Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Discutindo o Processo de Ensino Aprendizagem na Educação Profissional em Saúde
Marcia Cavalcanti Raposo Lopes, Cirstina Massadar Morel

Última alteração: 2017-12-21

Resumo


Tomando por base a formação profissional de trabalhadores da saúde, no que se refere à educação de adultos, observamos que não há um acúmulo expressivo de reflexão sobre o tema do ensino-aprendizagem. Ponto importante a ser estudado, considerando o trabalho desenvolvido nas Escolas Técnicas do SUS.

Neste sentido, o objetivo desta investigação é problematizar os processos de aprendizagem na formação técnica em saúde de adultos trabalhadores. Consideramos que a discussão sobre a formação do trabalhador da saúde, deve ter como ponto fundamental ampliar o horizonte dos alunos para além do discurso biomédico e seus parâmetros científicos. Assim, toda a discussão do processo de ensino aprendizagem neste caminho formativo não pode se deter apenas a refletir sobre a pura assimilação de conteúdos e técnicas.

Optamos então por abordar a questão da aprendizagem a partir da concepção da cognição inventiva. Nesta perspectiva, a aprendizagem é compreendida como a própria produção de subjetividade, quando aquele que aprende, experimenta novas situações que o transformam de maneira imprevisível, e ao mesmo tempo aciona mecanismos de sedimentação de conhecimentos.

Este estudo tem como pano de fundo o Curso Técnico de Agente Comunitário de Saúde desenvolvido na Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV). O trabalho se desenvolveu a partir de análise de documentos como atas de reunião de professores e de conselhos de classe e registros sobre as atividades pedagógicas alternativas produzidos por docentes e alunos. Estas atividades pedagógicas   consistiram em oficinas e debates em torno de temas atuais, visitas a museus, parques, centros culturais, construções históricas etc..

Nossas análises nos mostram como foram produzidos diferentes disparadores de reflexão e reconfiguração de sentidos – processos essenciais se pensarmos na formação dos trabalhadores do SUS. Tão importante quanto a assimilação dos conteúdos técnicos, esta formação precisa produzir sujeitos-trabalhadores sensíveis e comprometidos com a construção de práticas de saúde para além dos conhecimentos técnicos científicos.

A aprendizagem, compreendida como processo de produção de subjetividade, aponta para a transformação operada naquele que aprende. As estratégias pedagógicas exploradas acima, entendidas aqui como dispositivos pedagógicos, mobilizaram nos alunos posturas que favorecem o questionamento da sua condição de vida e de suas práticas profissionais. O trabalho realizado possibilitou que os alunos problematizassem as relações entre educação, cultura e saúde, e as maneiras de promover práticas de saúde. Pode-se afirmar que estas experiências, além de tantas outras às quais foge ao nosso controle precisar, criaram a possibilidade de os alunos “não serem mais os mesmos” e se fortalecerem para a construção do SUS e de uma sociedade mais justa.

 


Palavras-chave


Educação Profissional em Saúde; Educação de Adultos; Cognição Inventiva