Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PRÁTICAS ACADÊMICAS E ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A UM PACIENTE COM MENINGITE CRIPTOCÓCICA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA.
Bárbara Coelho dos Santos, Gabriela Nascimento Bernardo, Gabriella Karolyne Pompeu Martins, Ana Sofia Resque, Carlos Jaime Oliveira Paes

Última alteração: 2018-01-02

Resumo


Apresentação: A Criptococose é uma doença infecciosa cosmopolita, caracterizada por uma micose sistêmica e oportunista que acomete a espécie humana, sendo causada por fungos patogênicos encapsulados do gênero Cryptococcus, que subclassifica-se em espécies como a Cryptococcusneoformans e a Cryptococcus gattii¹. Dentre as consequências mais prevalentes da criptococose está o comprometimento do sistema nervoso central, visto que pode levar a quadros de meningite, inflamação das camadas que revestem o cérebro (aracnoide e pia-máter)¹. Pode ser classificada como uma meningite oportunista (relacionada a casos de imunodepressão, como na infecção por HIV), geralmente causada pela espécie Cryptococcusneofarmans ou como uma meningite primária, geralmente causada pela espécie Cryptococcus gattii². A meningite fúngica é transmitida principalmente pelas vias respiratórias a partir da inalação de esporos, frequentemente encontrados nas excretas de aves como a da espécie Columbalivia (pombos)². As formas clínicas da criptococose acometem o Sistema Nervoso Central (SNC) e o sistema respiratório, sendo o primeiro mais frequentemente diagnosticado³. A inflamação desencadeada pelo fungo nas meninges, altera o fluxo normal do Líquido Cefalorraquidiano (LRC), influenciando em sua má reabsorção e circulação, o que pode ocasionar a síndrome da hipertensão craniana². São várias as formas de diagnósticos para a criptococose. Dentre os exames diagnósticos, destaca-se a microscopia, hemocultura, exame imunológico, exame micológico direto, exame citoquímico do LRC, exames de imagem (tomografia do toráx e/ou crânio), assim como o exame clínico e neurológico¹. No caso estudado, as formas de diagnóstico utilizadas foram a hemocultura, o exame citoquímico do LCR e a tomografia do tórax e crânio, sendo neste último encontradas calcificações em núcleos capsulares e calcificações ateromatosas no sistema carotídeo. Dentre as formas de tratamento utilizadas atualmente, o uso da Anfotericina  B apresenta bons resultados e está diretamente ligada na redução da morbimortalidade causada pela doença¹. Nesse sentido, a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) sustenta a prática assistencial do profissional de enfermagem primeiramente com a coleta de dados seguida do diagnóstico de enfermagem, onde os profissionais observam as maiores dificuldades para a melhora do estado de saúde do paciente. Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por acadêmicas de enfermagem da Universidade Federal do Pará sobre a utilização da SAE para o manejo e a reabilitação de um paciente com meningite criptocócica. Descrição da Experiência: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência, requisito avaliativo da atividade curricular enfermagem em doenças transmissíveis, da faculdade de enfermagem, da Universidade Federal do Pará, com apoio do projeto de ensino intitulado: “Monitoria: uma possibilidade de transformação no ensino-aprendizagem de Enfermagem em Doenças Transmissíveis”. O estudo foi realizado em um hospital universitário, referência em doenças infectocontagiosas e parasitárias em Belém do Pará, realizado no mês de novembro de 2016. Foi aplicado o processo de enfermagem. Os dados coletados foram analisados e posteriormente foram identificados os diagnósticos de enfermagem, implementadas as intervenções de enfermagem necessárias e verificado os resultados esperados, utilizando a taxonomia da NANDA, NIC e NOC. O paciente foi selecionado de forma aleatória para o estudoe estava com 48 anos, era do sexo masculino, residente do Marajó, portador de meningite criptocócica.Ao primeiro contato com o paciente, foram coletadas as informações sobre o seu estado atual, utilizando perguntas baseadas nas necessidades humanas básicas e em suas principais queixas. O mesmo apresentava-se consciente, orientado em tempo e espaço, desconfortável devido ao tempo de internação e ao uso do medicamento (Anfotericina B). Evoluiu com perda de peso, distúrbios gastrointestinais (efeito adverso da Anfotericina B), e mostrou-se preocupado com a rotina familiar edo trabalho, devido sua condição de internação. O mesmo não apresentava muitos quadros sintomáticos característicos da doença, relatou apenas incômodo pela presença de uma cefalalgia intensa e constante. A partir das informações coletadas, procurou-se traçar a SAE deste paciente com o objetivo de potencializar a reabilitação das suas necessidades humanas básicas afetadas. Resultados: Após análise dos problemas identificados, o paciente teve os seguintes diagnósticos de enfermagem: atividade de recreação deficiente,relacionado a falta de atividades para ocupar o tempo ocioso; risco de trauma vascular, relacionado ao acesso venoso para administração da Anfotericina B. Considerações Finais: Notou-se, pelo paciente em questão, a grande patogenicidade e o oportunismo do fungo do gênero Cryptococcus, o qual oferece riscos à integridade física do paciente e aos seus contatos. Por ser uma infecção fúngica, a meningite criptocococica requer um tempo imprevisível de internação que acarreta em desconfortos secundários, como os citados acima. Percebe-se, também, a variabilidade sintomática da meningite criptocócica a partir das poucas queixas do paciente quando comparadas ao espaço amostral de possibilidades sintomáticas, o que deixa evidente a necessidade da equipe profissional buscar sempre aprofundar sua investigação à patologia, seja pela descrição dos sintomas, exames laboratoriais ou exame físico.