Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Perfil dos idosos com doenças crônicas no Interior do Amazonas.
Indira Silva dos Santos, Tamiris Moraes Siqueira, Noeli das Neves Toledo

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação:

O envelhecimento da população é um fenômeno que ocorre no mundo. Em 1950 eram cerca de 204 milhões de idosos no mundo, passando para 579 milhões no ano 1998, um crescimento de quase oito milhões de pessoas idosas por ano.

Caracterizado como um processo dinâmico e progressivo, onde existem modificações, que levam à perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio, o envelhecimento da população mundial desperta preocupação nas áreas da saúde, mercado de trabalho, educação, e principalmente na previdência.

No Brasil, o envelhecimento da população começou a chamar atenção das autoridades, a partir da década de 90, quando surgiu a Política Nacional do Idoso (PNI), e posteriormente o Programa de Saúde da Família (PSF), devido ao grande aumento demográfico.

No Amazonas, os idosos são em torno de 255 mil, representando 7,1% da população do estado, havendo em média um idoso para cada cinco pessoas com menos de 15 anos. O índice de envelhecimento em 2001 era de 13,2%, já em 2011 este índice estava em 21,8%.

Contudo, pouco se sabe em relação ao perfil dos idosos que vivem no interior do Amazonas, pois há uma escassez severa de estudos com esta população.

Desta forma, este trabalho trata-se de um projeto de Iniciação Científica, realizado com 136 idosos do interior do Amazonas, cujo objetivo é verificar a prevalência e o perfil dos idosos com doenças crônicas no Município de Manacapuru/AM.

Desenvolvimento do trabalho: Estudo descritivo com abordagem quantitativa, realizado no ano de 2015, que faz parte de uma pesquisa de maior amplitude, cujo objetivo geral foi analisar o papel do enfermeiro no cuidado a pessoa idosa na Atenção Básica de Saúde do Município de Manacapuru-AM. A amostra do estudo foi composta por 136 idosos, de ambos os sexos, com idade acima de 60 anos. O convite e a entrevista ocorreram na recepção da unidade e nos domicílios que a unidade abrange, sendo incluídos no estudo somente os idosos que concordaram e assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. Utilizamos a técnica da entrevista, sendo aplicado um instrumento composto por questões fechadas, cujo objetivo foi identificar: sexo, idade, estado civil, condições socioeconômicas, bem como a situação de saúde, dependência/autonomia e atividade instrumental diária dos idosos. As entrevistam tiveram duração com cerca  de 20 minutos. Os dados foram tabulados em planilha Excel, sendo analisados: médias, desvio-padrão e percentuais de distribuição, as quais são apresentadas em tabelas ou gráficos. Conforme as recomendações éticas e legais contidas na Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) que trata sobre as pesquisas envolvendo seres humanos, este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas (CEP/UFAM) com o CAAE n° 45582015.5.0000.5020.

Resultados e/ou impactos: os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados no estudo:

Da população entrevistada, 74 foram mulheres e 62 foram homens. A maior média de idade foi a dos homens com 71,6±8,3, quanto às mulheres a média foi de 69,1±8,3. O maior percentual de homens informou ser casado (62,9%), enquanto que a maior parte das mulheres informou serem viúvas (44,5%). O maior percentual de homens referiu ser católicos e maioria das mulheres referiu ser evangélicas. Quanto ao número de filhos a média dos homens foi maior com 7,3±3,5. A média de tempo que as mulheres frequentaram a escola foi maior 2,7 ± 3,1. O maior percentual dos idosos, de ambos os sexos, informaram ser aposentados, com renda até um salário mínimo, morar com cônjuge, filhos e netos e em casa própria.

Apesar de um equilíbrio entre os sexos em relação à média de idade encontrada em nosso estudo, a viuvez referida em 44,5% das mulheres entrevistadas, vai de encontro à pesquisas que apresentam a variável sexo entre os idosos o favorecimento às mulheres, uma vez que 56,1% da população com 60 anos ou mais equivale ao sexo feminino, contra 43,9% do sexo masculino. Esse fenômeno em que a presença de mulheres na população idosa é superior à dos homens é denominado feminização da velhice. A longevidade das mulheres deve-se ao maior cuidado destas em relação à saúde, sendo que este fenômeno se intensifica nas regiões metropolitanas devido à maior disponibilidade de serviços de saúde.

O envelhecimento, infelizmente, aumenta a prevalência de diversas afecções, principalmente as de caráter crônico. Neste cenário, devemos dar atenção especial aos fatores de risco, sintomatologia e prevenção das doenças mais comuns na terceira idade. As afecções cardiocirculatórias apresentam-se com a maior prevalência. Entre elas a hipertensão arterial, os infartos, anginas, insuficiência cardíaca e AVC’s. Ademais, somam-se as doenças degenerativas como a osteoporose e osteoartrose; doenças pulmonares como pneumonias, enfizema, bronquites e as gripes são destacadas principalmente nos meses de inverno; ainda os diversos tipos de câncer, diabetes e infecções.

Ao analisarmos resultados, constatou-se que mais da metade das idosas (60%) relataram ter hipertensão, seguidos pelo reumatismo (40%) e insônia (35%). Entre os idosos, essas doenças também foram as mais relatadas, porém com percentuais semelhantes entre si, com 60%, 58% e 50% respectivamente.

Estudos apontam que a morbidade auto-referida pela população idosa encontra-se compatível com as altas taxas de mortalidade por doenças crônicas encontradas em países em desenvolvimento, tais como a Hipertensão Arterial Sistêmica, fato também observado em nosso estudo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio dos resultados desta pesquisa destacamos a maior referência a doenças entre mulheres idosas, quando comparado aos homens. Por outro lado, o maior percentual entre os idosos é o de hipertensão Arterial Sistêmica, que vai de encontro a pesquisas que mostram diferenças nas atitudes entre homens e mulheres em relação ao controle e tratamento de doenças.

A Estratégia Saúde da Família constitui-se em um espaço de grande privilégio para a atenção integral à saúde da pessoa idosa. Sua proximidade com a comunidade e a atenção domiciliar possibilita uma atuação profissional contextualizada na realidade vivenciada pelo idoso no seio familiar

Desta forma, este estudo nos permitiu evidenciar as características clínicas e sociodemográficas dos idosos atendidos na Unidade Básica de Saúde (UBS) de Manacapuru, fornecendo um diagnóstico situacional destes idosos que podem ser replicados a outros cenários, com a finalidade de contribuir com os profissionais da saúde no sentido da possibilidade de implementações de ações fundamentadas no contexto real da população.


Palavras-chave


Saúde do Idoso; Doenças Crônicas; Enfermagem.