Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O cuidado domiciliar ao idoso acamado: percepção do familiar cuidador
Maria de Nazaré de Souza Ribeiro, Dejanira Jacaúna Cidade, Fernanda Farias de Castro, Cleisiane Xavier Diniz, Selma Barboza Perdomo, Joaquim Hudson de Souza Ribeiro, Orlando Gonçalves Barbosa

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


Dentre os muitos desafios de enfrentamento no âmbito da saúde, o cuidado domiciliar ao idoso acamado é uma vertente de sérios agravos vivenciados em muitos lares. Quando as orientações não chegam aos familiares, os idosos ficam mais vulneráveis a todas as condições do dia a dia dentro de seus próprios lares e deixam de receber os cuidados necessários. Este estudo se propôs identificar como se processa o cuidado domiciliar ao idoso acamado a partir da percepção do familiar cuidador, avaliando suas dificuldades e o trabalho da equipe de saúde que o acompanha. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com abordagem exploratório-descritiva, realizada na Unidade Básica de Saúde (UBS) Irmão Francisco Galliane, localizada no bairro Itaúna 2, no município de Parintins-AM. A amostra foi constituída por 07 (sete) cuidadores familiar de idosos (> 60 anos) acamados, atendidos pela equipe da unidade de saúde em questão, constituindo 100% da população de acamados. O instrumento constou de um roteiro de entrevista semiestruturado, com questões abertas.  O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa (CAAE 69270617.8.0000.5016).  Para preservar a identidade dos sujeitos, foi utilizado para eles nome de pássaros. Os resultados  mostraram que, ao serem questionados sobre a importância dos cuidados que prestam ao seu idoso,  houve consonância nas respostas, onde o cuidado de higiene corporal, alimentação e administração de medicamentos, aparecem como as principais atividades executadas pelos cuidadores familiares: "Eu acho importante. Deixei tudo para cuidar dela. Trato, dou banho, faço merenda, de 3 em 3 horas ela está comendo. E graças a Deus ela está bem" (Araponga); "É importante por tudo o que podemos fazer por ela. Ela já não consegue usar o banheiro, tomar o remédio, e tudo o que a gente pode fazer por ela. Ela sente dores e não consegue ficar boa. Então a gente tenta ajudar ela no que pode" (Cardeal);  "Eu penso que cuidando dele ele vai ter mais vida, porque se não cuidar também vai prejudicar ele. Assim, cuidando ele vai ficar melhor" (Uirapuru); "É muito importante a higiene no idoso, como se fosse uma criança recém-nascida. Se não tiver higiene ela vai ficar toda assada. Acamada há 18 anos, não é fácil cuidar do idoso acamado" (Andorinha); "É importante porque eu dou conforto para ele nesse sofrimento que ele tá passando. Eu deixo ele melhor com meus cuidados e evito que ele fique pior" (Bem-te-vi); É importante, mas se eu pudesse cuidar né, só que eu não posso e ninguém me ajuda. Eu preciso sair e ele fica só com meu filho aqui. Quando eu chego que eu vou fazer as coisas para ele" (Beija-flor); "É importante, muito importante, principalmente porque ela não anda, não fala, não faz mais nada por ela, então é muito importante eu dar banho, dar de comer, limpar as partes dela quando urina ou faz cocô. É de maior importância" (Sabiá). A mobilidade prejudicada no idoso está ligada a diversas causas, como as neuropatias diabéticas, cardiopatias, osteoartrites, osteoporose, doença de Parkinson, déficits sensoriais e barreiras ambientais. Os idosos devem ser encorajados a serem o mais ativos possível e, quando em repouso inevitável no leito, o cuidador deve realizar os exercícios de amplitude de movimentos ativos e de fortalecimento com os membros sadios, e passivos nos membros prejudicados. É importante que os cuidados com a socialização, o incentivo, a alimentação e a prevenção da subnutrição sejam realizados de forma ativa. Cuidar de idosos, em especial dos dependentes, é tarefa difícil, exaustiva, que exige dedicação e paciência. O cuidador tem a necessidade de dividir esta tarefa com outras pessoas da família, da comunidade ou de grupos de autoajuda, porém nem sempre possui este suporte.  Quando questionados se o idoso é mais bem cuidado com a presença da equipe em sua casa ou não, vê-se diferença nas respostas, demonstrando certo grau de insatisfação com a equipe de saúde: "É, mas eles demoram muito para vir, quando eles vêm e estou em casa até que me ensinam bastante sobre como tratar ele" (Beija-flor); "Na verdade não vejo diferença, porque ele vem muito rápido e demoram para virem de novo, então, eu cuido, a gente cuida do mesmo jeito sem eles. (Sabiá; "Bem, como eles vêm aqui de repente, e explicar como é que têm que levar no médico, então eu que cuido é que sei das necessidades dele" (Uirapuru); "Eu sei cuidar da mesma forma, mas o médico também é importante. Eles estando aqui ou não ela recebe os cuidados do mesmo jeito" (Araponga). Os serviços de saúde adotaram estratégias de cuidado para descentralizar o cuidado e modificar o modo tradicional de produção da saúde, entre estas estratégias a principal é a inclusão da atenção domiciliar entre as modalidades no atendimento.  No entanto, a ausência do profissional de saúde foi relatada em mais de 50% dos familiares-cuidador entrevistado.  Ao relatarem as maiores dificuldades enfrentadas para prestar cuidados aos seus idosos, a maioria apontou a mobilidade prejudicada: "A maior dificuldade é coloca-la na cadeira. É só eu que cuido, então sinto dor na minha cadeira" (Araponga); "Empurrar cadeira é para mim, a parte mais difícil" (Uirapuru); "É que ela só anda se a gente levar ela. E não temos apoio da família só eu que fico com ela" (Cardeal). A situação de despreparo técnico dos cuidadores, somados aos seus problemas de saúde podem comprometer ainda mais a saúde desse cuidador e o acompanhamento do idoso acamado. No que concerne às orientações que deveriam recebem da equipe de saúde, os entrevistados responderam: "Não recebo nenhuma. Só vem visitar ver como ela está, mas nunca me deram uma palestra sobre os cuidados com ela" (Araponga); "Nenhuma orientação. Só o médico que as vezes orienta, só para a gente dar remédio, somente isso" (Cardeal); "Na verdade eles só vieram uma vez aqui. Não me orientaram sobre nada disso" (Uirapuru); "Porque ele está aqui há cinco meses e eles só vieram aqui uma vez porque eu chamei" (Andorinha); "Porque eles só ajudam de vez em quando (Bem-te-vi); "Porque eles quase não vêm por aqui" (Beija-flor); "Porque eles deveriam vir mais vezes todos os meses pelo menos"  (Sabiá). Conclui-se que a falta de conhecimento por parte dos membros das famílias e/ou dos seus cuidadores compromete de forma direta os resultados dos cuidados oferecidos aos mesmos, tornando-os mais vulneráveis a todas as condições do dia a dia dentro de seus próprios lares. Deste modo, enfatiza-se a importância desta pesquisa como meio oportuno de contribuir com a equipe de enfermagem, no sentido de perceber as dificuldades enfrentadas pelos familiares cuidadores no acompanhamentos dos seus idoso acamados na cidade de Parintins.


Palavras-chave


Envelhecimento; Cuidados de Enfermagem; Cuidador familiar