Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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CONHECIMENTO DE PROFESSORES ACERCA DAS MANOBRAS DE RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR: SUPORTE BÁSICO DE VIDA
Tatiane Lima da Silva, Brenda dos Santos Coutinho, Andreza Dantas Ribeiro, Thais Chrystinna Guimarães Lima, Lara Monteiro Cardoso, Herman Ascenção Silva Nunes, Renan Fróis Santana, Irinéia de Oliveira Bacelar Simplício

Última alteração: 2017-12-21

Resumo


Apresentação: No Brasil, assim como em todo o mundo, as principais causas de mortalidade da população devem-se as doenças cardiovasculares. A falta de reconhecimento dos sintomas e o desconhecimento da sociedade acerca de como agir em uma situação de risco iminente à vida ocasiona um aumento expressivo no número de mortes súbitas. Em vista disso, observa-se a importância do leigo em detectar uma parada cardiorrespiratória (PCR) e saber como atuar a fim de auxiliar na sobrevida da vítima. Desse modo, é possível conceituar o suporte básico de vida (SBV), como sendo as primeiras etapas de abordagem da vítima, incluindo a desobstrução das vias aéreas, ventilação e circulação artificial. Entretanto, apesar de ser reconhecido o potencial da realização da ressuscitação cardiopulmonar (RCP) precoce, um número ínfimo de vítimas recebe o salvamento de um individuo próximo ao ocorrido. Em vista disso, a American Heart Association (AHA) recomendou que as escolas tivessem o zelo de realizar o treinamento em RCP, tanto dos educadores quando dos educandos. Tal orientação pressupõe uma afirmação verdadeira, isto é, de que as escolas representam o ambiente ideal para alcançar o maior número de indivíduos capacitados no SBV. O que já é observado na Noruega, que aplica o ensino compulsório do SBV desde a idade escolar. Considerando o exposto, o objetivo do estudo foi verificar o conhecimento prévio e posterior à oferta de uma oficina teórico-prática dos professores de uma escola municipal acerca das técnicas de RCP. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo de abordagem quantitativa, realizado por acadêmicos de enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA), em associação com a empresa agrícola Cargill em uma escola municipal em Santarém, estado do Pará, em maio de 2017. A pesquisa foi efetivada por meio de três etapas, sendo que na primeira houve a aplicação de um questionário a fim de identificar o conhecimento prévio dos educadores sobre a PCR e a RCP, após foi realizada uma oficina teórico-prática com esses profissionais, com o objetivo de informar acerca dos princípios básicos da RCP, utilizando para este fim um manequim adulto destinado ao treinamento em RCP, sendo explanados os preceitos teóricos da ressuscitação, com posterior demonstração, além disso, todos os professores foram convidados a realizar as manobras. Na terceira e última etapa, o questionário foi reaplicado com o intuito de verificar se houve efeito positivo com a realização da educação teórica e prática acerca da RCP. A análise dos dados se deu pela estatística descritiva, com auxilio do software Excel® 2016. Resultados e/ou impactos: Participaram do estudo 11 educadores, 72,7% eram do sexo feminino, na faixa etária de 26 a 53 anos, idade média de 40,2 ± 6,6. Quanto ao vínculo com a instituição de ensino, 72,7% eram concursados e 27,3% contratados. Foi observado que a maioria dos professores participantes trabalhava na Educação de Jovens e Adulto (EJA) (90,9%), destes, 80% há mais de 5 anos. Antes da oficina teórico-prática em RCP, 46,2% afirmaram saber o que era RCP e 46,2% não, sendo que 7,7% não informaram. Após a prática, 90,9% informaram saber do que se tratava e 9,1% não responderam. Outra pergunta relacionada foi se os pesquisados já tinham presenciado alguma situação em que foi necessária a realização da RCP, 76,9% indicaram que não e 23,1% que sim. Um dado interessante foi que após a oficina, percebeu-se que o quantitativo dos que relataram ter visualizado a RCP aumentou para 36,4%. Quando os professores foram questionados acerca de qual seria o procedimento correto da escola em uma situação de PCR, 61,5% apontaram que seria chamar o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) 192 ou o corpo de Bombeiros, 30,8% responderam que seria iniciar as compressões torácicas e 7,7% que transportaria por conta própria até o local de socorro à vítima. Posterior à ação, 54,5% inteiraram que seria iniciar as compressões e 45,5% chamar o SAMU/ corpo de bombeiros. Cabe ressaltar dentro desse contexto que a AHA destaca que na PCR extra-hospitalar, o passo inicial deve ser o reconhecimento e acionamento do serviço médico de emergência e após a RCP imediata e de alta qualidade, o que pode colaborar para que ambas as respostas sejam consideradas corretas. Acerca de como seria o procedimento para identificar uma PCR, 61,5% disseram que seria examinar o nível de consciência, pulso e respiração; 23,1% apontaram que seria aferir pulso e respiração e 15,4% responderam que não sabiam. Em seguida à oficina, 90,9% indicaram que seria analisar o nível de consciência, pulso e respiração e 9,1% verificar somente pulso. No que condiz a posição em que a vítima deveria está para se realizar a RCP, 76,9% apontaram que deveria ser deitada de costas em uma superfície plana e dura; 15,4% deitada de costas e 7,7% não sabiam. Após a ação, 90,9% informaram que seria de costas em uma superfície plana e dura e 9,1% referiram que seria deitada de costas. Quanto ao local do corpo adequado para se realizar a RCP, 38,5% confirmaram não saber, 23,1% apontaram que deveria ser dois dedos antes do fim do osso que está no meio do peito (esterno), 23,1% no meio do peito e 15,4% no meio do coração. Após, todos informaram que seria dois dedos antes do fim do osso que está no meio do peito (esterno). Respectivo à relação entre compressões e respirações na manobra de RCP, isto é, os ciclos, 46,2% disseram que este seria de 15:1; 23,1% de 30:2; 15,4% de 12:8 e 15,4% não sabiam. Posterior, 81,8% disseram que seria 30:2, 9,1% de 45:3 e 9,1% não informaram. Percebeu-se que a resposta de muitos anteriores a prática foi intuitiva. A respeito da questão de realização da respiração boca a boca em uma pessoa desconhecida vítima de PCR, 53,8% proferiu que faria; 38,5% não e 7,7% não referiu. Após, 90,9% aludiram que não e 9,1% que sim. No que concerne à realização de massagem cardíaca sem realizar respiração boca a boca, 46,2% responderam que fariam; 46,2% que não e 7,7% não informaram. Após, 90,9% compreenderam que esta ação seria eficaz para a vítima e protetora para o socorrista e 9,1% que não. Respetivo ao momento adequado de cessar as manobras de RCP, 69,2% indicaram que seria com o retorno dos batimentos cardíacos e 30,8% com a chegada do SAMU/ Corpo de bombeiros. Após, 63,6% ratificaram que seria quando retornarem os batimentos cardíacos e 36,4% quando chegasse o SAMU/ Corpo de bombeiros. Considerações finais: Observou-se que a atividade programada foi capaz de ressaltar algumas características inerentes a RCP, visto que muitos dos educadores não sabiam o que seria essa manobra ou como realizá-la, todavia, é importante destacar que essas ações deveriam ser contínuas e obrigatórias, tanto para os educadores quanto para os educandos, visto que estaria contribuindo para a formação de uma sociedade mais autônoma e afetaria positivamente no quantitativo de mortalidade por doenças cardiovasculares. Em virtude disso, a escola deve reconhecer o seu papel social perante o SBV, sendo ideal a capacitação dos educadores e a inserção obrigatória desse tema no currículo escolar.

 


Palavras-chave


Relações Comunidade-Instituição; Reanimação cardiopulmonar; saúde na escola.