Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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VIOLÊNCIAS NO ÂMBITO DA ATENÇÃO BÁSICA À SAÚDE: EXPERIMENTÇÕES CARTOGRAFICAS NA RESIDÊNCIA INTEGRADA EM SAÚDE
Cássio Marques Ribeiro, Antônio Vladimir Félix Silva, Aldilania Pereira Sousa, Brena Dielle Anastacio de Sousa, Jamilia Soares Farias, Luis Rocildo Caracas Vieira e Souza, Antonio Charles de Oliveira Nogueira, Nara Bezerra Custódio Mota

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


APRESENTAÇÃO: Este é um estudo acerca dos processos de subjetivação suscitados pelas violências no âmbito da atenção básica à saúde no município de Tauá-Ceará. Trata-se de uma cartografia realizada durante a formação na Residênica Integrada em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará – RIS/ESP/CE, na cidade de Tauá. A modalidade Residência trata-se de uma pós-graduação, modelo Latu Sensu, voltada para a formação em serviço, ou seja, o sujeito num processo de educação pelo trabalho, nesse caso, voltado para a saúde. A RIS/ESP/CE adota o modelo de residência integrada de caráter interinstitucional, interprofissional, intersetorial e interiorizado, constituída pelos componentes hospitalar e comunitário. No último estão presentes as Ênfases: Saúde da Família e Comunidade; Saúde Mental Coletiva e Saúde Coletiva, as quais compõem a RIS/ESP/CE quarta turma em Tauá. O cenário de prática da ênfase Saúde da Família e Comunidade, no contexto da RIS, compõe-se por duas Unidades Básicas de Saúde, nas quais há residentes inseridos em quatro equipes de Estratégia de Saúde da Família, sendo esse o território que ocupou/materializou esse estudo. DESENVOLVIMENTO: A justificativa para realização desta pesquisa-intervenção partiu da problematização de que ao se pensar no processo de promoção/prevenção e cuidado em saúde faz-se necessário levar em consideração fazeres e práticas que vão ao encontro com o paradigma Psicossocial de Atenção à Saúde. Nesse modelo, (ao contrário do modelo biomédico que foca na patologia e remissão de sintomas) os determinantes e condicionantes sociais/ambientais/históricos/políticos/econômicos atravessam a construção da saúde, bem como os processos de subjetivação aí emaranhados, visando uma relação viva e de vínculo com o território habitado e habitante das pessoas, buscando resgatar a capacidade dos sujeitos e coletivos de se autogerir e transformar sua realidade, promovendo também cidadania, no qual há a centralidade da Atenção Básica - AB, como ordenadora/coordenadora do cuidado em saúde. Cabe-nos aqui a relembrar que a palavra saúde, nesse texto e em nossa escolha ético política, refere-se a uma produção social resultante das condições de alimentação, habitação, educação renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, acesso e posse da terra e acesso a serviços de saúde. Ou seja, como uma produção social e direito de cidadania, faz também necessário atentar para as dimensões regulatórias, próprias de qualquer política pública, frisando para a importância da autonomia individual e comunitária, quando se pensa a promoção da saúde. Nesse trabalho, resolvemos escolher justamente um desses fatores que atuam como determinantes/condicionantes do processo de saúde de um território e dos personagens que dele ocupam, a violência. Reconhecendo-a como um fenômeno de caráter paralaxe, ou seja, para a violência existir teremos que situá-la em relação a um sujeito, um objeto, um meio ou instrumento, a implicação de quem a estuda, analisa ou discute está intrinsecamente ligada ao que verá ou conseguirá abstrair e entender sobre ela. Nesse trabalho, tomamos a violência como dispositivo analisador dos processos de subjetivação em saúde no âmbito da ABS/ESF, na qual faz-se possível visualizar territórios permeados por “modos de vida precária”, marcados pela coexistência da invisibilidade e da naturalização da violência, do abandono e do sofrimento psicológico; mas também pela resistência a esse agenciamento através da micropolítica do desejo operando movimentos de vida e produção de saúde . Esse quadro faz parte dos agenciamentos desses territórios existências e da produção de subjetividades na sociedade contemporânea, expressando tanto “adoecimento” (desterritorialização da subjetividade) como modos de cuidar de si, forças da vida que resistem – reterritorialização. Diante disso, nos perguntamos esse fenômeno vem atravessando nossas práticas profissionais bem como os processos de saúde/adoecimento no território? Quais estratégias de resistência a esse agenciamento estão emergindo? Quais articulações podem ser potencializadas para operar o cuidado em saúde de maneira efetiva no território de atuação RIS? A partir desse foco indagatório e do referencial teórico-metodológico que fundamenta este estudo, nossos objetivos - geral: a) cartografar processos de subjetivação de atores que compõem a rede de atenção básica à saúde no município de Tauá-Ceará.; específicos: b) caracterizar a relação entre os altos índices de violência e a demanda pelo cuidado em saúde; c) conhecer a produção de territórios existenciais e modos de resistência vivenciados frente aos agenciamentos promovidos pela violência; d) analisar processos de subjetivação suscitados pela violência nos territórios de saúde cobertos pela ris. Para a realização desse trabalho, em um primeiro momento, submetemos o presente trabalho na Plataforma Brasil, encaminhando-o ao Comitê de Ética e Pesquisa Humana, como requisito necessário a ida a campo. A partir dessa delimitação e em conformidade com a Resolução nº 466 de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde – CNS (que estabelece as diretrizes e normas regulamentadoras em pesquisa envolvendo seres humanos) entramos em contato com os participantes da pesquisa. O sigilo das informações colhidas junto aos participantes da pesquisa no uso das palavras dos mesmos, com a preservação da identidade destes foi preservado, buscando abolir qualquer informação ou ato que fira a dignidade ou exponha indevidamente os sujeitos da pesquisa. Os participantes sujeitos do nosso olhar foram 20 pessoas que em algum momento estiverem sob nosso cuidado na ESF, assim como os indicadores e dados que se referem às violências no local de estudo. A produção de informações, nesse estudo, se deu por meio de uma cartografia, usando como dispositivo a clínica, entendendo-a como o espaço do cuidado, sendo ela inter e transdisciplinar, ampliada, peripatética, do devir/desejo, conscientes de que toda ação clínica é uma atividade política. Assim, consideramos a cartografia como um modo de fazer pesquisa-intervenção, uma metodologia do encontro e da arte de afetar e deixar-se afetar, para que fosse possível acompanhar os processos de subjetivação e a produção dos territórios de existência. RESULTADOS: Os resultados da análise dos processos de subjetivação revelam a violência como um fenômeno muito complexo. Ela constitui um problema histórico, um termômetro social e um indicador de qualidade de vida, ao refletirmos sua na repercussão na atenção à saúde, há a necessidade de incluir alguns dados gerais, nos atentando para os caminhos de possibilidade de ação setorial e intersetorial. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os movimentos ético-estético-políticos realizados nesse contexto deverão destrinchar como os determinantes e condicionantes sociais/ambientais/históricos/políticos/econômicos atravessam a construção da relação violência/AB, bem como os processos de subjetivação aí emaranhados, expressando linhas de forças da vida molar, maleável e molecular, segmentaridade e singularidade, bem como processos de territorialização e desterritorialização, na produção de modos de cuidado e atenção à saúde.


Palavras-chave


atenção básica; cartografia; saúde; violências.