Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Contribuições do enfermeiro no fortalecimento do vínculo entre recém-nascido prematuro e sua família
Ângela Barichello, Camila Boeira, Michele Cristina Dos Santos Guarnieri, Jucimar Frigo

Última alteração: 2017-12-26

Resumo


A mortalidade neonatal e perinatal têm diminuído muito nos últimos tempos, devido a modernas instalações de unidades neonatais que estão sendo equipadas com tecnologias complexas e avançadas. A prematuridade e o baixo peso constituem importantes causas da mortalidade perinatal, neonatal e infantil. O risco de morbimortalidade aumenta progressivamente de acordo com a queda da idade gestacional e o peso ao nascimento, havendo riscos na adaptação à vida extrauterina devido à imaturidade dos órgãos e sistemas. Assim o recém-nascido pré-termo está sujeito aos riscos sociais e biológicos, podendo acarretar riscos ao seu desenvolvimento. A literatura científica sugere que todo o recém-nascido que nascer com idade gestacional inferior a 37 semanas, será classificado como pré-termo e /ou prematuro. Entre os recém-nascidos prematuros que necessitam de cuidados intensivos no período perinatal, 75% apresentam riscos para problemas no neurodesenvolvimento. O aspecto motor merece atenção especial, pois, em geral, é o primeiro marcador observável de alteração no desenvolvimento. Além de questões biológicas como a prematuridade, fatores ambientais, como o espaço físico onde a criança convive, a escolaridade dos pais, a dinâmica familiar, o poder aquisitivo da família e as relações familiares, implicam e são implicados no processo de cuidado do recém-nascido prematuro. Nesse contexto, o vínculo entre família e o recém-nascido prematuro, tornam-se fundamentais para a qualidade do cuidado. O objetivo desse trabalho é identificar as contribuições do enfermeiro no processo de construção de vínculo entre recém-nascido prematuro e seu contexto familiar no alojamento conjunto.  O desenvolvimento do trabalho constitui-se através de uma revisão bibliográfica, entendida segundo a literatura, como o levantamento da bibliografia de relevante interesse referente ao assunto que se deseja estudar. Seu propósito é colocar o pesquisador em contato direito com o que foi escrito sobre determinado assunto. A pesquisa bibliográfica pode ser considerada também como o primeiro passo de toda a pesquisa científica. Foram utilizados 10 artigos publicados entre 1990 e 2012 relacionados com os descritores: “alojamento conjunto”, “recém-nascido prematuro” e “enfermeiro”. A revisão bibliográfica permitiu conhecer alguns elementos que podem amenizar o sofrimento da prematuridade e aumentar o vínculo familiar, mediante contribuições do enfermeiro no alojamento conjunto. Essa modalidade de alojamento oportuniza que o recém-nascido prematuro (RNP), hemodinamicamente estável, permaneça junto ao trinômio, mãe-pai-recém-nascido, durante todo o período de internação, até o momento da alta hospitalar. O alojamento permite ainda a realização dos cuidados assistenciais fundamentais ao RNP, tais como: controle térmico; prevenção de infecção; promoção, incentivo e apoio ao aleitamento materno; cuidados com o coto umbilical; cuidados com a pele e higiene corporal; fortalecimento do vínculo no contexto familiar.  Todos estes elementos do cuidado serão oportunizados por meio do profissional enfermeiro. Merece destaque o cuidado ao aleitamento materno, que fortalece os laços afetivos no trinômio e promove a amamentação segura.  Neste sentido, esta modalidade de internação é considerada como um espaço profícuo para o enfermeiro desenvolver atividades de educação em saúde a puérpera, ao recém-nascido prematuro e ao seu contexto familiar, considerando os sentimentos experienciados nesta etapa da vida como medo, incerteza e angústia. O enfermeiro exerce papel relevante nos momentos de interação e promoção do cuidado ao trinômio, proporciona maior satisfação, tranquilidade e autonomia, corroborando para a continuidade e corresponsabilidade do cuidado, especialmente, do RNP, o qual necessitará de cuidados especiais durante um período maior e após a alta hospitalar. A assistência prestada ao RNP deverá ser guiada por cuidados humanístico e holístico, com ênfase para aspectos sociais, econômicos e culturais, envolvidos no processo do cuidado. A conscientização dos pais deverá ocorrer durante toda a permanência no AC, numa tentativa de reduzir expectativas que venham dificultar a adaptação da família com o bebê prematuro. Vale ressaltar a importância da atenção dispensada aos pais pelos enfermeiros, acreditando que estes também precisam de cuidados. A comunicação verbal e a não verbal são estratégias que devem também ser utilizadas no AC para a promoção da saúde, por meio da escuta sensível, do silêncio, do toque suave, da paciência, do respeito à subjetividade e individualidade. Tais estratégias se constituem em ação terapêutica, uma forma de ouvir, dar atenção ou deixar chorar, principalmente no cuidado ao trinômio, que passam por momentos de intensa angústia, tensão, medo e insegurança. Assim, quando uma assistência é desqualificada ela é percebida pelas mulheres quando prevalece a falta de afeto, o nervosismo, o distanciamento físico, a desconsideração às queixas, atributos estes encontrados em estudos desenvolvidos por diversos autores. Para assistir integralmente a mulher nesse período, os profissionais devem estar atentos às suas reais necessidades, enfocando a relação humana entre profissional e o cliente, sendo efetivo apenas se houver recursos humanos em termos qualitativos e quantitativos adequados à assistência. Neste tipo de sistema, as mulheres são estimuladas a realizar o autocuidado e prestar cuidados a seu filho, porém isso não pode configurar que a mulher, nesse período, tenha a obrigação ou mesmo a responsabilidade de assumir o cuidado por seu filho e por ela mesma. O principal enfoque assistencial do profissional neste sistema está na educação e orientação à saúde para que as mulheres adquiram segurança e tranquilidade ao assumir seu papel de mãe. Este perfil de paciente não requer equipamentos sofisticados ou mesmo grandes procedimentos, o que conduz alguns administradores a classificarem essa assistência como cuidados mínimos de enfermagem. Contudo requer do profissional grande habilidade de comunicação, disponibilidade, monitoramento, avaliação, e postura de acolhimento o que, sem dúvida, demanda tempo e competência. Em vista dos resultados aqui apresentados percebe-se que o alojamento AC apresenta inúmeras possibilidades, dentre as quais, a promoção e o incentivo ao aleitamento materno, que sabidamente reduzem a mortalidade infantil. Outro aspecto importante do alojamento conjunto versa sobre os benefícios para as mães, pois tais ações favorecem a aceitação da maternidade, proporcionando à mulher um sentimento de bem-estar e praticidade, diminuindo assim sua ansiedade, e permitindo a troca de experiência entre as mulheres/mães que estão na mesma situação e no mesmo ambiente hospitalar. Diante deste cenário, percebe-se que o enfermeiro exerce um papel fundamental, proporcionando uma assistência humanizada e integral recém-nascido prematuro e seus familiares. Os enfermeiros mantem contato permanente com o setor de alojamento conjunto, possibilitando assim, implementar medidas que visem maior fortalecimento do vínculo entre recém-nascido e sua família. A enfermagem deve ter sensibilidade suficiente para detectar e respeitar as necessidades de cada binômio e família, não se atendo à rotina hospitalar e, assim, individualizar o cuidado por meio de diagnósticos e prescrições de enfermagem, elaborados de forma ética e consciente.

Palavras-chave


Enfermagem; Assistência Integral a Saúde; Recém-Nascido Prematuro