Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL: ALTERNATIVA PARA ORGANIZAÇÃO DE SERVIÇOS DE SAÚDE NA ATENÇÃO BÁSICA
João Otávio Pinheiro Borges, Ewerton Beckman dos Reis, João Eduardo Barros Branco, Lisandra Rodrigues de Medeiros, Marco Antônio Mesquita da Silva Júnior, Ruan Rodrigues Felicidade, Bárbara Lopes Paiva, Carla Steffane Oliveira e Silva

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Apresentação: No município de Ananindeua, situado na região metropolitana de Belém, encontra se em operação a Unidade Básica de Saúde (UBS) Paulo Frota. Atualmente, a Estratégia Saúde da Família (ESF) III, escolhida para a intervenção, possui 1250 famílias cadastradas, com um total de 5289 pessoas adscritas. No quadro de profissionais existe um médico, uma enfermeira e cinco agentes comunitários de saúde (ACS). Por ser um dos profissionais da saúde que, necessariamente ajuda na organização, mapeamento e reconhecimento da área de uma ESF, o ACS detém grandes responsabilidades. O não cumprimento de suas atribuições resulta em lotação da ESF, não cobertura da comunidade adscrita e insatisfação dos profissionais. Carlos Matus, economista Chileno, criou uma ferramenta cujo foco é a sincronia e valorização do trabalho coletivo. Refletir, interpretar e consentir são exemplos de princípios pertencentes ao Planejamento Estratégico Situacional (PES). O PES é constituído de quatro momentos essenciais que estão articulados e inter-relacionados (explicativo, normativo, estratégico e tático-operacional). Matus usa, a priori, a noção de situação, compreendida como uma série de problemas identificados, descritos e analisados na perspectiva de um determinado ator social. Considerando as características encontradas nessa UBS, definimos que o PES é uma ferramenta eficaz com ações viáveis para sanar, em grande parte, as dificuldades encontradas no eixo Comunidade/ACS/ESF. Objetivo: Elaborar um instrumento de intervenção através da educação continuada para os ACS da ESF da cidade nova III, no município de Ananindeua, estado do Pará, Brasil, com intuito de fortalecer atribuições desses profissionais e seu vínculo com a comunidade. Descrição da experiência: O enfoque e interesse principal deste tema surgiram durante o período de aulas teórico-práticas da atividade curricular Gestão dos Serviços de Saúde, realizadas na UBS “Paulo Frota”. Durante esse período, foi realizado o diagnóstico da realidade por meio do levantamento das rotinas dos ACS, bem como suas evoluções, também se buscou informações sobre o serviço com a enfermeira gerente da UBS, em que relatou várias problemáticas em relação ao serviço do ACS, por exemplo falta de empenho nas visitas domiciliares, preenchimento não verídico nas evoluções de trabalho e a tímida busca por atualizações na área de atenção básica. Diante disso, utilizou-se o método do PES baseado nos quatro momentos propostos por Matus para construção do plano de ação para intervir nesse diagnóstico da realidade. No primeiro momento, explicativo, busca-se identificar, descrever e explicar os problemas, considerando não somente informações objetivas como dados quantitativos, normas e rotinas, mas também informações subjetivas como a percepção dos diversos atores sobre os problemas analisados. Por meio da visita feita à UBS Paulo frota pôde ser feito o levantamento dos seguintes problemas :1-Insuficiência de infraestrutura adequada; 2-Falta de sede; 3-Alta demanda espontânea para atendimento médico; 4-Poucos ACS na ESF, caracterizando recursos humanos insuficientes para realizar atividade de busca ativa de casos nas áreas prioritárias; 5-Visitas domiciliares pouco resolutivas; 6- Baixo número de visitas domiciliares; 7-Orientação insuficiente para as famílias para utilização adequada do serviço de saúde; 8-Falta de participação da comunidade nas atividades desenvolvidas no local, descaso e falta de interesse com as atividades de educação em saúde promovidas pela unidade; 9-Carência de profissionais comprometidos com o trabalho. Após essa primeira etapa, houve uma conversa com gerente e chegou-se em um consenso com os alunos e professora que seria trabalhado o PES com enfoque nos ACS tendo em vista a importância da atuação desses profissionais para o funcionamento da ESF por eles serem responsáveis pela busca ativa da população e por serem os profissionais com maior elo entre comunidade e a instituição de saúde. Então, o problema priorizado foi: a ausência de capacitação adequada do ACS. Identificou-se muitos dos problemas levantados poderiam ser minimizados ou até mesmo erradicados se esses profissionais conseguissem desempenhar o seu papel e compreender sua grande importância no serviço de saúde da atenção básica.  O próximo momento foi o Normativo que tem como foco a criação de operações para atuar frente aos problemas fundamentais. As operações tiveram como objetivos específicos: 1-salientar a importância do ACS no serviço de saúde; 2-incentivar a participação da comunidade; 3-elaborar um plano de visitas com a equipe de ACS para suprir o baixo quantitativo de trabalhadores e aumentar o comprometimento com a coleta de dados. Para essas atividades foi proposta a criação de um cronograma de reuniões preestabelecidas, no qual a primeira e segunda reunião feita pela enfermeira abordariam as atribuições do ACS, a terceira reunião seria focada na identificação das urgências nos atendimentos e o quarto encontro mediado pela enfermeira traria as abordagens com o cotidiano da comunidade. Enquanto que, no momento Estratégico, o ator principal deve analisar a viabilidade do plano. Ou seja, analisar a viabilidade dos projetos políticos, econômicos e organizacionais. Proporcionando uma dialética entre o necessário, o possível e a criação de possibilidades. Essa etapa do PES é, para muitos, a mais delicada, já que exige cautela e minuciosas reflexões para a tomada de decisões. Essas decisões, por sua vez, precisarão ser construídas pelo grupo envolvido, passarão por um “crivo consensual” e, posteriormente, serão colocadas em prática. Para a realização dessa etapa do PES, a participação da gerente da UBS foi de extrema importância, tanto pela questão da obtenção de informações necessárias ao planejamento, quanto pelo intermédio à ESF. E por fim, o momento Tático-Operacional se dá a realização das ações traçadas. Como estratégia de intervenção, foi decidido pela aplicação da educação continuada por meio de capacitação dos ACS com o intuito de fortalecer suas atribuições, seu papel dentro do sistema de saúde e a importância do vínculo com a comunidade, dessa forma traçou-se uma agenda em que os profissionais (médico e enfermeira) pudessem realizar ciclos de capacitações para ACS. Resultados esperados: por meio de encontros formativos que permeiam a rotina de trabalho dos ACS espera-se que eles compreendam sua importância e função tanto dentro do sistema de saúde quanto diante da sociedade para que possam buscar exercer suas atribuições com excelência e estimular a participação popular nas atividades propostas pela equipe de saúde. Ademais, almeja-se superar os problemas enfrentados quanto ao quadro deficiente de recursos humanos para a realização da busca ativa e consequentemente quanto à falha na coleta de dados da população. Mediante implantação do PES elaborado para as necessidades da equipe de ESF Cidade Nova III da UBS Paulo Frota espera-se que o plano de atuação seja analisado e avaliado pelos profissionais quanto sua a compreensão e efetivação, tornando se assim um instrumento, não com objetivo fixo e imutável, mas passivo de alterações impostas pela realidade e pelo comprometimento dos atores envolvidos. Considerações finais: Diante da união da gestão em saúde e do ensino, foi possível promover a oportunidade para acadêmicos de enfermagem vivenciarem a tomada de decisões e a intervenção através do PES em uma UBS. O PES mostrou-se uma ferramenta útil para proporcionar melhorias, visto que, através do planejamento foram identificados problemas dentro e fora da área de governabilidade da Gerente da UBS Paulo Frota. Dentro do campo de atuação, o ACS teve um grande destaque. O conceito de educação continuada foi levantado e viabilizado como uma conexão entre a valorização de seu trabalho dentro da equipe multiprofissional e sua grande importância dentro do SUS, por meio do conhecimento de suas atribuições.

 


Palavras-chave


Gestão; Serviços de Saúde; Atenção básica.