Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL DAS ADOLECENTES MÃES E DE SUAS GESTAÇÕES EM UMA ESCOLA PÚBLICA DO RIO GRANDE DO SUL
Nathália Arnoldi Silveira, Elisete Cristina Krabbe, Alaides de Abreu Santos, Nataeli Pereira Santos, Nathália Billing Garces, Rafaela da Rosa Recktenwald, Talia Hahn Augusto, Themis Goretti Moreira Leal de Carvalho

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Introdução

As modificações do padrão comportamental dos adolescentes, no exercício de sua sexualidade, vêm exigindo maior atenção dos profissionais de saúde, devido a suas repercussões, entre elas a gravidez precoce, na adolescência, que afeta um percentual de jovens na escola pública.

Segundo a Lei Federal nº 8069, de 13 de julho de 1990, descreve no Estatuto da Criança e do Adolescente que a adolescência corresponde ao período de vida entre 12 e 19 anos.

Em razão de suas repercussões, faz-se necessária uma ação conjunta da sociedade e também uma visão mais crítica com relação aos programas de prevenção da gravidez. No Brasil ainda temos um elevado número de alunas grávidas, sendo a região Nordeste a que mais tem mães adolescentes. Cruz Alta, município em que realizamos a pesquisa tem nas escolas públicas adolescentes que após serem mãe precisam abandonar os estudos, para cuidar do filho e/ou trabalhar para dar sustento ao filho.

Vemos que a maioria das gravidezes em jovens adolescentes não são planejadas. Para tentar diminuir o número de jovens grávidas tem sido realizado diversas divulgações de ações em educação sexual e direitos reprodutivos, como a distribuição da pílula combinada, anticoncepção de emergência, mini-pílula, anticoncepcional injetável mensal, entre outros.

A gravidez na adolescência pode implicar em diversas situações, como o abandono da rotina escolar, atritos familiares, sonhos e planos muitas vezes são adiados ou não mais realizados bem como o distanciamento de círculos de convivência.

Desta forma, o objetivo deste trabalho é descrever o perfil das mães e de suas gestações, conhecimento sobre métodos contraceptivos e atitudes referentes a gestação durante a adolescência, das alunas do Instituto Estadual de Educação Professor Annes Dias, localizado na cidade de Cruz Alta/RS.

 

Metodologia

A pesquisa é um estudo exploratório e descritivo, que foi realizado com alunos do gênero feminino que estavam grávidas ou que já foram mães na adolescência, frequentadoras do Ensino Médio e Técnico Profissionalizante (Enfermagem, Secretariado, Contabilidade e Administração) do IEE Professor Annes Dias, matriculados no ano de 2017, totalizando 29 alunas.

A coleta de dados foi realizada através da aplicação de um questionário, elaborado pelos autores, e validado por profissionais da área, aplicado de forma individual em sala de aula. Nele constavam questões sobre o planejamento do filho, relacionamentos familiares, consultas e conhecimento sobre os métodos contraceptivos.

A análise dos dados foi realizada sob a forma de percentuais, utilizando-se o software estatístico Microsoft Excel.

Para o atendimento a Resolução 466/2012, denominadas Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos, o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNICRUZ - Número do Parecer: 2.354.137. Não houve risco à saúde física ou psicológica dos participantes da pesquisa e, a fim de manter a confidencialidade das informações, os questionários não contêm nomes. Os pesquisados assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de Assentimento.

 

Resultados e Discussões

A pesquisa teve uma amostra total de 29 alunas que foram ou são gestantes durante a adolescência. 94% (n= 27) das adolescentes tiveram sua primeira gravidez entre 15 e 19 anos, porém o maior índice encontra-se na faixa dos 17 aos 19 anos, totalizando 77% (n=22).

No momento da pesquisa, 35% (n=10) da população da nossa amostra cursam o Técnico em Enfermagem, sendo que a idade atual das mulheres pesquisadas varia de 16 a 52 anos.

Em relação ao estado civil das adolescentes: quando engravidaram 83% (n=24) estavam junto com o companheiro, sendo que destas, 38% (n=9) encontravam-se casadas, atualmente 45% (n=13) da amostra estão casadas.

Podemos verificar no estudo um elevado índice de adolescentes que não planejaram a gestação, totalizando 55% (n=16). Durante a descoberta da gravidez, 76% (n=22) estavam estudando e destas 48% (n=10) tiveram que deixar o ambiente escolar após engravidar.

Referente ao relacionamento com os pais, as entrevistadas afirmaram que 83% (n=24) possuem um bom relacionamento com suas respectivas mães e 69% (n=20) com seus pais. Na adolescência os pais são fundamentais para que eles possam auxiliar nas diversas dúvidas e auxiliar nos momentos difíceis. O suporte da família é significativo para vivenciar uma gestação, particularmente na fase da adolescência.

Quanto ao acompanhamento do pré-natal, constatou-se que 97% (n=28) das entrevistadas realizaram o acompanhamento e observou-se que 55% (n=16) realizaram mais de 6 consultas durante a gestação. O pré-natal é muito importante durante a gestação, pois através dele podem-se detectar problemas em casos existentes, e seu principal objetivo é “acolher a mulher desde o início da gravidez, assegurando no fim da gestação, o nascimento de uma criança saudável e a garantia do bem-estar materno e neonatal” (BRASIL, 2006).

Sobre o conhecimento dos métodos contraceptivos, em nosso estudo, 86% (n=25) informaram que conhecem a pílula e 75% (n=22) sabem que o uso da camisinha auxilia na contracepção. Verificamos uma baixa porcentagem de conhecimento sobre os demais métodos contraceptivos, notando que se faz necessário políticas de educação em saúde para que os jovens tenham um maior conhecimento sobre os métodos e que desta forma os índices de gravidez não planejada na adolescência possam diminuir.

 

Conclusão

Com o desenvolvimento desse projeto pode-se certificar que a maioria das adolescentes grávidas não teve sua gravidez planejada e a incidência do maior número de gravidez deu-se entre os dezessete e dezenove anos.

A maioria das mulheres entrevistadas desconhecem os diversos métodos contraceptivos existentes, sendo necessária a realização de ações de esclarecimento e expansão de novas informações para garantir a segurança das adolescentes, em relação a gravidez não planejada.

Notou-se nesse estudo que a grande maioria das jovens teve apoio da figura materna e/ou paterna, porém mesmo assim foi elevado o número de jovens que deixaram de frequentar a escola após a gravidez.

Portanto, a gravidez na adolescência é uma realidade, sendo necessárias políticas públicas voltadas à prevenção e ao acompanhamento da adolescente e da criança. Nesse sentido além do apoio familiar, serviços de saúde, educação e assistência social precisam envolver-se para garantir que a adolescente possa dar continuidade no seu processo de formação social e pessoal.

 


Palavras-chave


Gravidez. Adolescência. Perfil. Mães