Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Integralidade no cuidado à saúde: Biblioterapia como prática integrativa e complementar
Daniela Dallegrave

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


Apresentação: Biblioterapia ou literapia refere-se ao uso de livros dos mais variados gêneros como instrumento da prática terapêutica para provocar um "sentir-se bem". Também refere-se ao uso de jogos, imagens, músicas ou outros elementos da cultura. A palavra é tomada como simuladora da realidade e capaz de promover um encontro intenso entre terapêuta e pessoa que está sendo cuidada. A literatura aponta para três tipos de práticas biblioterapêuticas: 1) biblioterapia institucional ou corporativa; 2) biblioterapia de desenvolvimento pessoal; 3) biblioterapia clínica. Este resumo refere-se a reflexão sobre uma experiência de uso da biblioterapia clínica em uma unidade da estratégia saúde da família, praticada por uma enfermeira, no período de cinco meses.

Desenvolvimento do trabalho: a biblioterapia clínica é uma prática multiprofissional, pouco difundida entre os profissionais da saúde. Embora não esteja contemplada na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares pode ser considerada como tal, pois constitui um olhar holístico para os sujeitos do cuidado. Para realizar a prática terapêutica são necessários alguns requisitos: Conhecer a pessoa; Conversar sobre hábitos de leitura; Oferecer leituras; Oferecer-se para ler junto. O terapêuta pode recorrer a este modo de cuidado quando intenciona: retomar a criatividade; aliviar a ansiedade; diminuir a tristeza; promover o pensar na vida; diminuir a dor; ressignificar o trabalho; problematizar o aprender novas coisas; promover o hábito de ler; aproximar-se da pessoa a ser cuidada; auxiliar na tomada de decisão; lidar com o luto; preparar o paciente para o ambiente hospitalar, entre outros motivos.

Resultados esperados: As potencialidades da prática de biblioterapia clínica são: permitir ao paciente verificar que há mais de uma solução para seu problema; conhecer melhor a si e as reações dos outros; alcançar um entendimento das emoções; afastar a sensação de isolamento etc.. Como desafio, entende-se que é preciso que o terapêuta tenha um vasto conhecimento sobre materiais a serem sugeridos. Além disso, o terapêuta deve identificar possíveis riscos para pacientes que estejam em processos de adoecimentos caracterizados por vontade de fugir da realidade, necessidade de criar um mundo paralelo para viver ou de possíveis construções de falsa imagem da vida. As sessões de acompanhamento podem se orientar por: “Deixar falar” com escuta sensível; Estimular que a pessoa conte sua história (biblioteca humana); Registro de sentimentos; Registro de ideias; Registro de planejamento; Registro de ações possíveis; Conversar sobre uso da aprendizagem no dia-a-dia; Ajudar a perceber habilidades (para além do trabalho desempenhado pelo paciente). O biblioterapêuta pode elaborar pareceres contendo análise do conteúdo das sessões.

Considerações finais: A biblioterapia clínica é prática pouco utilizada no cuidado em saúde. Pode ser realizada por diferentes profissões da saúde, desde que o profissional detenha um amplo conhecimento sobre materiais a serem utilizados. É importante que o profissional defina em conjunto com os pacientes sobre possíveis desafios  a serem enfrentados, avaliando capacidade, preferências e frequências de leitura, o estilo de aprendizagem e algumas limitações físicas, como por exemplo, um eventual problema de visão.

 

 


Palavras-chave


Biblioterapia; Assistência Integral à Saúde; Terapias Complementares