Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ACOLHIMENTO E CLASSIFICAÇÃO DE RISCO NO SETOR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA EM UM HOSPITAL PÚBLICO NO INTERIOR DA AMAZÔNIA
Tayana Neves, Lidiane Evaristo, Tainã Lobato, Irineia Simplicio

Última alteração: 2017-12-29

Resumo


Apresentação: O protocolo de Manchester é utilizado para o acolhimento e classificação de risco em setores de atendimento em urgência e emergência, caracteriza-se por selecionar os pacientes por meio dos seus sinais e sintomas para determinar o tempo em que o mesmo pode esperar pelo atendimento. A identificação é feita através de pulseiras nas cores vermelho, laranja, amarela, verde e azul sendo que a classificação vermelha o paciente não pode esperar a exemplo de casos de TCE grave (traumatismo crânio encefálico), politraumatizado grave, coma, comprometimento da coluna cervical, parada cardiorrespiratória; os de cor laranja são muito urgentes e podem aguardar até dez minutos e tem como exemplos vômitos com dor severa, lesão toraco-abdominal; amarela o paciente é classificado como semi-urgente e pode tolerar espera de até sessenta minutos e tem como exemplos sintomas de cefaleia intensas, dor abdominal, desmaio, hemorragias, febre alta, crise de asma, nível de consciência reduzido; a cor verde denomina situações pouco urgentes e os pacientes podem esperar cento e vinte minutos e que não exigem necessariamente de resolução a nível hospitalar podendo ser encaminhados para UPAs (Unidade de Pronto Atendimento 24 horas); enquanto a classificação azul é para casos não urgentes que podem esperar por tempo de até duzentos e quarenta minutos sendo que o atendimento para esses pacientes pode ser prestado em unidades básicas.  Este método tem vantagens significativas tanto para profissionais quanto aos pacientes uma vez que apesar de ter algumas patologias que não tem como fugir da regra de atendimento possui praticidade na prestação de serviço, organização e atendimento de qualidade. Nesse sentido, para que o profissional atue no setor de classificação é necessário que o mesmo receba treinamento e tenha conhecimento amplo a cerca do protocolo e dos sintomas clínicos que os pacientes apresentam a fim de evitar negligências, pois a avaliação é feita individualmente e deve ser criteriosa, visto que não existe um roteiro fechado para a definição de classificação. O presente trabalho teve como objetivo descrever a vivencia no acolhimento de classificação de risco no setor de urgência e emergência de um hospital público no interior da Amazônia. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência com abordagem qualitativa e análise crítica reflexiva, desenvolvido por discentes e docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade do Estado do Pará-Campus XII. A vivência se deu durante as aulas práticas no setor de urgência e emergência de um hospital público de Santarém – Pará. Utilizou-se da observação participativa e da aplicação do protocolo de Manchester para o processo de triagem dos usuários. Resultados: O protocolo de acolhimento e classificação de risco é um recurso útil e necessário, porém não suficiente, uma vez que não consegue capturar os aspectos subjetivos, afetivos e sociais necessários para compreensão efetiva da avaliação do risco e fragilidade de cada usuário que busca o serviço de urgência e emergência. Nesse sentido, é evidenciado pelo diagnóstico inicial da maioria da população usuária do serviço de urgência e emergência não apresentarem perfil clínico para atendimento neste nível de complexidade, porém como as diretrizes operacionais preconizam que o acolhimento da classificação de risco, deve atender a todos que procuram o serviço, garantindo a universalidade de acesso, acolhendo e proporcionando uma escuta sensível da população buscando resolver suas demandas, acabam por admitir e dispensar intervenções a esse usuário, o que reflete na sobrecarga dos profissionais pelo aumento do fluxo de usuários que deveriam estar buscando assistência na atenção primária. Porém, quando questionados o porquê da procura do serviço, ancoram-se na falta de resolutividade na rede básica, escassez de material, equipamentos e, muitas vezes, a falta de profissionais e medicamentos,  e tempo de espera para os pacientes que realmente necessita do serviços de urgência e emergência, bem como, o  aumento dos gastos com insumos destinados a pacientes com quadro clínico grave e instável, em relação ao tempo de espera para usuários, classificados como não grave, observou-se uma exacerbada insatisfação e constantes conflitos para com o profissional responsável pela triagem, uma vez que o atendimento não obedece a ordem de chegada, e sim a gravidade do usuário. Outra desvantagem observada está associada principalmente com patologias múltiplas em que necessitam de uma especificidade e atenção no momento de classificação, os fatores de risco e a ligação entre as idades também necessitam ser aprimoradas, pois um agravo não tão urgente pode evoluir rapidamente em pacientes idosos e crianças necessitando assim, de uma classificação mais direcionada para as faixas etárias.  Considerações Finais: A vivência proporcionou um olhar crítico e reflexivo diante dos desafios do Sistema Único de Saúde e da classificação de risco nos serviços de Urgência e Emergência em aplicar recursos materiais e humanos, as reais situações que envolve risco de morte. Assim, observa-se a necessidade de maiores investimentos na atenção primária, orientação à população acerca da classificação de risco, com o intuito de orientar o usuário do Serviço Único de Saúde a respeito dos níveis de complexidade e estado de saúde em que devem ser conduzidas para os hospitais, unidades de pronto atendimento ou unidades básicas de saúde, bem como educação continuada para com os profissionais em geral, visto que esses atuam em forma de rodízio nos diversos setores hospitalares, além do mais o protocolo exige capacitação o que nem sempre é ofertado para os profissionais da saúde destinados a esse acolhimento o que acaba prejudicando a qualidade de atendimento como possíveis complicações de quadros clínicos de pacientes que necessitariam receber vermelho destinado à grave e foram contemplados com outra cor de classificação com tempo maior de espera no atendimento. Entretanto, o protocolo é um mecanismo de extrema relevância, pois visa praticidade no atendimento, porém ainda gera dúvidas de manuseio não apenas pelos profissionais como pela população no geral, sendo as capacitações meios de educação continuada de grande importância com características esclarecedoras. Portanto, podemos observar que o protocolo de Manchester é uma ferramenta de importante e de fácil aplicabilidade nos serviços de saúde, que serve tanto para avaliar quanto classificar os riscos no atendimento hospitalar, a fim de atender adequadamente as necessidades de cada paciente, de modo que diminua o risco de comprometimento por negligência.


Palavras-chave


urgência; emergência;acolhimento.