Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À GESTANTE COM ROTURA PREMATURA DE MEMBRANAS OVULARES E OLIGOÂMNIO: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Gabriela Campos de Freitas Ferreira, Suzayne Naiara Leal, Victória Malcher Silva, Ricky Falcão Trindade, Elisângela da Silva Ferreira

Última alteração: 2017-12-22

Resumo


APRESENTAÇÃO: A Rotura Prematura de Membranas Ovulares (RPMO) é definida consensualmente como a rotura espontânea das membranas coriônica e amniótica comprovadamente antes do início do trabalho de parto independendo da idade gestacional. De especial interesse são os casos de RPMO que ocorrem antes de 34 semanas de gestação. A incidência da RPMO espontânea é de aproximadamente 5%, sendo associada a um terço de todos os partos prematuros. Etiologicamente podemos dividi-la em espontânea e iatrogênica. A iatrogênica pode ser decorrente de cirurgias cervicais durante a gestação ou de procedimentos invasivos intrauterinos, como amniocentese, biópsia de vilosidades coriônicas e laserterapia; possui bom prognóstico na maioria dos casos, apresentando resolução espontânea da lesão em um período de 2 a 3 semanas. Porém a espontânea é complexa e multifatorial e envolve fatores que alteram a estrutura das membranas (colágeno), sendo os mais importantes: 1- Sobredistensão uterina (polidrâmnio e gestação múltipla); 2- Fatores mecânicos (contrações uterinas e movimentação fetal); 3- Alteração da integridade cervical (incompetência cervical e cerclagem). 4- Fatores intrínsecos às membranas (deficiência de alfa- 1-antitripsina e síndrome de Ehlers-Danlos); 5- Alteração da oxigenação tecidual (tabagismo); 6- Diminuição da atividade imunológica bactericida do líquido amniótico. As complicações podem ser tanto para a mulher quanto para o feto, sendo as principais complicações maternas a corioamnionite (também denominada infecção ovular ou intra-amniótica), a endometrite e a bacteriemia são as mais frequentes. A sepse materna é rara devido à pronta intervenção obstétrica diante dos sinais maternos de infecção podendo evoluir para oligoâmnio que é definido como a redução do volume de líquido amniótico, que é classicamente definida como valores abaixo de 300 a 400 mL e ocorre em aproximadamente 0,5 a 5,5% das gestações. Existem três principais complicações da RPMO pré-termo de origem fetal/neonatal a hipoplasia pulmonar, prematuridade e infecção neonatal e quando associada a oligoâmnio acarreta aumento do risco de óbito fetal e deformidades peculiares decorrente da dificuldade de movimentação fetal e de contraturas musculares e flexão como: fácies característica com orelhas dobradas, nariz achatado, pele enrugada e deformidades de extremidades (pé torto). A conduta inicial diante do diagnóstico de RPMO e oligoâmnio é a internação hospitalar da gestante, e baseia-se em determinação da causa primária, confirmação da idade gestacional, pesquisa de sinais de corioamnionite no momento da internação e avaliação da vitalidade fetal. Conduta na RPMO em gestações abaixo de 36 semanas: conduta expectante, controle da vitalidade fetal, pesquisa de corioamnionite. Conduta na RPMO após 36 semanas de gestação: Conduta ativa, ou seja, inicia-se a indução do parto ou realiza-se cesárea imediatamente. Nesse sentido, a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como atividade privativa do enfermeiro, representa o fortalecimento na atuação deste profissional e contribui na melhora da qualidade do serviço prestado, organizando e consolidando um plano de cuidados mais individualizado, oferecendo subsídios para metodologias interdisciplinares e humanizadas de cuidado a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente. Com tudo objetivou-se relatar a experiência da aplicação da SAE a uma paciente com RPMO e oligoâmnio. METODOLOGIA: trata-se de um relato de experiência, desenvolvido por alunos do 6° semestre durante a prática clínica da atividade curricular Enfermagem Obstétrica. Foi realizado em uma enfermaria obstétrica patológica de um hospital de ensino de alta complexidade em Belém-PA, no mês de fevereiro de 2017. Durante as práticas vivenciais sob supervisão de um preceptor, aplicou-se o processo de enfermagem aos pacientes internados na instituição. A coleta de dados foi realizada mediante exame físico e análise dos registros do prontuário a fim de identificar as principais necessidades afetadas no paciente. Os dados coletados foram analisados e posteriormente identificados os diagnósticos de enfermagem, verificados os resultados esperados e implementadas as intervenções de enfermagem necessárias, visando às necessidades do paciente e da família, utilizando-se como parâmetro a taxonomia NANDA (Nursing diagnoses: definitions & classification- 2015-2017), NOC (Nursing Outcomes Classification) e NIC (Nursing Interventions Classification). RESULTADOS: Gestante, APFG, 16 anos, 21º DIH, 31º dia de P.O de cirurgia neurológica devido mal formação congênita arterio-venosa frontal cortical à esquerda com diagnóstico de oligodrâmnio severa (ILA: 5.63 cm) + RPMO. Deambulando com auxílio de acompanhante devido à hemiplegia direita. G1 P0 A0, DUM: 15/07/2016, DPP: 22/04/2017, IG: 30 semanas e 6 dias. Exame físico: Pele normocorada, couro cabeludo íntegro, mucosa ocular hipocorada, rede linfática sem alterações palpáveis, tórax simétrico, mamas: simétricas, túrgidas, mamilos protusos. Abdome: gravídico. Estática fetal: situação longitudinal, apresentação cefálica, posição direita, ausculta de BCF em QID. Diurese presente, sem disúria, evacuações presentes e sem alterações, sono e repouso preservados, dieta oral mal tolerada (náuseas), ingesta hídrica diminuída por intolerância da paciente (estresse ambiental). Observando as necessidades individuais prioritárias, elencou-se os diagnósticos de enfermagem: volume de líquido deficiente relacionado à perda de líquido amniótico via vaginal evidenciado por oligoâmnio; 1-deambulação prejudicada, relacionada à hemiplegia direita caracterizado por sequela pós-operatória; 2-volume de líquido deficiente, relacionado a RPMA evidenciado por oligoâmnio; 3-conhecimento deficiente, relacionado a limitação cognitiva, evidenciado por comportamento apático; 4-risco de infecção, relacionado ao aumento da exposição ambiental a patógenos, procedimentos invasivos e RPMO; 5- risco de binômio mãe – feto perturbado, relacionado a complicações na gestação (RPMO). Com a execução da SAE, espera-se atingir os seguintes resultados: 1-Entendimento do paciente e da família sobre prevenção de quedas; Controle de riscos; Maior controle motor e equilíbrio; Aumento da segurança e facilidade para mobilização. 2-Controle do risco de volume de líquidos deficiente; Manutenção do equilíbrio eletrolítico e ácido- básico; Manutenção do equilíbrio hídrico; Hidratação satisfatória; SSVV estáveis; Crescimento e desenvolvimento do feto satisfatórios. 3-Melhorara do desempenho cognitivo cerebral; Estabelecer auto responsabilidade no paciente; Que o autocuidado torne-se um hábito e uma atividade de vida diária; Melhora no desempenho do estado neurológico; 4-Detecção dos riscos; Riscos controlados.  5-Evolução satisfatória da gestação; Reestabelecimento das funções cognitivas Crescimento e desenvolvimento do feto satisfatórios. Para tanto, foram traçadas as seguintes intervenções de enfermagem, respectivamente: 1-Orientar acompanhante sobre os déficits cognitivos e físicos capazes de aumentar o potencial de quedas; Educar acompanhante sobre formas de reduzir riscos de queda; Colocar objetos pessoais ao alcance do paciente e evitar posiciona-lo do lado comprometido; Orientar o paciente a pedir ajuda para movimentar-se, conforme apropriado; Firmar banquinho manualmente para facilitar subidas e descidas do leito (orientar acompanhante); Sugerir calçados seguros. 2-Monitorar a condição de hidratação (mucosa úmida, pulsos adequados e pressão sanguínea ortostática) conforme apropriado; Manter registro preciso da ingestão e eliminação; Monitorar SSVV; Monitoração da vitalidade fetal Incentivar ingesta hídrica e orientar distribuição ao longo das 24 horas, conforme apropriado; Monitorar a condição nutricional. 3-Providenciar técnicas para melhorar a cognição (calendário, relógio, lista com horários de medicamentos); Observar a capacidade do paciente para autocuidado independente; Estabelecer uma rotina para as atividades de autocuidado; Oferecer assistência física a paciente quando necessário. 4-Controlar os riscos após a detecção. Cuidados com AVP; Controle de medicamentos; Monitoração do estado nutricional; Supervisão da pele. 5-Providenciar técnicas para melhorar a cognição (calendário, relógio, lista com horários de medicamentos); Monitoração da vitalidade fetal; Monitoração dos SSVV. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Diante dos problemas evidenciados, destaca-se a importância da sistematização da assistência de enfermagem, para obtenção de diagnósticos e intervenções que reflitam as necessidades reais e aos riscos gerados a pacientes no ciclo gravídico patológico. Para tanto, o processo de enfermagem possibilita ao enfermeiro organizar e implementar este cuidado de maneira eficiente e individualizado, promovendo uma assistência holística.


Palavras-chave


Processo de enfermagem; Assistência hospitalar; Obstetrícia.