Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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SABERES E EXPERIÊNCIA DE ADULTOS SOBRE A AURICULOPUNTURA NO MUNICÍPIO DE SANTARÉM-PA
Herman Ascenção Silva Nunes, Brenda dos Santos Coutinho, Andreza Dantas Ribeiro, Renan Fróis Santana, Robert Douglas Costa de Melo, Franciane de Paula Fernandes, Sheyla Mara Silva de Oliveira, Simone Aguiar da Silva Figueira

Última alteração: 2018-01-06

Resumo


Apresentação: A medicina tradicional chinesa é praticada há milênios na sociedade, dentro desse eixo a acupuntura utiliza agulhas ou outros objetos em pontos meridianos para estimular sinais elétricos que resultam em locais de modulação da dor. A acupuntura auricular ou auriculopuntura é um método terapêutico que utiliza o pavilhão auricular, pois este é ligado a diversas áreas do corpo através dos canais de energia e do sistema nervoso. A auriculoterapia é utilizada para diagnóstico e tratamento de diversas enfermidades a partir da utilização de agulhas, sementes e cristais. Estudos comprovam a liberação de substâncias como endorfinas, encefalinas e acetilcolinas, atuando na reversão do estresse e da dor. Atualmente, as terapias complementares têm sido bastante utilizadas pelos profissionais da saúde, sendo reconhecida socialmente e adepta ao contexto cultural que envolve a pluralidade de métodos terapêuticos empregados na área da saúde, principalmente quando se considera a atenção primária em saúde. Com base nessa temática, o estudo objetivou analisar o conhecimento de indivíduos sobre a auriculopuntura após se realizar a aplicação dessa terapia em uma atividade de extensão realizada no município de Santarém-PA. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com abordagem quantitativa, desenvolvido por discentes e docentes da Liga Acadêmica de Saúde Coletiva da Amazônia (LIASCOA) da Universidade do Estado do Pará (UEPA), Campus XII, durante a execução do Projeto UEPA na Comunidade, projeto este centrado na extensão universitária, efetivado no município de Santarém-Pará, em outubro de 2017. A LIASCOA compreende uma liga acadêmica de cunho multidisciplinar, tendo como membros graduandos dos cursos de educação física, enfermagem, fisioterapia e medicina, visando o estudo de conteúdos voltados à saúde coletiva, bem como o contato com a comunidade, ofertando atividades voltadas à prevenção e promoção em saúde. Na ação foram realizadas orientações pelos acadêmicos de fisioterapia sobre os princípios e técnicas da auriculopuntura, com o enfoque para adultos e em um segundo momento foi aplicado tais técnicas nesses indivíduos. Ao final de cada sessão, foi empregado um questionário fechado aos participantes a fim de se obter o conhecimento alcançado da temática e o resultado que obtiveram com o uso da terapia. A pesquisa obedeceu aos aspectos éticos da pesquisa, de acordo com o disposto na resolução 466/12 que estabelece normas para realização de pesquisa com seres humanos. A análise dos dados ocorreu através do programa Microsoft Excel (2016) para melhor disposição dos dados. Resultados e/ou impactos: A amostra compreendeu 38 participantes, na faixa etária de 18 a 62 anos, com média de 28,3 anos, no qual a maioria compôs o sexo feminino com 71,1% e somente 28,9% foram do sexo masculino, possuindo renda familiar mensal incidente de 1 a 2 salários mínimos com 34,2%, seguidos por 3 a 4 salários mínimos com 23,7% e 4 a 5 salários mínimos com 21,1%, quanto ao estado civil 68,4% eram solteiros, enquanto 28,9% eram casados. Com relação à auriculoterapia, quando questionado se já haviam utilizado alguma terapia tradicional chinesa, 73,7% alegaram que não, demostrando de que apesar tratar-se de uma terapia antiga, ainda é pouco estimulada e praticada entre a população em geral, pois as práticas curativas domésticas e públicas dos grupos étnicos e das populações estão atreladas à significação das culturas locais, esse tipo de práticas com seus recursos materiais, seguem o olhar biomédico ocidentais. Quando indagados se acreditavam que seu corpo tem uma energia natural para se curar, 94,7% responderam que sim, o que pode estar associado a outras terapias complementares, como, por exemplo, o Reiki que utiliza o princípio da existência de uma energia universal canalizada que atua sobre o equilíbrio da energia vital com o propósito de harmonizar as condições gerais do corpo e da mente de forma integral. Na questão referente se tinham ouvido falar sobre auriculoterapia, 57,9% expôs que sim e 42,1% não, evidenciando que é uma terapia em parte desconhecida na região do baixo amazonas e, consequente por não terem conhecimento sobre a mesma findam em não a utilizar rotineiramente, diferentemente do uso de plantas medicinais que possui um maior apreço pelas famílias da localidade, associada à medicina tradicional indígena, que reforça a terapêutica com base em fitoterápicos. Dos participantes, 71,1% afirmaram que utilizariam da auriculoterapia como um tratamento exclusivo para as doenças, observando uma boa aceitabilidade da técnica, principalmente por não ser de caráter invasivo e de baixo custo, sendo inclusive um tema trabalhado na Portaria nº 2.446/GM/MS, de 11 de novembro de 2014, que fortalece os saberes populares e tradicionais como métodos de promoção à saúde. Quanto ao uso de outros tipos de terapia alternativas, 57,9% negaram fazê-lo, mostrando que a maioria segue o padrão médico biologista e hegemônico como terapia de escolha, focado na patologia, que confere à medicalização a melhor forma de tratar enfermidades e restabelecer a saúde. Considerando o resultado da aplicação da acupuntura auricular, 68,4% dos indivíduos alegaram sentir alguma melhora após o emprego da terapia, sendo relatada com a ênfase a diminuição da dor que antes estava presente. Um estudo assinala que maioria dos pacientes escolheu a acupuntura devido a não eficácia ou falha de outros tratamentos e, no caso de estágios avançados de adoecimento, ela foi percebida pelos usuários com relativo efeito positivo sob alguns aspectos, com melhoria de seus sofrimentos, quadros álgicos e redução do uso de medicamentos. Considerações finais: Portanto, a ação pôde permitir uma maior interação dos acadêmicos com a comunidade, conferindo experiências inovadoras na prática de terapias alternativas que, muitas vezes, é negligenciada no currículo dos estudantes da área da saúde, contudo se manifesta indispensável dentro do abrangente campo de artifícios utilizados no tratamento e reabilitação do cliente que necessita de assistência. A partir disso, foi percebido que a auriculopuntura ainda é uma terapia pouco conhecida e praticada, no entanto, possui uma boa aceitabilidade pela população, mostrando-se eficaz no alívio imediato das algias. Sabe-se que esta oferece, além de grande eficácia em diversas afecções, inúmeras vantagens a quem as utiliza, como: diminuição no uso de medicamentos, ausência de efeitos colaterais, instrumentação simples, de baixo custo e fácil transporte, e complementaridade terapêutica, quando a medicina convencional não é capaz de proporcionar um tratamento satisfatório. Sendo necessário, haver uma atenção maior às terapias complementares, estimulada pelas organizações da saúde através do fomento de cursos de capacitação gratuitos para os profissionais da saúde e a disposição de instrumentos materiais para sua empregabilidade na comunidade em geral.


Palavras-chave


medicina tradicional chinesa; terapias alternativas; extensão comunitária.