Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
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O GERENCIAMENTO EM ENFERMAGEM COMO FERRAMENTA PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE EM UMA COMUNIDADE QUILOMBOLA
Última alteração: 2018-01-06
Resumo
Apresentação: A prática profissional da enfermagem permeia diversas áreas, pois está sempre ligada aos variados ramos do conhecimento, a exemplo da ciência da administração, que contribui, principalmente na organização da equipe de enfermagem, mas também permeia a atuação de outros profissionais. A liderança é uma estratégia inclusa na gestão em enfermagem que visa descobrir e eliminar falhas na assistência; incentivar o trabalho da equipe e a participação efetiva das pessoas; ajudar na realização pessoal e profissional; preparar novas lideranças; fortalecer os processos de tomada de decisão; facilitar a descentralização do comando; gerar comprometimento com as soluções escolhidas e resolver problemas que não podem ser resolvidos individualmente. Para isso, exige-se do enfermeiro competências de caráter educativo, assistencial, administrativo e político, todas engajadas no compartilhamento de informações e conhecimento que o enfermeiro tem do processo de gestão em saúde. Em vista disso, o estudo objetivou analisar o emprego da gestão e gerenciamento em enfermagem para a aplicação de uma ação em saúde em uma comunidade quilombola, no município de Santarém, estado do Pará. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência. O estudo foi desenvolvido de acordo com a metodologia da problematização, no qual consta de etapas, sendo: 1 (observação da realidade); 2 (reflexão, hipótese e discussão sobre o problema); 3 (leitura e teorização); 4 (hipótese de solução) e 5 (ação-reflexão-ação). A investigação foi realizada em uma comunidade quilombola do município de Santarém, estado do Pará, tendo como a Unidade Básica de Saúde (UBS) da localidade, o meio de efetivação. A pesquisa foi efetivada por acadêmicos do 8º período de enfermagem da Universidade do Estado do Pará (UEPA) – Campus XII, Tapajós, bem como pela docente responsável pela disciplina de enfermagem e às populações tradicionais da Amazônia e por acadêmicos e um docente do curso de medicina da mesma instituição de ensino superior (IES). Além disso, para a concretização da atividade houve a participação ativa da enfermeira da UBS, bem como do representante da comunidade, sendo estes essenciais para a compreensão da realidade da comunidade e visualização de problemáticas relacionadas à saúde dessa população tradicional da Amazônia. A primeira visita à unidade ocorreu no dia 19 de setembro de 2017 e o retorno ocorreu no dia 01 de dezembro de 2017. Para o desenvolvimento de todas as atividades foi necessária organização, no embasamento da gestão e gerenciamento de enfermagem, sendo este essencial para organização dos serviços em saúde, equipe de enfermagem e é inerente à prática de educação em saúde. Dessa forma, como plano de ação foi utilizado à ferramenta 5W2H, que serviu como apoio para o planejamento das atividades. Tal ferramenta consiste em passos, sendo: What (O que será feito?); Who (Quem fará?); When (Quando será feito); Where (Onde será feito); Why (Por que será feito?); How (como será feito?) e how much (quanto custará?). A análise ocorreu a partir do planejamento e observação sistemática das atividades práticas. Resultados e/ou impactos: Em virtude da oferta da disciplina de enfermagem e às populações tradicionais da Amazônia no respectivo período do curso houve o interesse em conhecer a realidade dessas populações, sendo, desse modo estipulada uma data e efetuada uma visita com o intuito de reconhecer as especificidades de uma comunidade quilombola, bem como identificar suas fragilidades no contexto da saúde. Desse modo, foi realizada a primeira visita, onde foi constatado em conjunto com o diálogo estabelecido com a enfermeira da unidade, o desconhecimento dos remanescentes de quilombo acerca de sua predisposição para o desenvolvimento de doenças falciformes e da existência da doença em si, sendo esta conhecida apenas por quem tinha histórico familiar da doença, além disso, foi observado que durante o pré-natal, as gestantes da comunidade não tinham conhecimento sobre a existência de um exame laboratorial destinado a detecção dessas patologias, a eletroforese de hemoglobina. Sendo outra problemática a localidade da comunidade, o que dificulta o acesso a exames bioquímicos. Este exame no pré-natal deve ser solicitado caso a gestante seja negra, possua antecedentes familiares ou apresente histórico de anemia crônica, visto que este detecta tanto a doença quanto os traços da doença, sendo importantes para a orientação genética. A partir disso, o problema encontrado foi debatido entre os discentes e docentes de enfermagem, sendo realizado um estudo teórico acerca da doença e seu traço, dessa forma, foi estipulado o que seria feito e por que seria feito, respondendo dois W da ferramenta. Em vista disso, como hipótese de solução foi organizada uma equipe multidisciplinar com o objetivo de atender ao problema, assim, foi acordado que seria oferecido as gestantes e os parceiros destas o exame de eletroforese de hemoglobina, sendo realizada a coleta do material biológico na UBS para posterior envio ao laboratório de suporte, além disso, seria ofertada a comunidade, a educação em saúde acerca das doenças falciformes, com enfoque para a anemia falciforme e seu traço, colocando em pauta os fatores de predisposição para o desenvolvimento destas, respondendo a outro passo da ferramenta 5W2H. Com o retorno à comunidade, as atividades de educação em saúde foram realizadas por um docente e acadêmicos do curso de medicina da universidade e a recepção, orientação quanto ao exame e sua finalidade foram explanadas por uma docente e acadêmicos de enfermagem. A partir disso, compareceram para a realização das atividades 23 membros da comunidade, dentre estes, 9 gestantes e 2 parceiros, sendo que haviam 15 gestantes cadastradas no programa de pré-natal da unidade, no momento, de acordo com as informações prestadas pela enfermeira da UBS. Observou-se uma baixa adesão dos parceiros das gestantes a atividade, o que é visualizado nas consultas de pré-natal em si, visto que o homem, em geral, está envolvido com atividades laborais no momento da consulta, ou considera desnecessária sua presença em consultas ou atividades voltadas ao pré-natal, visão esta que deve ser modificada. A coleta do material biológico foi realizada por dois técnicos de analises clínicas. A ordem das atividades foi anteriormente programada, como se segue: 1. Educação em saúde; 2. Triagem e orientação acerca do exame e 3 coleta do material biológico. No que concerne à realização da coleta do material biológico, foi realizado um projeto de pesquisa, apresentado a Secretaria Municipal de Saúde (SEMSA) do município, obtendo-se o consentimento desta, bem como da liderança da comunidade quilombola. Para a efetivação dos objetivos propostos na comunidade foi elaborado um orçamento dos materiais necessários à coleta de material biológico, impressos e demais materiais. Como transporte para o local, foi utilizado o micro- ônibus da universidade em ambas as viagens, bem como os materiais de apoio (projetor, balança antropométrica, esfigmomanômetro, dentre outros) que foram solicitados na instituição, com a devida antecedência para que pudesse ser utilizado no dia da atividade. Considerações finais: Observou-se que a gestão e o gerenciamento de enfermagem são indissociáveis do processo de educação em saúde, sendo este componente primordial na atuação do profissional enfermeiro, além disso, percebeu-se a eficácia do uso da metodologia da problematização como requisito para formação de graduandos e futuros profissionais críticos e a ferramenta 5W2H como norteadora dos passos essenciais para o sucesso de uma atividade em saúde.
Palavras-chave
enfermagem; gestão em saúde; atenção primária.