Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-15
Resumo
Ao considerar o contexto de organização e operacionalização do SUS em um sistema de Redes de Atenção à Saúde (RAS), que prioriza a articulação entre os serviços e as ações, de diferentes densidades tecnológicas, objetivando a eficiência da gestão do sistema e a garantia do cuidado de forma integral, busca-se compreender a implantação e o funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), mais especificamente na cidade de Manaus, a partir do levantamento do processo histórico da mudança no modelo das práticas de cuidados em saúde mental na cidade, que preconiza o desenvolvimento de ações em determinados serviços de saúde e a criação de dispositivos especializados, todos trabalhando de forma cooperativa e articulada.
A estruturação da RAPS para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do SUS, prevê como seus componentes a atenção básica à saúde; atenção psicossocial estratégica; atenção de urgência e emergência; atenção residencial de caráter transitório; atenção hospitalar; estratégias de desinstitucionalização e estratégias de reabilitação psicossocial.
No contexto de Manaus, em outubro de 2013, o gestor municipal implantou a iniciativa de reorganização do sistema de saúde pública municipal chamada de Rede Saúde Manauara, elencando questões consideradas como prioritárias para intervenção, das quais a saúde mental foi excluída, mesmo diante da estimativa de que aproximadamente 242.436 pessoas na cidade necessitam de algum atendimento em saúde mental, seja ele contínuo ou eventual.
Atualmente, a RAPS, em Manaus, conta com os serviços de dois CAPS do tipo III para adultos, um na Zona Norte da cidade e outro na Zona Sul; um CAPSI do tipo II, para crianças e adolescentes; um CAPS AD do tipo III, para adultos que fazem uso problemático de álcool e outras drogas; um Centro de Reabilitação em Dependência Química; um serviço de Residência Terapêutica; o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), e o serviço de emergência psiquiátrica hospitalar do CPER.
Percebe-se que a oferta de serviços constituintes da RAPS ainda é insuficiente para garantir o atendimento da demanda populacional de Manaus. Além disso, serviços estratégicos como as unidades de acolhimento, os serviços de atenção em regime residencial, e na esfera hospitalar, os leitos de saúde mental e as enfermarias psiquiátricas, ainda não foram implantados, sendo que o CPER permanece como o único serviço que oferece atendimento em regime hospitalar de emergência e internação breve.
Quanto à articulação entre as equipes dos diferentes dispositivos, entende-se o modelo de matriciamento, ou apoio matricial, como proposta para a construção de um trabalho compartilhado, sendo que, para o município de Manaus não existem dados oficiais sobre tal prática, fato esse que, juntamente com a escassez dos serviços já implantados, e a ausência de unidades essenciais para o atendimento da complexidade dos agravos que envolvem a saúde mental na cidade, são fatores que podem ser problematizados quando se discute a atenção integral proposta pela RAPS.