Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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ANALISE NUTRICIONAL COMO FATOR DE RISCO A SAÚDE DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE DE URUGUAIANA-RS
Alex dos Santos Carvalho, Fausto Pereira de Pereira

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Em se tratando da transição nutricional, fenômeno epidemiológico ao qual vários países como o Brasil e demais países em desenvolvimento, caracteriza-se pela coexistência da desnutrição, excesso de peso, dislipidemias e outras doenças e agravos não-transmissíveis, como diabetes mellitus (DM), hipertensão arterial sistêmica (HAS) e doenças cardiovasculares. Neste sentido, o que tenhamos observado no tempo em que seassiste à redução contínua dos casos de déficit nutricional, observamos um grande aumento das prevalências de excesso de peso e, mais precisamente, de obesidade mórbida (COUTINHO, GENTIL e TORAL, 2008).

Esta é uma pesquisa quantitativa de caráter descritivo e transversal.

Quantitativa: Pois ela traduz em números as opiniões e informações adquiridas para serem classificadas e analisadas no referido estudo. Utilizam-se de técnicas estatísticas (RODRIGUES, 2007).

Descritiva: Pois, segundo Gaya (2008) a pesquisa descritiva tem por finalidade observar, registrar e analisar os fenômenos sem, entretanto, entrar no mérito de seu conteúdo. Na pesquisa descritiva não há interferência do investigador, que apenas procura perceber, com o necessário cuidado, a frequência com que o fenômeno acontece.

A População da pesquisa segundo a Secretaria de Saúde do município de Uruguaiana é de 105 ACS que encontram-se em atividade atualmente no 2º semestre de 2017, e a amostra foi composta por 61 ACS trabalhadores nas ESFs do município de Uruguaiana-RS, totalizando 58% da população geral, dando mais veracidade e validade aos nossos dados. Os demais ACS não demonstraram interesse em participar, ou não se encontravam presentes nas EFSs no momento da coleta dos dados.

Para explicar os procedimentos avaliativos e pedir a autorização dos avaliados foi encaminhado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), onde foi detalhado todos os procedimentos que seriam adotados, bem como, dados gerais da pesquisa, informações relevantes dos avaliadores.

Através do questionário aplicado aos ACS, sobre quantas vezes no dia se alimentavam, incluindo nessas refeições café da manha, almoço, lanches e janta, observamos que 57,38% se alimentam até 4 vezes ao dia, 27,87% 3 vezes ao dia, 13,11% se alimentam 5 vezes ou mais ao dia. Um dado interessante de se ressaltar é que 1,64%, ou seja, um individuo enfatizou se alimentar apenas 2 vezes ao dia. Quando lhes foi perguntado sobre o consumo de sal e alimentos condimentados no seu dia a dia, observamos que a maioria 60,66% consome sal regularmente em sua alimentação, ou seja, tem um consumo médio, nem muito exagerado em nem tão pouco. 18,03% relataram um alto consumo do sal e alimentos condimentados e 21,31% disseram não consumir esse tipo de alimentação diariamente, ou seja, consumo mínimo.

Diferente do estudo de Horta et. al. (2011), onde observou-se consumo excessivo de açúcar, óleo vegetal e sal por 63,6% dos avaliados. A análise do registro alimentar, por sua vez, demonstrou redução significativa do consumo calórico e de sódio. Fatores esses importantes para uma boa alimentação, que de fato, não vem ocorrendo por essa população em ambos os estudos. Presente a isto, sugiro uma próxima investigação sobre hábitos alimentares, e que se utilize de um questionário apropriado para tal, podendo assim ir mais afundo neste quesito.

Em relação ao percentual de fumantes nesse ambiente de trabalho, encontramos que 80,33% disseram nunca haver fumado, e 19,67% enfatizaram já terem fumado ou que fuma atualmente. Destes que afirmam serem fumantes, 28,57% fumam a menos de 6 anos, 28,57% fumam de 6 a 15 anos e 42,86% tem esse habito a mais de 15 anos. Analisando outros estudos, vemos que em diferentes áreas de trabalho, o índice de tabagismo vem diminuindo ha um tempo (CANTOS et. al. 2004), e corroborando com nossa pesquisa, o estudo de Chaves et. al. (2015) investigou que 95% de seus investigados dizem não para o tabaco e apenas 5% disseram sim.

Já em relação ao consumo de bebidas alcoólicas, foi encontrado que a maioria dos ACS, 59,02% relataram que bebem às vezes, socialmente. 39,34% disseram que não tem o habito de beber, e 1,64% assumiram que sempre bebem. Neste sentido, percebemos revisando a literatura que os índices para bebidas alcoólicas vêm aumentando consideravelmente. Castanha e Araujo (2006) enfatizam que deve haver um modo a fornecer embasamento para os gestores em saúde, no intuito de minimizar o uso abusivo do álcool, uma vez que se trata de uma droga dita ilícita, e acessível economicamente e de uso aceitável na sociedade brasileira.

Com relação à prática de atividade física em horário de lazer, podemos analisar que 63,93% da amostra não praticam atividade física e apenas 36,07% enfatizou fazer alguma atividade física de lazer. Semelhante ao estudo de PORTO et. al (2016), onde 35,3% foram considerados fisicamente ativos e 64,7% foram considerados irregularmente ativos. Destes que praticam atividade física de lazer, encontramos atividades como a caminhada com 56,52%, às atividades de academia, como musculação, jump e ginástica ficaram com 21,74%, já a natação com apenas 8,70% e 13,04% para outras atividades, como futebol, rugby, bicicleta, etc. Ainda nesse quesito, lhes foi perguntado sobre quantas vezes na semana praticavam estas atividades, onde encontramos que a maioria 54,55% praticam atividade de 3 a 4 vezes por semana, 18,18% 5 ou mais vezes na semana, e 27,27% 1 ou 2 vezes na semana.

Outro dado importante salientar, é que quando questionados sobre possuir alguma doença crônica, 70,49% enfatizaram não possuir nenhum tipo de doença e 29,51% afirmaram terem alguma doença crônica. Destes que afirmaram ter alguma doença crônica, grande maioria enfatizou a hipertensão 68,42%, 21,05% disseram ter asma, 5,26% falaram depressão e o mesmo valor para diabetes 5,26%. No estudo de Chaves et. al. (2015), observou-se uma alta prevalência de hipertensão arterial (20,3%), dislipidemias (9,4%) e diabetes mellitus (4,7%), se comparada a outros estudos, considerando a média de idade da população, vemos que este é um dado a ser observado com cautela.

Através das verificações de massa corporal e estatura para a classificação do Índice de Massa Corporal (IMC), podemos destacar que o valor mínimo encontrado na amostra foi de 19,4 kg/m² e o valor máximo foi de 46,8 kg/m², onde destacamos que a média geral do IMC da amostra, foi de 28,1 kg/m². Destacamos que no estudo, apenas 16,39% dos ACS estão no peso adequado, segundo a tabela da organização mundial de saúde, 24,59% estão levemente acima do peso. Um dado que nos preocupa é que 32,79% estão com grau I de obesidade e 26,22% da amostra estão em níveis de obesidade graus II e III, que os coloca em níveis altos de risco para a qualidade de vida e saúde.