Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Educação Inclusiva: promoção da cidadania e enfrentamento à discriminação e violência no contexto escolar
Raianne de Souza Rodrigues

Última alteração: 2018-01-26

Resumo


Este trabalho caracteriza-se como um relato de experiência do projeto integral “Educação Inclusiva: reconhecer as diferenças para prevenir a discriminação e a violência na escola”, desenvolvido no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM Campus Parintins, que abordou a inclusão no contexto escolar e foi motivado em virtude do ingresso de alunos com surdez, deficiência intelectual e deficiência física, a partir do prisma da Psicologia Histórico-Cultural. Consistiu num projeto na área de apoio aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades e superdotação, vinculado a Assistência Estudantil do Campus, que representa uma política educacional e um direito conquistado pelos estudantes da rede federal de ensino no sentido de garantir a permanência e o êxito do educando no instituto. Foi realizado com alunos dos cursos de nível técnico integrado e subsequente de Administração, Agropecuária, Informática, Meio Ambiente e Recursos Pesqueiros, entre os meses de julho a novembro de 2015, contou com a colaboração de um bolsista, selecionado via processo de análise de perfil socioeconômico e desempenho escolar realizado pela assistente social do Campus, bem como registrou a participação de duzentos e noventa e dois discentes. É interessante esclarecer que no curso de nível integrado, o aluno estuda o ensino médio e técnico ao mesmo tempo, pois para ingressar nos institutos federais, o critério mínimo é a conclusão no 9º ano do ensino fundamental até a data de sua matrícula, ao passo que no curso de modalidade subsequente, o aluno estuda apenas o ensino técnico, haja vista que a conclusão do ensino médio é pré-requisito para o seu ingresso. As contribuições de Vygotsky permitiram um olhar crítico sobre a abordagem do tema na sala de aula através de uma proposta educativa dialógica e construtivista. A história da humanidade revela, com muita clareza, que nenhuma sociedade se constitui bem sucedida, se não favorecer o respeito à diversidade que a constitui e consequentemente o enfretamento à discriminação, definida como atitude ou tratamento injusto em relação a alguém por causa de uma deficiência ou características pessoais, e à violência, compreendida como o ato de empregar força física ou intimidação contra outra pessoa. A Constituição Federal de 1988 definiu a educação como um direito de todos e estabeleceu a igualdade de condições de acesso e permanência na escola. Também garantiu como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino. Desse modo, cumpre à escola viabilizar a todos os cidadãos, o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento de competências, ou seja, a possibilidade de apreensão do conhecimento historicamente produzido e de sua utilização no exercício efetivo da cidadania. Sob essa perspectiva, à psicóloga escolar do instituto cumpriu desenvolver o projeto em tela conjuntamente com o pedagogo, no sentido de contribuir para o conhecimento sobre a educação inclusiva pela comunidade discente, enfocando a convivência social com pessoas com deficiência a fim de que as diferenças individuais fossem (re) conhecidas e respeitadas, alcançando-se também o enfrentamento à discriminação e violência no espaço escolar e evitando-se a evasão escolar desse público. Teve como objetivo geral promover formação cidadã aos discentes do IFAM Campus Parintins acerca da educação inclusiva e como objetivos específicos identificar as diferenças individuais e enfrentar ações discriminatórias e violentas a estudantes com deficiência. A inclusão é marcada pela diversidade, denota compreender que o direito do outro é que garante que os seus direitos sejam respeitados e que defender o espaço do outro é também uma forma de proteger o seu espaço. A visão de que o mundo é plural nos permite perceber que existe espaço para todos, sem discriminação, onde reconhecer as diferenças individuais é o que nos torna capazes de conviver em um mundo igualitário, democrático e participativo. Ressalta-se que conhecer as especificidades e os direitos das pessoas com deficiência através de informações fidedignas é a base para a construção de uma sociedade mais justa, em que as diferenças individuais signifiquem pluralidade humana em vez de desigualdade social. Diante desse cenário, a Educação Inclusiva representa um direito conquistado a partir de discussões, estudos e práticas que tiveram a participação e o apoio de organizações representativas das pessoas com deficiência e cidadãos comprometidos com a excelência do ensino e da aprendizagem de todo ser humano, no sentido de dirimir as possíveis barreiras neste espaço de convivência social e desenvolvimento, que é a escola. Foram realizados levantamentos bibliográficos e seleção de produções científicas, materiais de apoio, filmes e documentários no mês de julho de 2015, que auxiliaram e embasaram o processo de desenvolvimento do projeto e, sobretudo permitiram uma apresentação clara e objetiva da temática.  As orientações ao bolsista ocorreram semanalmente e permitiram, de forma concreta e efetiva, a troca de saberes e vivências, que contribuíram para o planejamento, direcionamento e avaliação das ações executadas. As atividades realizadas foram quatro palestras socioeducativas, duas sessões inclusivas (filme e documentário) e a elaboração e distribuição de uma cartilha informativa, entre os meses de agosto a novembro de 2015, onde foi observada a participação significativa dos alunos, que interagiram com perguntas e relatos de experiência. O material impresso foi custeado com recurso do IFAM Campus Parintins e serviu como auxílio aos coordenadores no reforço da aprendizagem dos discentes acerca da questão abordada. É relevante citar que as atividades supracitadas foram relativamente novas no IFAM Campus Parintins, haja vista que os coordenadores do projeto, psicóloga escolar e pedagogo, investiram nos cargos públicos respectivamente nos meses de fevereiro e março de 2015, e, desse modo, passaram a observar a dinâmica escolar e incitaram a instituição de uma cultura de formação cidadã multiprofissional no contexto escolar, levando jovens e adolescentes a se tornarem multiplicadores das informações disseminadas nas palestras socioeducativas, cumprindo assim os objetivos propostos. Pôde-se constatar que mesmo com todo o cenário de avanços quanto à educação inclusiva, ainda hoje muitas pessoas sofrem com a discriminação e a violência, o que demanda a prática do reconhecimento e respeito às diferenças, valorizando e promovendo a diversidade na escola, pois a deficiência vai muito além do que as pessoas pensam e julgam conhecer. Destarte, o projeto contribuiu para a formação cidadã de adolescentes e jovens ao oportunizar a construção de saberes, levando-os a agregar modos diferentes de pensar e agir no mundo e a desenvolver um olhar amplo sobre a educação inclusiva a fim de dirimir a discriminação e a violência no ambiente escolar.


Palavras-chave


Educação inclusiva; Cidadania; Discriminação; Violência; Psicologia Escolar