Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-05-24
Resumo
Apresentação: Descrever a vivência na execução de um projeto de educação continuada sobre segurança do paciente pediátrico, proposto por cinco acadêmicos do 8º período de enfermagem da Universidade Federal de Rondônia, sob orientação docente na disciplina estágio supervisionado II. O objetivo foi contribuir com a qualificação dos profissionais do serviço com foco na implementação de 03(tres) das 06 (seis) metas de segurança do paciente pediátrico no Hospital Infantil Cosme e Damião (HICD) em Porto Velho, Rondônia. Desenvolvimento: O trabalho foi desenvolvido por um grupo de cinco enfermeirandos do 8º período do curso de enfermagem da Universidade Federal de Rondônia(UNIR), sob orientação docente na disciplina de Estágio Supervisionado em Enfermagem II, ocorrido no Hospital Infantil Cosme e Damião (HICD), no período de 01 de outubro a 30 de novembro de 2017, na capital de Porto Velho, Rondônia. O projeto de intervenção em educação continuada neste hospital foi desenvolvido em duas etapas: planejamento com diagnóstico situacional (21.08 a 31.09.2017) execução/avaliação do plano (01.10 a 30.11.2017) este últimos, objetos da experiencia aqui relatada. Os resultados provenientes do diagnóstico situacional construídos junto com a gestão do HICD, apontaram a necessidade de implementação de três das seis metas da Política Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) no que se refere à 1)identificação correta do usuário pediátrico, 2) risco de queda e 3) risco de lesão por pressão (LPP). O público-alvo foi composto de 30 (trinta) profissionais do serviço de diferentes categorias, sobretudo da enfermagem e nutrição. Os critérios para inscrições de participantes nas atividades porpostas foram por ordem de prioridade: ser servidor e/ou colaborador (docente/estudante em práticas no periodo de realização das atividades). A programação e o conteúdo das atividades foram previamente discutidos e agendados com a gestão da instituição, considerando a rotina e disponibilidade dos funcionários e colaboradores dos setores e o espaço físico do hospital. A metodologia adotada foi a problematização dos nós criticos levantados no plano, por meio de 3(tres) rodas de conversa e 2(duas) oficinas, para otimizar conteúdos explorados e conciliar o tempo disponível dos profissionais em serviço. As atividades tiveram inicio com apresentação dos facilitadores e participantes em forma de círculo, seguindo-se com perguntas disparadoras para fomentar a reflexão/discussão do grupo. Para embasamento das discussões nas rodas de conversa, utilizou-se das seguintes estratégias: a)leituras prévias sobre as metas estabelecidas pela PNSP, b) recursos cognitivos como “dinâmica da ponte”,c) exibição de um vídeo sobre eventos adversos e suas consequências aos usuários no cotitiano dos serviços de saúde hospitalar, d) indicadores sobre eventos adversos ocorridos no HICD no período de janeiro a agosto de 2017, e) exposição da “teoria do queijo suíço” proposto por James Reason, f) um estudo de caso fictício elaborado com base na observação da rotina dos serviços e da assistência dos próprios enfermirandos às crianças hospitalizadas. Conforme resposta dos participantes, o grupo de enfermeirandos, complementava e esclarecia as dúvidas que surgiam, associando a “teoria do queijo suíço” anteriomente explorado. Ao final de cada atividade, foi realizada avaliação individual com cada grupo contendo, cinco questões fechadas com escores tipificados em: boa, regular e ruim, além de questão aberta para espaço às criticas e sugestões. A primeira roda de conversa, com tempo de 120 minutos, foi realizada com 04(quatro) profissionais da recepção que atuam na classificação de risco do hospital, realizando a identificação da criança ao chegar no serviço. A média de tempo de serviço do grupo foi de quatro meses. A segunda roda de conversa, com tempo de 100 minutos, abordou o mesmo tema, no entanto, o público alvo foram 8(oito) profissionais de diversas categorias (psicológo, assistente social, enfermeiros, técnicos administrativos e membros da equipe da Comissão de Controle de Infecção Intra-Hospitalar) nesse grupo a média de tempo de serviço foi de 8,3 anos. A terceira roda de conversa, com tempo de 125 minutos, com público-alvo de 14 profissionais de diversas categorias (enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicopedagogos, academicos de enfermagem e nutrição). Nesse grupo, a média de tempo de serviço no HICD foi de 10,2 anos. Aos cuidadores das crianças, foram realizadas atividades educativas dentro das enfermarias, abordando sobre risco de quedas utilizando folhetos como recurso adicional para explorar o assunto. Por fim, realizou-se 01 (uma) oficina sobre os protocolos de avaliação do risco de queda (escala Humpty Dumpty) e do risco de Lesão Por Pressão (LPP) com tempo de 160 minutos. O público-alvo foi composto por 02(duas) enfermeiros diaristas, 1(uma) gerente de enfermagem e 01(uma) enfermeira coordenadora do Núcleo de Educação Permanente (NEP) do hospital. Nesse grupo, a média de tempo de serviço no HICD foi de 8,5 anos. Resultados e Impactos: Durante as atividades das rodas de conversa e da oficina, foi possível levantar as dificuldades diárias enfrentadas pelos profissionais, como a comunicação interpressoal e intraprofissional, a resistência de alguns profissionais aos novos protocolos da instituição. A avaliação dos grupos sobre as atividades foi positiva, com sugestões dos participantes para continuação e ampliação da proposta da educação continuada como forma de criar e/ou fortalecer a cultura de segurança do paciente na instituição. Considerações: Durante as rodas de conversa e oficina foi perceptível os desafios que o HICD tem enfrentado quanto à implementação da segurança do paciente, principalmente no que se refere à identificação correta do usuário pediátrico. No entanto, estas atividades propiciaram momentos de troca de conhecimentos, discussões muito válidas sobre as dificuldades do cotidiano enfrentado pela equipe e principalmente, a oportunidade de levantar soluções diante dessas dificuldades. As limitações no cumprimento das metas (ter 100% do público-alvo capacitado), esteve relacionada à escassa cultura da segurança do paciente como prioridade no processo de trabalho aliado ao deficit de pessoal necessário (sobretudo da enfermagem) para execução de todos os protocolos de segurança do paciente no HICD. Nesse sentido, percebe-se que a educação continuada em si e sozinha pode não resolver os problemas abordados mas é provável que profissionais capacitados e sensibilizados diminui-se o risco à segurança do paciente pediátrico, sobretudo no que diz respeito aos aspectos preventivos da LPP e de queda em unidades pediátricas, assim como a demonstração do custo-benefício da sua prevenção aos gestores do sistema de saúde. Por outro lado, o comprometimento do HICD em instituir em curto prazo, a cultura das seis metas de segurança do paciente é uma fortaleza, visto que a instituição está em processo de qualificação do cuidado nestes aspectos, com apoio da gestão estadual de saúde. Por fim, espera-se que tais momentos tenham sensibilizado profissionais quanto às suas práticas e consequentemente, provoque mudanças nos processos de trabalho para o fortalecimento da cultura de segurança do paciente pediátrico e seu cuidador.