Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida
v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Última alteração: 2017-12-20
Resumo
O conhecimento acerca de primeiros socorros e prevenção de acidentes pode ser a diferença entre a vida e morte de um indivíduo. Através da parceria entre a Secretaria Executiva de Proteção e Defesa Civil Municipal e o Projeto ALFA–Manaus, tem sido abordado o manejo de situações de acidentes em locais onde não se têm fácil acesso aos serviços de saúde, como comunidades urbanas periféricas e ribeirinhas adjacentes. O Projeto ALFA - Manaus, desde 1997, é um projeto pertencente à Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Amazonas, que tem como objetivo ensinar de acordo com os protocolos mais atualizados, através de aulas teóricas e práticas, prevenção de acidentes e primeiros socorros. O presente trabalho tem o intuito de demonstrar como tais atividades são realizadas, englobando o modo como o assunto é abordado pela equipe, bem como os impactos sobre as populações e contribuições à formação médica. Os temas das palestras foram: introdução ao socorro; reanimação cardiopulmonar; obstrução de vias aéreas; afogamento; hemorragias; queimaduras; fraturas; entorses; luxações; intoxicação; convulsão e acidente vascular cerebral. A abordagem realizada foi de fácil entendimento e buscou-se utilizar uma linguagem acessível, evitando a utilização de termos técnicos. Ao fim das palestras, ocorreram monitorias de reanimação cardiopulmonar e desobstrução de vias aéreas, onde o público pôde praticar em um boneco de simulação o que aprendeu nas palestras, possibilitando uma melhor aprendizagem. O contato entre acadêmicos, oficiais civis e comunitários permitiu troca de experiências em diversos níveis. Aos alfistas foi permitido compartilhar as noções de primeiros socorros e saúde a um público distinto, onde prevalece o conhecimento empírico e em que o acesso a informação é bastante restrito. Assim, a instrução teve de ser adaptada a realidade de cada comunidade local, de forma a agregar conhecimento técnico valorizando a cultura e os saberes populares. As metodologias ativas e estratégias de ensino-aprendizagem foram desenvolvidas e adaptadas pelos membros do projeto, que contaram com a tutoria e suporte da equipe de oficiais da defesa civil, permitindo atuação em equipe multiprofissional ainda na graduação. As comunidades puderam expor suas vivências, tirar suas dúvidas e de modo recíproco pode compartilhar seus conhecimentos com os alunos, apresentando-os ao seu modo de vida e realidade local. Os acadêmicos de medicina romperam fronteiras territoriais e institucionais importantes, podendo chegar em locais distantes e singulares. Dessa forma, ao mesmo tempo que passam a contribuir com a educação em saúde e a ter contato com cenários práticos que enriquecem sua formação médica-humanitária, voltada às necessidades da população, também têm a oportunidade de aprender com os profissionais, já experientes em atuar com este público heterogêneo, e com as comunidades que os recebem com disposição e interesse. Assim, essa experiência foi relevante para a crescimento acadêmico e pessoal dos membros do projeto além de levar a comunidade noções essenciais de prevenção de acidentes e de primeiros socorros que contribuem para salvar vidas.