Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Os efeitos da música como medidas de conforto no processo de parturição
Yara Macambira Santana Lima, Ana Paula Lemos de Araujo, Danyelle Sarmento Costa, Maria Monica Machado de Aguiar, Simone Aguiar da Silva Figueira

Última alteração: 2017-12-26

Resumo


INTRODUÇÃO: A gravidez é um momento singular na vida das mulheres, porém ela acarreta mudanças físicas e psicológicas para as mesmas, que lidam com esse processo de formas diferentes, sendo influenciadas pela sua criação e estilo de vida. Deste modo já trazem consigo idealizações do parto, que além de ser um momento significativo, pode ser sofrido e doloroso1. Dessa maneira a dor é o alvo principal no processo parturitivo, podendo gerar consequências desagradáveis para quem a sente. Gerando desconforto, alterações nos sinais vitais e nos demais sistemas fisiológicos do organismo materno, interferindo diretamente no bem estar do bebê, que está ligado a ela através de anexos, como a placenta2. Colaborando para uma saúde mais eficaz, em todos os âmbitos, o Ministério da Saúde através da Portaria n º 569 instituiu o Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN) que preconiza o direito a assistência a mulher antes, durante e após o parto, possibilitando que a mesma tenha autonomia em seu parto, oferecendo-lhes alternativas não farmacológicas para as mesmas vivenciarem um parto sem intervenções desnecessárias, não deixando de atendê-las em suas peculiaridades3. Deste modo, a música surge como prática não farmacológica, contribuindo para o equilíbrio biopsicossocial da parturiente, uma vez que auxilia na melhora do estado geral, diminui os quadros álgicos e o estresse, regula a respiração, pressão arterial e contribui para o surgimento de laços, principalmente no âmbito enfermeiro-cliente, propiciando um cuidado humanizado no processo de parturição4. O enfermeiro em sua totalidade tem um papel peculiar neste processo, pois tem um maior contato com as pacientes, conhecendo seus anseios e suas particularidades para em seguida fornecer métodos não farmacológicos adequados, propiciando um cuidado simples e natural5.  OBJETIVO: Conhecer os efeitos da música em parturientes da Rede Pública Municipal de Santarém-PA. METODOLOGIA: pesquisa de campo descritiva com abordagem qualitativa, no setor obstétrico de uma Rede Pública Municipal de Santarém-PA, fizeram parte da pesquisa mulheres que se encontrasse em trabalho de parto a partir de 3cm de dilatação, que tivessem se queixando de dor ou desconforto e que após avaliação obstétrica tivessem indicação para parto normal, tendo como amostra 20 parturientes. A pesquisa foi realizada em dois momentos, a saber: aplicação da música como prática integrativa e entrevista realizada no pós-parto mediato. A escuta da música foi realizada individualmente através de um fone de ouvido, para que a realização da prática integrativa não influenciasse na rotina do setor. Ressalta-se que o fone era higienizado com álcool 70% após cada uso. A entrevista se deu em um local reservado, em que as parturientes puderam responder perguntas pertinentes ao tema em questão. Os dados coletados foram analisados conforme a Análise de Conteúdo, que visa identificar núcleos com sentidos expressivos e pertinente que formam um enunciado, a fim de que a presença e ocorrência destes infiram em algo para o objeto em estudo. A análise se realizou em três etapas, conforme prevê a Análise de Conteúdo: primeiramente foram agrupadas todas as respostas obtidas para que se tivesse o primeiro com estas, as quais foram organizadas e sistematizadas. Posteriormente, na segunda fase, foram elaboradas hipóteses a partir do conteúdo organizado, uma vez que estes dados precisariam ser consoantes aos objetivos propostos pela pesquisa, com intuito de levantar finalidades relacionadas ao uso dos dados colhidos. Por último, foram criadas as categorias a partir das falas organizadas e hipóteses levantadas. Nesta última etapa, os dados foram inferidos de acordo com a teoria já existente sobre o assunto do qual se tratava nas falas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir das respostas obtidas por meio da Análise de Conteúdo, emergiram duas categorias e subcategorias. Categoria 1: percepção das sensações obtidas pela música; subcategoria 1.1: a música como medida de alívio, relaxamento, tranquilidade e paz; subcategoria 1.2: avaliação da música no período pré-parto; Categoria 2: contribuições da música durante o trabalho de parto. Os resultados mostraram que os efeitos da música como prática integrativa inserida no trabalho de parto foram diversos e bastante positivos. As sensações experimentadas pelas parturientes foram de alívio, tranquilidade, relaxamento, paz, calma, força, distração e conforto, tendo como foco atrativo a música, fazendo com que a dor e os desconfortos perdessem o protagonismo frente à situação. O alívio foi percebido tanto como sensação em meio aos desconfortos e a dor advindos do trabalho de parto quanto como contribuição da música para o momento em evidência, visto que o alívio como principal fala das clientes fez com que o processo parturitivo fosse menos doloroso e mais prazeroso, destacando a mulher como protagonista durante este processo fisiológico. A tranquilidade apareceu como uma das falas principais como sentimento e contribuição para o momento do parto nos discursos analisados. Isso pode ser possível porque a partir da escuta musical as mulheres puderam vivenciar momentos de serenidade, transformando o momento de dor em uma sensação boa e de paz. A música fez ainda com que as parturientes vivenciassem momentos de confiança em si mesmas, obtendo força física e psicológica para serem participantes ativas durante o trabalho de parto, tornando-as, dessa forma, empoderadas frente ao nascimento. Notou-se que algumas clientes, a durante a intervenção musical, puderam experimentar um sentimento de transcendência, no qual as mesmas foram conduzidas mentalmente a “outro mundo”. Este “mundo paralelo” possibilitou às mulheres a vivência de lembranças passadas positivas, recordações de momentos de alegria e de calma, de tranquilidade. Este efeito pode amenizar o medo, a ansiedade e somou como um processo de distração frente aos sentimentos negativos que acompanham o trabalho de parto. CONSIDERAÇÕES FINAIS: constatou-se que os objetivos desta pesquisa foram alcançados e os efeitos da música durante o trabalho de parto puderam ser observados a partir das falas analisadas, os quais se destacaram o alívio, relaxamento, a tranquilidade, calma e distração. Houve significativa contribuição da música como prática integrativa para o processo parturitivo, pois este instrumento teve como fim aspectos positivos para a vivência do trabalho de parto para as parturientes, as quais experimentaram os benefícios advindos desta prática. Sugere-se que mais estudos e pesquisas sejam realizadas nesse mesmo sentido, visto ser a música um instrumento de forte impacto no biopsicossocial humano e gerador de inúmeros benefícios, contudo pouco explorada ainda no campo da saúde como prática integrativa. Os estudos existentes sobre tal temática são escassos e não possibilitam um estudo integral sobre a prática, ressaltando que as peculiaridades relacionadas à música no campo da saúde devem ser levadas em consideração, juntamente a capacitação do profissional de saúde para a implementação do uso da música como um manejo Não-Farmacológico dentro da rotina das instituições de saúde.

 

 

 


Palavras-chave


Palavras-chave: trabalho de parto, parturiente, música