Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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FORMAÇÃO ACADÊMICA E FORMAÇÃO CONTINUADA: UMA PESQUISA DESCRITIVA COM PROFISSIONAIS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Tatiane Motta da Costa e Silva, Helter Luiz da Rosa Oliveira, Alex dos Santos Carvalho, Fausto Pereira de Pereira, Susane Graup

Última alteração: 2018-01-24

Resumo


Introdução: As possibilidades de inserção do Profissional de Educação Física (PEF) no contexto da saúde pública aumentaram muito nos últimos anos. Conforme consta na Política Nacional de Promoção da Saúde, o PEF no campo da saúde, em especial no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como, os demais profissionais que atuam na área do movimento humano possuem atribuições nas ações na rede básica de saúde e na comunidade. As ações propostas pelos PEF, além de servirem como desenvolvimento e estratégia para a prática de atividades corporais, são um importante estímulo para que novos hábitos sejam adotados pelos usuários dos serviços de saúde. Além disso, os saberes e práticas não somente técnicos destes profissionais proporcionam aos sujeitos uma prática mais acolhedora, fato que potencializa o cuidado e facilita uma abordagem integral, aumentando a qualidade do atendimento aos sujeitos. Neste sentido, a Educação Física relacionada à saúde mental é uma das alternativas de cuidado que deve ser trabalhada na atual proposta de atendimento, buscando uma visão e atuação multiprofissional para que os usuários dos serviços de saúde mental sejam vistos e tratados em sua integralidade. Diante deste cenário, faz-se necessário analisar a atual situação da Educação Física nos serviços de saúde mental, a fim de investigar a correlação entre qualidade do serviço prestado e a formação dos PEF envolvidos no cuidado ampliando a discussão de novas práticas de cuidado que venham a contribuir para a qualidade da assistência em saúde mental. Sendo assim, o objetivo do presente estudo é analisar a formação acadêmica e formação continuada relacionada a saúde mental dos profissionais de Educação Física que atuam nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que compõe a 10ª Coordenadoria Regional de Saúde do estado do Rio Grande do Sul. Materiais e Métodos: O presente estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa descritiva, qualitativa e quantitativa realizada com profissionais de Educação Física trabalhadores em Centros de Atenção Psicossocial dos municípios que compõe a 10ª Coordenadoria Regional de Saúde do estado do Rio Grande do Sul. A amostra do estudo foi composta por 6 profissionais do sexo masculino, com idade entre 32 e 41 anos, (Média= 36,5 DP= 5,61). A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário construído especificamente para o presente estudo, sendo este documento composto de perguntas abertas e fechadas. As questões buscaram identificar informações relativas aos indicadores de formação acadêmica e formação continuada relacionadas à saúde mental. Para garantir o anonimato dos sujeitos da pesquisa, os mesmos serão identificados no estudo por letras de A à F. Resultados e discussão: Os resultados encontrados quanto aos indicadores relacionados a formação acadêmica, indicam que os seis profissionais concluíram sua graduação em universidades privadas, sendo os participantes A, B e E egressos do curso de Educação Física Licenciatura Plena, D e E do curso de Educação Física Licenciatura e C do curso de Educação Física Licenciatura e posteriormente do curso de Educação Física Bacharelado, metade dos profissionais realizou pós-graduação, todas em universidade pública. Todos os profissionais concluíram a graduação a mais de cinco anos. Quando questionados quanto à formação sobre saúde mental na graduação, os PEF relataram não ter recebido nenhuma formação durante a graduação e que a temática só passou a ser conhecida após a inserção nos serviços de saúde mental. Este resultado precisa ser considerado, uma vez que as evidências científicas apontam que os PEF encontram dificuldades de inserção nos serviços de saúde mental, por não possuírem nenhum conhecimento sobre a temática e nem sobre a atuação profissional nestes locais. A carência na formação do PEF perpassa a saúde mental, pois a Educação Física é uma das áreas da saúde onde pouco se discute o SUS.  Desta forma, enquanto que as diretrizes de outros cursos da área destacam a importância de uma formação comprometida com o SUS, nas diretrizes da Educação Física ele fica marginalizado. Quanto a importância de se qualificar e capacitar para trabalhar na área da saúde mental, todos os sujeitos concordam e percebem a importância, como podemos observar no extrato da resposta do sujeito E “[...] importância de conhecer políticas públicas, áreas técnicas, manejo e questões que vem a surgir, como não recebemos nenhuma formação na graduação, é preciso buscar esse conhecimento em outros espaços” e na resposta do sujeito D “extremamente importante, pelas inúmeras situações que podem surgir e que devemos estar preparados para intervir”. A capacitação dos profissionais que estão inseridos no campo da saúde mental são um forte aliado para a melhoria do cuidado em saúde mental. A capacitação e o treinamento contínuo dos técnicos e equipe de apoio, responsáveis pelo cuidado de pessoas com transtornos da saúde mental, visando uma mudança de atitude, dos valores, dos objetivos e das habilidades que devem destacar-se em todos os princípios de reorientação das políticas de saúde mental, supõem envolver os usuários na execução dessas políticas. A supervisão e a capacitação são compreendidas como uma forma de empoderar o profissional para poder intervir nos problemas de saúde da população, importante na construção de um saber mais articulado para atender à complexidade da demanda de quem sofre e procura ajuda. No entanto, apesar da reconhecida importância, ainda há poucos investimentos em capacitações, cursos e pós-graduação e, mesmo que existam muitos avanços nesta área, e que as iniciativas possam ser elogiadas, caminhar até a mudança e a aceitação do novo paradigma ainda exigirão capacitação técnica, muita vontade política, além de esforços de todos os envolvidos nesse processo. Considerações finais: Diante dos resultados apresentados no estudo, é possível inferir que os Profissionais de Educação Física que atuam na 10ª Coordenadoria Regional de Saúde do estado do Rio Grande do Sul não possuem uma formação inicial acadêmica sobre saúde mental, mas possuem experiências na atuação nos Centros de Atenção Psicossocial. Compreende-se que mudanças são necessárias, iniciando pelos cursos de graduação em Educação Física, que devem acrescentar a discussão sobre as práticas do cuidado em saúde mental em seus componentes curriculares de graduação, é necessário que se invista em formação durante o processo acadêmico dos profissionais de Educação Física, buscando minimizar as dificuldades de inserção destes profissionais nos serviços de saúde mental. Acredita-se também na necessidade de investimentos em capacitações, de modo, a ampliar o conhecimento dos profissionais e contribuir para a melhora do atendimento aos usuários dos serviços de saúde mental, tornando este, um atendimento mais humanizado, integral e pautado nos princípios da reforma psiquiátrica.

Palavras-chave


Serviços de Saúde Mental. Educação Física e Treinamento. Formação.