo de aprendizagem e, ainda, dificultar na assistência prestada a estes clientes, o que exige então uma abordagem especializada. Essa abordagem deve ser feita de modo que proporcione uma comunicação efetiva e um claro entendimento entre o deficiente auditivo e o enfermeiro, o contrário, acabaria prejudicando a prestação da assistência de enfermagem e afetando a qualidade e até a segurança desse atendimento. Para evitar o uso de uma comunicação rudimentar feita através de mímicas ou mesmo da escrita, que possa prejudicar a compreensão, é de grande importância que ambos, o enfermeiro e o paciente, conheçam e façam uso da Língua Brasileira de Sinais também conhecida como LIBRAS. Demonstra-se, a partir daí a importância de conhecer essa linguagem para poder ter uma comunicação efetiva com pacientes deficientes auditivos. O profissional de saúde deve humanizar a assistência em enfermagem, preocupar-se com a relação entre Enfermeiro/Paciente, e para isso necessita de um suporte técnico e científico que lhes habilite a entender este universo linguístico, social e cultural do surdo, visando promover uma segurança física e emocional no mesmo. Baseado nessas acepções emerge o seguinte objetivo desta investigação: refletir sobre a importância da acessibilidade no ambiente hospitalar mediante o uso da LIBRAS no atendimento ao deficiente auditivo. MATERAIS E MÉTODOS: Trata-se de uma pesquisa quantitativa, descritiva e exploratória. O trabalho foi submetido ao Comitê de Ética, e após sua aprovação foi enviado o Termo de Autorização para Realização da Pesquisa à Instituição e elaborado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) para os voluntários da pesquisa. Após autorização foi realizada a coleta de dados. O cenário de investigação foi o Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano (HCTCO) do município de Teresópolis, e os sujeitos desta pesquisa foram os profissionais de enfermagem (auxiliares, técnicos e enfermeiros). Como critérios de inclusão, foram considerados: Profissionais da área de enfermagem que possuam ou não contato prévio com algum deficiente auditivo dentro do ambiente hospitalar sejam estes pacientes, familiares ou seus acompanhantes e de exclusão: Profissionais da área de enfermagem que trabalhem no setor administrativo e que não possuam contato direto com pacientes ou familiares. A coleta de dados foi realizada através de um instrumento semiestruturado composta por questões abertas e fechadas para preenchimento à mão elaborado para este trabalho. Os dados coletados foram representados estatisticamente seguindo a análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Foram entrevistados 33 funcionários do HCTCO que deram o seu consentimento para a realização da pesquisa. A população amostral foi composta na sua grande maioria por técnicos de enfermagem (57,6%) seguidos de enfermeiros e auxiliares em enfermagem (36,4% e 6,1% respectivamente). Destes, 69,7% possuem de 01 a 10 anos de profissão, 12,1 % de 11 a 20 anos, 12,1% de 21 a 30 anos e 6,1% de 31 a 40 anos. Estes profissionais estavam divididos nos demais cenários do HCTCO, sendo 27,3% de funcionários atuantes na clínica médica cirúrgica, 18,2% da clínica médica feminina, 15,2% da clínica médica masculina, 12,1% da clínica ortopédica, 9,1% do pronto socorro, 6,1% da supervisão geral, 3% da clínica pediátrica, 3% da direção de enfermagem, 3% da clínica de ginecologia e obstetrícia e 3% da Unidade Intermediária Neonatal. Ao serem questionados referente ao contato com deficientes auditivos, pode-se observar que 69,7% de profissionais afirmam terem tido convívio prévio com estes pacientes, enquanto 30,3% destes profissionais afirmam que nunca tiveram contato com este tipo de paciente. Em relação a frequência que o profissional recebe deficientes auditivos no seu respectivo setor de atuação 33,3% afirmam nunca terem recebido estes clientes e 66,7% afirmam receber com pouca frequência. Não houveram profissionais que afirmaram ter grande fluxo de atendimento a deficientes auditivos em seus setores. Entre os profissionais entrevistados, podemos observar que 45,5 % conhecem a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), enquanto 54,5% afirmam nunca ter tido contato com a mesma. Entretanto, quando questionados sobre a capacidade de utilizar LIBRAS 93,9% dos profissionais afirmam não saberem LIBRAS enquanto apenas 6,1% afirmam serem interpretes. Os profissionais que afirmaram não saberem LIBRAS quando questionados em como se comunicariam com estes clientes podemos observar um comportamento diferente dos resultados encontrados. Destes 44,2 % afirmam que usariam gestos, 23,3% fariam uso da escrita, 14% recorreriam à leitura labial, 11,6% pediriam auxílio aos familiares ou acompanhantes do paciente, 4,7% não tentariam se comunicar e 2,3% afirmaram que “pediriam socorro”. Ao questionarmos aos entrevistados sobre a importância dos profissionais de enfermagem e de saúde saberem LIBRAS, 100% dos profissionais consideraram importante esse conhecimento para a equipe de enfermagem e para a equipe multidisciplinar. Quando indagados sobre se a falta de conhecimento da LIBRAS poderia prejudicar o atendimento ao deficiente auditivo, obtivemos 78,8% dos profissionais afirmando prejudicar a abordagem a estes clientes enquanto 21,2% julgam não ser prejudicial ao atendimento não saber falar LIBRAS. Nos últimos questionamentos dos instrumentos, os profissionais foram abordados quanto ao conhecimento do curso gratuito disponibilizado pelo Centro Universitário Serra dos Órgãos (UNIFESO) e seu interesse em participar do curso, 60,6% admitiram não ter conhecimento sobre o curso, enquanto apenas 39,4% sabiam que este era oferecido gratuitamente e dentre os questionados, 75,8% demonstraram interesse em participar do curso de LIBRAS enquanto 24,2% alegaram não possuir disponibilidade de tempo. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Com a certeza do inacabado as reflexões oriundas desta investigação apontam para baixa demanda de atendimento a pacientes ou familiares que possuam deficiência auditiva no HCTCO. No entanto, é perceptível uma carência de profissionais que sejam interpretes na LIBRAS, já que dos 33 profissionais participantes da pesquisa, apenas 02 possuem tal conhecimento. Ao mesmo tempo, todos os sujeitos da pesquisa consideraram importantes o conhecimento da LIBRAS. Desse universo, 75,8% demonstraram interesse no curso gratuito oferecido pelo UNIFESO para o seu aprimoramento profissional.

Palavras-chave


Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS); Comunicação; Enfermagem.