Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-18
Resumo
Apresentação: Apesar da tendência nas últimas décadas de redução da desnutrição e um aumento da obesidade, ainda existem muitas crianças brasileiras com significativos déficits nutricionais, sendo as regiões mais afetadas norte e nordeste. Esses déficits têm grande impacto nas altas taxas de mortalidade infantil em países em desenvolvimento como o Brasil. Dessa forma, reduzindo a migração de crianças de baixo peso para um quadro de menor risco nutricional há uma melhora na qualidade de vida, uma vez que a criança que apresenta um baixo peso, já pode ter um comprometimento no seu crescimento e desenvolvimento, e aquelas que apresentam este risco nutricional podem evoluir para um quadro de desnutrição. Os fatores que influenciam no estado nutricional de baixo peso infantil são: estado nutricional durante a gravidez e assistência precária ao pré-natal, idade/peso materno e infantil, condições socioeconômicas e ambientais. Além disso, outros fatores que contribuem para o baixo peso infantil é a desigualdade socioeconômica relacionada à baixa renda familiar, escolaridade dos pais e número de filhos. Estes indicadores podem influenciar o fator financeiro na redução da aquisição de bens de consumo indispensáveis para a manutenção da saúde e nutrição infantil como higiene, alimentação, imunização como forma de prevenção de algumas doenças infectocontagiosas. A baixa renda e a falta de informação de uma alimentação nutricionalmente completa também estão associadas ao baixo peso infantil por haver a aquisição de alimentos incapazes de suprir as necessidades do organismo, ocasionando a perda da qualidade nutricional que a médio e longo prazo elevam os riscos para o desenvolvimento de um quadro de baixo peso. Há importância no diagnóstico do estado nutricional de crianças com baixo peso em diversas regiões brasileiras, havendo poucos estudos a respeito do estado nutricional na infância, principalmente com relação aos fatores intrínsecos que se relacionam desde o pré-natal até a situação de baixo peso em que se encontra, influenciando em seu crescimento durante a infância e sua posterior vida adulta. O objetivo deste estudo é relacionar a influência dos fatores pré-natais, perinatais e os fatores socioambientais que interferem diretamente nas crianças de baixo peso na faixa etária de 2 a 5 anos, matriculadas em um centro educacional em Santarém-PA. Desenvolvimento: O presente estudo foi realizado por acadêmicos da turma de enfermagem 2015A do sexto semestre, referente à Atividade Integrada em Saúde (AIS), instituída pelo Projeto Político Pedagógico do Curso de Enfermagem, da Universidade do Estado do Pará (UEPA) Campus XII – Santarém. A pesquisa é do tipo descritiva, transversal e retrospectiva, de abordagem quantitativa, realizada no Centro Educacional João-de-Barro. A coleta de dados ocorreu no período de 19 de setembro a 24 de novembro de 2017 e aconteceu em 4 etapas: 1- visita técnica, 2- coleta de dados na ficha de matrícula, 3- coleta de dados com as mães, 4- busca ativa das mães que não compareceram na etapa 3. Respeitando os critérios de exclusão adotados, a amostra da pesquisa consistiu em 14 crianças de baixo peso do universo de 168 crianças matriculadas na instituição, em que todas as mães responsáveis pelas 14 crianças que concordaram em participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os resultados foram analisados por meio de estatística descritiva, todas as informações foram tabuladas e analisadas em planilha eletrônica (Microsoft Office Excel 2013). Resultados: O perfil das crianças abaixo do peso incluídas no estudo foi traçado a partir das variáveis idade, sexo, peso e estatura, sendo estes fatores relevantes para o cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC) infantil. Notou-se que 11 correspondem ao sexo masculino e 3 do sexo feminino, variando a idade de 2 a 5 anos. Em nosso estudo ao relacionar as variáveis Estatura/Idade 50% das crianças apresentaram baixa estatura para idade e entre a relação Peso/Idade 64,3% estavam abaixo do peso para idade. Observa-se que 86% haviam realizado pelo menos 6 consultas pré-natais e 14% das mães informaram não ter recebido orientação nutricional. Quando ao ganho de peso 21,4% das mães apresentaram baixo peso durante o período gestacional e dentre as mães de recém-nascido (RN) prematuro, uma apresentou baixo peso durante a gestação e RN com baixo peso. Com relação ao tabagismo e o consumo de bebida alcoólica, 2 mães realizaram estas práticas durante a gestação, sendo 1 dessas mães apresentando os dois hábitos, sendo fumante em todo período enquanto que a outra consumiu somente bebida alcoólica. Outro fator analisado foi a idade da mãe ao engravidar, pois 14% delas foram mães adolescentes. No que diz respeito a via de parto, em nosso estudo predominou o parto vaginal com 92,8% das mulheres e 7,1% parto cesariano. 7,1% das crianças nasceram prematuras e com baixo peso, enquanto que as demais crianças 71,4% nasceram com o peso normal (≥2.500) e 21,4% sem informação. Quando questionadas sobre a amamentação, 100% das mães disseram ter realizado aleitamento materno, porém 50% delas afirmaram que inseriram outros alimentos antes dos 6 primeiros meses de vida do bebê. Os resultados mais relevantes encontrados nesta pesquisa que influenciaram no desenvolvimento do quadro de baixo peso foram associados aos dados socioambientais com as variáveis: número de residentes ≤4 com 71,4%; renda de 0 a 2 salários mínimos com 92,9%; condição de moradia com 57% residindo em casa alugada e água não tratada 71,4%. Esses resultados demonstram o quanto a renda familiar está diretamente ligada ao ganho de peso infantil, tornando-se um fator influenciador para o crescimento adequado. Considerações finais: Ao avaliar os fatores que influenciam no baixo peso infantil, não se encontrou evidências pré-natais e perinatais significativas que possam estar contribuindo para o quadro de baixo peso dessas crianças. Assim, o fator que mais teve relevância neste estudo quanto suas influências para o baixo peso infantil foi o socioambiental e econômico, tendo em vista que as variáveis como renda e seus respectivos provedores, condições de moradia, número de residentes e proveniência da água, foram variáveis encontradas que mais influenciaram para o desenvolvimento do baixo peso. Assim faz-se necessário uma abordagem educativa com os pais e responsáveis pelo centro educacional buscando estratégias para melhorar as condições sociais dessas famílias com vistas a um olhar mais atento ao estado nutricional das crianças deste estudo.