Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
Tamanho da fonte: 
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR PARA LEIGOS: Conhecer para Aplicar
Indira Silva dos Santos, José Ricardo Ferreira da Fonseca, Tamiris Moraes Siqueira, Nayara da Costa de Souza, Naiara Ramos de Albuquerque, Aryanne Lira dos Santos Chaves, Amanda Marinho da Silva

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


Apresentação:

Umas das principais causas de mortes anualmente no Brasil e no mundo estão relacionadas às doenças cardiovasculares, em sua maioria as cardiopatias isquêmicas. O índice de óbito em ambiente extra – hospitalar chegam a 80% quando não há um reconhecimento dos sinais, sintomas e da gravidade em que se encontra. Essa falta de conhecimento além de diminuir a chance de sobrevida da vítima, pode ocasionar o atraso do atendimento especializado. Com isso nota – se a importância do atendimento precoce e adequado da parada cardiorrespiratória (PCR), aumentando a sobrevida de uma vítima que sofreu parada cardíaca. A participação da população leiga no atendimento à PCR configura fundamental importância, uma vez que grande parte delas ocorre em ambiente extra-hospitalar, como residências e em comunidade onde o acesso à profissionais é restrito, realidade de muitos interiores do Amazonas.

Dados epidemiológicos nacionais apontam que, entre as doenças cardíacas, a insuficiência cardíaca e o infarto agudo do miocárdio foram as principais causas de morte em 2014. Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) referem ainda que do total de mortes por doenças cardíacas 9,7% ocorreram no território nacional, representando um problema substancial de saúde pública.

A principal causa de morte fora dos hospitais é a falta de atendimento e a segunda é o socorro inadequado. Os indivíduos morrem pois as pessoas não realizam nenhum procedimento ou realizam de maneira inadequada.

O atendimento a uma vítima de mal súbito ou trauma, é denominado de Suporte Básico de Vida (SBV). Esse atendimento visa à manutenção dos sinais vitais e à preservação da vida da vítima, além de evitar o agravamento de lesões existentes, até que uma equipe especializada possa assumir o atendimento. Qualquer pessoa, sendo ela orientada com um treinamento de SBV, será capaz de agir corretamente perante a ocorrência de uma PCR contribuindo significativamente.

Um estudo realizado na cidade de Campinas SP apresentou que o principal motivo dos leigos não realizarem a RCP são o desconhecimento do que fazer, dificuldade em compreender as diretrizes e não saber como chamar o Serviço Médico de Emergência (SME).

Portanto, ao treinar a população leiga quanto ao rápido reconhecimento da PCR, o início imediato da RCP e acionar o SME aumenta significativamente a taxa de sobrevivência do indivíduo, mostrando que a atuação de um socorrista leigo é importante pois geralmente as RCPs ocorrem em local sem a presença de auxilio especializado.

O público leigo deve ser capacitado de forma a tentar simplificar as diretrizes e fixar de forma sistemática as recomendações, para aplicar os conhecimentos quando necessário, sempre sendo orientados quanto à necessidade de acionar o Serviço Médico de Emergência, que é uma etapa frequentemente negligenciada devido à falta de informação ou nervosismo no momento da parada.

Portanto, este trabalho trata-se um relato de experiência de acadêmicos de enfermagem, que tem por objetivo socializar a vivência em uma Atividade de Extensão Curricular (ACE), que foi criada para instruir pessoas leigas na realização da Ressuscitação cardiopulmonar, conforme os procedimentos e diretrizes da American Heart Association ( AHA) de 2015.

Desenvolvimento do trabalho: descrição da experiência ou método do estudo

As atividades ocorreram no período de julho a dezembro de 2017, e contou com a participação de 10 acadêmicos de enfermagem e um tutor. Foram realizadas reuniões semanais, onde foi executado o treinamento com os alunos, tendo como base as diretrizes da American Heart Association de 2015.

As ações de treinamento e instrução da população quanto a RCP de qualidade foram realizadas em pontos estratégicos da cidade de Manaus, em locais onde há grande fluxo de pessoas, para que se atingisse um grande número de transeuntes e uma melhor diversidade populacional.

A cada ação, foi instalado um posto de referência com uma barraca contendo faixas, e todo suporte necessário, como bonecos para simulação realística, cadeiras, para melhor conforto ao público e banners. Os indivíduos participaram de forma vonluntária das ações tanto por meio de convites em redes sociais, quanto por espontaneidade e curiosidade ao ver a movimentação do grupo de acadêmicos no local. As conversas foram feitas em ciclos para melhor acomodar a comunidade, onde cada exposição tinha duração de 30 minutos. Em um primeiro momento foi perguntado aos participantes o que sabiam sobre a RCP e foi elencado a importância de ter este conhecimento. As estratégias de ensino escolhidas foram exposição dialogada, roda de conversa e simulação realística. Como recursos didáticos foi utilizado albúm seriado e folders contendo a cadeia de reanimação extra-hospitalar de forma simplificada.

Para a avaliação das atividades os participantes foram convidados a responder um questionário contendo perguntas sobre o tema abordado, tendo também espaço para sugestões e críticas. Foi distribuído ao final de cada explanação marca textos com dicas importantes na realização de uma RCP.

Resultados e/ou impactos: os efeitos percebidos decorrentes da experiência ou resultados encontrados no estudo

O projeto alcançou cerca de 170 pessoas e esta experiência foi ímpar para os acadêmicos de enfermagem, que tiveram a oportunidade de participar desde a elaboração do projeto à sua concepção. O aprendizado foi necessário no diz respeito a se pensar em cada ponto específico, com uso de linguagem acessível, imagens autoexplicativas e o estudo de estratégias de ensino participativas em que o saber popular pudesse ser valorizado. Esta prática também incentivou os acadêmicos na readaptação das atividades e tarefas, buscando sempre a melhor forma de compreensão e aceitação do público.

Pode-se comprovar que educação é uma importante ferramenta para promover a saúde e desenvolver estratégias de prevenção, tornando-se essencial disseminar pela população, informações que possam contribuir com a atuação nas situações de emergência. Além disso, investir na educação em primeiros socorros, entre eles a RCP, é uma maneira de minimizar os gastos na saúde pública, pois, com o atendimento imediato, lesões graves bem como os tratamentos de alto custo poderão ser evitados.

Considerações Finais:

A experiência relatada reafirma a importância que o enfermeiro tem no processo de educar, pois o horizonte da enfermagem, não se restringe somente a sujeitos em situação de doença, como se pode ver neste projeto. A educação é uma ferramenta essencial para a melhoria da qualidade de vida da população. Portanto, é necessário que esta competência seja valorizada e incentivada desde a formação acadêmica  de enfermagem.


Palavras-chave


Ressuscitação Cardiopulmonar; Educação; Enfermagem.