Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O ATENDIMENTO HUMANIZADO NA VISÃO DO USUÁRIO DE ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA LIVRAMENTO/SÃO JOSÉ OPERÁRIO
Luara Rebelo Nunes, Stephany Bruce da Silva, Itamara Rodrigues Moura, Alda Lima Lemos, Eulália Cecilia Pantoja Ramos

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Apresentação: A Atenção Básica (AB) funciona como um atendimento inicial aos usuários nos sistemas de saúde, tem como objetivo a orientação sobre a prevenção de doenças, a solução de casos simples e o direcionamento dos graves para níveis de complexidade superiores. A humanização na atenção primária destaca a importância do ser humano e de seus direitos, os quais valorizam sua autonomia no processo do cuidar, dessa forma, essa prática se torna imprescindível, pois com a grande demanda de pacientes e o número reduzido de profissionais o trabalho humanizado muitas vezes é ignorado. A partir desse contexto, faz-se necessário compreender se há humanização na AB de acordo com a visão do cliente, que é o principal sujeito no atendimento. A Política Nacional de Humanização (PNH) valoriza não só os direitos dos usuários, mas também dos trabalhadores da saúde. Essa medida promete o direito à saúde com responsabilização e vínculo, considerando a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários na construção dos processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no autocuidado. A PNH tem o intuito de reduzir as filas e o tempo de espera, além de, proporcionar conhecimento aos usuários e aos profissionais responsáveis pela sua saúde, informações sobre o seu estado e a garantia da gestão participativa das unidades de atendimento e educação permanente da equipe, contrapondo o despreparo da saúde para lidar com o âmbito subjetivo do cuidado. Partindo desta explanação, a temática Humanização no Cotidiano do Serviço, foi determinada como tema gerador da pesquisa por possuir compatibilidade com os objetivos da mesma, realizada através de perguntas diretas feitas aos usuários do serviço focalizando-se na compreensão das dificuldades e potencialidades na rede de AB. Esta temática surgiu da motivação na primeira experiência do grupo em uma Unidade Básica de Saúde (UBS), na qual o número de pessoas a procura de serviço é grande e onde foi possível observar inúmeras fragilidades, sendo a pouca humanização uma delas. Desenvolvimento do trabalho: O presente estudo trata-se de uma Atividade Integrada em Saúde (AIS), através de uma pesquisa de campo, que visa observar um determinado fenômeno da sociedade, afim de encontrar respostas e soluções para tal. Com caráter descritivo, onde os pesquisadores irão analisar, classificar e interpretar os resultados sem interferência ou manipulação dos mesmos. Diante disso a investigação foi realizada a partir do uso de técnicas padronizadas para a coleta de dados. Tendo abordagem quantitativa, através da aplicação do questionário, com o intuito de transformar em números informações colhidas para por fim, explora-las e classifica-las. O local determinado para a aplicação do questionário foi a Estratégia de Saúde da Família Livramento/São José Operário, no bairro Urumari, município Santarém-Pará. O público alvo foram os moradores do bairro, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo aplicado um quantitativo de 30 questionários, tendo como único critério de exclusão ser menor de 18 anos. Resultados e/ou impactos: Com base na coleta de dados os resultados demostraram como a visão em relação ao atendimento se difere para cada indivíduo. Corroborando com essa ideia temos a classificação do serviço na UBS que obteve respostas entre “excelente” (7%), “bom” (36%), “regular” (50%), “ruim” (7%) e “péssimo” (0%), demostrando uma assistência razoável, com pontos positivos e falhas que precisam ser revistas e solucionadas. No quesito humanização, 80% dos voluntários consideram a assistência humanizada, 10% não responderam a questão e os outros 10% relataram falta de humanização, que em sua maioria, referia-se ao atendente, citados também enfermeiro, médico, odontólogo e a equipe de limpeza, o que leva a considerar a importância de um atendimento com qualidade que deve partir de todos os profissionais desde o atendimento inicial ao os mais complexos. Apesar de a maioria considerar o atendimento humanizado, muitos apontaram questões que precisam ser melhoradas como gentileza (26%), atenção (50%), cuidado (16%), ética (3%) e outros (13%) que correspondiam ao horário, administração e limpeza apontados pelos próprios pesquisados, sendo importante ressaltar que nessa questão poderia marcar mais de uma opção. Ao analisar o horário que os usuários buscam o atendimento, o turno com a maior demanda é o da manhã com 93,3%, os demais representam juntos 6,6%, refletindo a oferta dos atendimentos específicos disponibilizados no período matutino. Em relação a ausência de atendimento 53% dos indivíduos relataram que em algum momento não o obtiveram, mencionando motivos como a falta de médicos, dentistas ou profissionais capacitados; materiais; informações; e vagas distribuídas. Considerando o tipo de atendimento com maior procura, a consulta médica se destaca nesse quesito com 73%, os demais atendimentos correspondem a 26% vacina, 16% medicação/farmácia, 16% saúde da mulher, 6% crescimento e desenvolvimento e 3% grupo de diabéticos e hipertensos, porém ao se tratar de uma Estratégia de Saúde da Família (ESF), no qual a administração pré-determina os atendimentos do dia, a demanda pode variar de acordo com o período da coleta de dados, esse questionamento permitia aos pesquisados optarem por mais de uma opção de resposta. Quando questionados sobre o tempo de espera para o atendimento, 16,6% afirmaram esperar até 30 minutos, 20% entre 30 minutos a 1 hora e 63% aguardam em média mais de 1 hora, dado este que não indica necessariamente algo ruim, uma vez que a humanização também demanda tempo de serviço dedicado individualmente. Respaldando essa ideia de que uma espera prolongada pode significar um atendimento mais amplo e adequado, uma das perguntas indaga se o paciente foi consultado de maneira satisfatória e mesmo com uma grande percentagem de reclamações a respeito da demora para o atendimento, cerca de 76,6% dos indivíduos consideraram o serviço suficiente, 20% disseram não ser adequado e 3,3% afirmaram que apenas as vezes é satisfatório. Analisando a melhora ou não do quadro de doença do indivíduo, 83,3% apontaram uma recuperação após a ida na ESF, apenas 13,3% relataram não apresentar melhora e 3,3% informaram que apenas algumas vezes obtiveram restabelecimento da saúde, dado positivo, pois a unidade consegue cumprir seu papel de mediadora da saúde. Por fim, ao averiguar com os usuários da ESF sobre um possível “passa tempo”, para servir como distração no período de espera, 16,6% relataram não ter interesse em tal atividade e 83,3% apresentou interesse, mostrando uma abertura para atividades voltadas a distração e diminuição do estresse durante a espera. Considerações finais: Levando-se em conta o que foi observado e os argumentos apresentados, a necessidade de humanização mostra-se evidente, já que os itens gentileza, atenção, cuidado e ética são colocados pelos clientes como falhos. Diante disso, a humanização do profissional é de fundamental importância, pois o usuário interpretará a qualidade do atendimento a partir do tratamento que ele recebe não apenas na AB mas também nos outros níveis. Dessa forma, o conhecimento acerca do objetivo da PNH, deve ser dado tanto para profissionais da saúde como para usuários do serviço, pois de modo íntegro ela objetiva difundir a prática da humanização em todos os serviços do SUS, que traz como característica ações de sensibilidade dos trabalhadores frente ao sofrimento das pessoas; abolição de tratamentos desrespeitosos e isolamento das pessoas de suas redes sócio familiares nos procedimentos; melhoria nos ambientes de trabalho, dentre outras.

Palavras-chave


Humanização da Assistência;Saúde;Atendimento