Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2018-01-24
Resumo
Apresentação
No mundo atual, as necessidades de mudanças e atualizações são rápidas, na área da saúde, isso é ainda mais intenso, pois o panorama de saúde sofre alterações constantes, exigindo dos profissionais de saúde que estejam sempre se capacitando e buscando novos conhecimentos. Essa realidade torna-se um desafio para os profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS), pois muitos estão distantes dos grandes centros formadores e atrelada a isso, a complexidade da APS, exige desses profissionais uma formação diferenciada para atender as demandas desse nível de atenção, mas muitos são formados e capacitados em práticas desconectadas da realidade e distante do que irão enfrentar no seu dia-a-dia de trabalho. Com as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC’s), vê-se a possibilidade de melhoria no cuidado, para tanto, surge o Telessaúde Brasil Redes como uma ferramenta que busca apoiar as carências surgidas no decorrer da construção do processo de cuidado no território, proporcionando a possibilidade do fazer diferenciado das Equipes de Saúde da Família (ESF). Dessa forma, ele se constitui um importante instrumento de apoio à tomada de decisões, diminuindo o tempo e gasto de recurso financeiro no sentido de resolver situações locais, além de ser uma ferramenta estratégica para qualificação dos trabalhadores no SUS. Em Sergipe, o Núcleo Telessaúde está sob a governabilidade da Secretaria Estadual de Saúde (SES) sendo suas ações operacionalizadas através da estrutura organizacional da Fundação Estadual de Saúde – FUNESA. O referido núcleo compõe uma das coordenações da Funesa, composta por profissionais de diversas formações, que atuam como teleconsultores, telerreguladores, monitores de campo, técnicos em informática, analistas educacionais e auxiliares administrativos. Todos responsáveis pelo desenvolvimento e disponibilização das ofertas de serviços: teleconsultoria, segunda opinião formativa e tele-educação. Esta última, tem sido aperfeiçoada na perspectiva de melhor qualificar as ESF nos municípios de Sergipe. A experiência relatada no presente resumo tem o objetivo de apresentar como a ferramenta da tele-educação, na perspectiva da Educação Permanente em Saúde (EPS), pode contribuir para repensar e reconstruir práticas no cotidiano do SUS.
Desenvolvimento do trabalho
No Núcleo de Telessaúde Sergipe, as atividades de tele-educação são ofertadas, prioritariamente, para os profissionais das ESF (médico, enfermeiro, auxiliar e / ou técnico de enfermagem, odontológo, auxiliar e / ou técnico em saúde bucal, agente comunitário de saúde) dos 75 municípios que compõem o Estado de Sergipe. Tais atividades estão pautadas nas diretrizes da EPS mediada por TIC’s que permite o aperfeiçoamento de mecanismos participativos, respeitando o conhecimento dos profissionais e ampliando os espaços de aprendizagem no próprio local de trabalho. A tele-educação é uma atividade educacional que utiliza as ferramentas tecnológicas como meio para apoiar a formação dos trabalhadores do SUS, de acordo com a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (PNEPS). Podem ser desenvolvidas em diversos formatos: Cursos, módulos educacionais, web aulas/ web palestras em modalidade à distância. Em Sergipe, o Núcleo de Telessaúde optou por trabalhar com o formato de web palestras, sendo realizadas a cada 15 (quinze) dias com a participação de profissionais com notório saber sobre as diversas especialidades temáticas para apresentação e discussão do conteúdo, com a possibilidade de interação por meio de perguntas e respostas facilitadas pela figura de um mediador. As webpalestras são realizadas de modo síncrono (transmissão ao vivo) por meio de ferramentas virtuais e gravadas para serem utilizadas de forma assíncrona com a possibilidade de socializar o vídeo com os profissionais que não tiveram a oportunidade de participar em tempo real, além de permitir revisitação. A estrutura dessa ação ocorre com o tempo de duração máximo de 02 (duas) horas por atividade. Nesse contexto, é que são desenvolvidas ações de tele-educação utilizando o próprio espaço de trabalho, como campo de reflexão. As demandas de tele-educação são construídas a partir de oficinas realizadas pela equipe de campo do telessaúde nos diversos municípios onde são extraídos temas importantes para serem compreendidos e estudados nesses momentos; outros temas são identificados pela gestão estadual como pertinentes para serem abordados como forma de indução de política de saúde. No momento da teorização, ou seja durante a tele-educação, grande parte dos profissionais participam ativamente, apesar ser uma modalidade educacional à distância, a ferramenta permite que o conteudista e os profissionais da ESF dialoguem, esclareçam dúvidas, para que de fato, o trabalhador possa refletir, ressignificar e incorporar novos fazeres à sua prática.
Resultados e/ou impactos
Desde 2014, quando Sergipe iniciou as ofertas de tele-educação, foram desenvolvidas trinta seis ações dessa natureza com a abordagem de diversos temas que envolveram processos de trabalho, orientação de fluxos de cuidado integral na rede, esclarecimentos relacionado às patologias e manejos clínicos, dentre outras. Contemplando 8.501 profissionais, aproximadamente, com a maior participação de agentes comunitários de saúde, seguido de enfermeiros (as). A estratégia de qualificar em tempo real e envolver grande quantidade de profissionais e gestores oriundos de municípios distintos para tratar de conteúdos pertinentes e semelhantes poderia ocasionar desassistência aos serviços pela ausência dos profissionais, além de grandes gastos com infra estrutura e tempo de deslocamento para a capital. Tal fato é desconstruído através das ações de tele-educação, cuja capilaridade para dentro dos territórios facilita o acesso aos momentos de EPS, possibilitando a discussão de temáticas à distância com diversos atores e especialistas, além de propiciar o debate salutar e aprendizado no próprio ambiente de trabalho. Essa ação têm sido identificada como positiva por profissionais e gestores, na perspectiva de revisão de trajetórias e instituição de novas práticas no SUS.
Considerações finais.
A necessidade em desenvolver tele-educação é constante, pois a cada ação surgem outras necessidades de aprendizagem identificadas pelos trabalhadores como reflexo do pensar o cotidiano sob outra ótica, fomentada muitas vezes pela discussão em equipe. Outra inferência dessa atividade diz respeito ao formato de web-conferência enquanto um espaço de debate de elementos que envolvem vários profissionais para além da ESF, amplia o debate entre outros municípios do Estado. Portanto, fica notória a importância da tele-educação, enquanto uma ferramenta potente para qualificar e aperfeiçoar práticas, tendo em vista fomentar a qualificação no próprio espaço de trabalho, dialogando com seus pares, repensando coletivamente suas ações, planejando e revisando práticas nos serviços de saúde com vistas à melhoria do cuidado à população assistida e consolidação do SUS em Sergipe.