Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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OS IMPACTOS DA ASSISTENCIA DOMICILIAR NO AMBIENTE FAMILIAR: um relato de experiência multiprofissional no cuidado oncológico
Jamil Michel Miranda do Vale, Roseana Gomes Leal dos Santos, Jolene da Cunha Pacheco Cruz, Ana Lídia Brito Sardinha

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


Apresentação: O câncer é definido como um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo discriminar-se para outras regiões do corpo. Segundo último estudo realizado pelo INCA a estimativa para o Brasil, biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de 600 mil casos novos de câncer. Em vista disso, muito mais pessoas entram em cuidados paliativos. Nesse sentido, o cuidado paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de seus pacientes (adultos e crianças) e famílias que enfrentam problemas associados às doenças que ameaçam a vida. Previne e alivia sofrimento através da identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas físicos, psicossociais ou espirituais (OMS, 2017). Dentro deste contexto, a Portaria MS/GM Nº 825, define a Atenção Domiciliar (AD) como uma modalidade de atenção à saúde integrada as Redes de Atenção à Saúde (RAS), caracterizada por um conjunto de ações de prevenção e tratamento de doenças, reabilitação, paliação e promoção à saúde, prestadas em domicílio, garantindo continuidade de cuidados. O Serviço de Atenção Domiciliar (SAD) é o serviço complementar aos cuidados realizados na atenção básica e em serviços de urgência, substitutivo ou complementar à internação hospitalar, responsável pelo gerenciamento e operacionalização das Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD) e Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP). Assim, dentro dos cuidados paliativos a atenção domiciliar permanece como um campo fértil para a criação de novas práticas de produção de cuidado, que tenham como foco a autonomia e integralidade dos sujeitos para mudanças nos processos de trabalho e gestão, de forma a valorizar práticas interdisciplinares, cooperativas e criativas. Desta maneira pretendemos descrever os impactos ocasionados pelos atendimentos da equipe multiprofissional através da assistência domiciliar ao paciente e família. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo, do tipo relato de experiência, realizado no primeiro semestre de 2017, no Serviço de Atendimento Domiciliar (SAD) em um hospital de referência em oncologia da região Norte, localizado no estado do Pará. Este serviço faz atendimentos a pacientes com câncer em estágio avançado regulamente matriculados no serviço de Cuidados Paliativos como modalidade de atenção do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo composto por Enfermeiro (a), Assistente Social, Psicólogo (a), Terapeuta Ocupacional, Fisioterapeuta, Médico (a), Agente Administrativo e Motorista. Atualmente atende a um número de 39 pacientes, de um total de 173 pacientes matriculados no período na modalidade de atendimento domiciliar. A assistência é realizada por meio de visitas que ocorrem diariamente aos pacientes atendidos pelo serviço, no turno da manhã, no horário das 8 horas às 13 horas (de segunda a sexta-feira – exceto final de semana e feriados). A programação das visitas aos pacientes, no domicílio, ocorre mediante o planejamento das atividades semanais. Porém, pode apresentar-se de forma flexível em decorrência de dificuldades vivenciadas pela família e/ou cuidador. É disponibilizado kit de materiais necessários ao plano de cuidados que envolvem desde medicamentos a materiais de curativo. Para a realização das visitas se leva em consideração as necessidades do paciente assim como de seus familiares/cuidador; Implicações psicossociais do contexto familiar; além de objetivar orientações com relação aos problemas detectados; promovendo o ensino do autocuidado ao paciente e/ou familiar/cuidador(a). Resultados e/ou impactos: A assistência domiciliar viabilizou conhecer o contexto familiar dos usuários do SAD. A equipe ao visitar um adoecido se insere em seu cotidiano, e deve se ajustar de alguma forma as condições e contexto que se apresentam as relações intrafamiliares para melhor delineamento das necessidades do cuidado. No entanto, ao adentrar no ambiente familiar deve-se priorizar e observar seus hábitos, considerando os efeitos, que devem ser trabalhados no atendimento de forma interdisciplinar, para o fortalecimento dos vínculos e partilhamento no cuidado. Assim, a equipe diante da visão transdisciplinar tenciona que as ações produzam efeitos positivos na qualidade de vida do grupo familiar fazendo-os transpor suas dificuldades no cuidar de seu ente. Por conseguinte, a presença dos profissionais no domicilio resulta em uma maior facilidade no planejamento da assistência; há o estreitamento da relação com a equipe, em razão à ação ser menos formal, com a utilização de uma linguagem clara durante a abordagem com o adoecido e/ou família, o que viabiliza maior liberdade para expressarem seus problemas; o que permite observar as formas de enfrentamento das necessidades e dificuldades ocasionadas pelos desvios de saúde para então racionaliza-los de forma conjunta. A visita domiciliar proporciona satisfação à equipe, uma vez que se observa alegria dos usuários em recebê-los em seu domicilio, com o vínculo à adesão as orientações e aprendizagem tornam-se mais fácil, evidenciando a importância das ações transdisciplinares, em vista aos princípios da humanização. Contudo, é necessária delicadeza com certas questões durante o diálogo com estas famílias, uma vez que a presença da equipe no ambiente familiar repercute diretamente em suas relações podendo transformar orientações em regras controladoras de suas atividades, em virtude deste profissional está levando para o loco familiar um conhecimento crítico/científico apresentado como hegemônico sob o senso comum. É importante ressaltar também que a VD ocasiona a interrupção das tarefas domesticas, processos de trabalho ou programações familiares. Por isso, ao adentrar no domicilio, as ações deliberadas são de sociabilidade e aprendizagem no cuidado, buscando equilíbrio. Considerações Finais: Dessa forma, a assistência domiciliar vem proporcionando melhora na qualidade de vida dos pacientes e/ou cuidadores, controlando os sintomas no cuidado paliativo oncológico, principalmente no que concerne ao alivio de sofrimento, tratamento de dor ou outros problemas físicos, psicológicos, sociais e espirituais, estendendo à fase de luto. Porém, estes objetivos têm sido alcançados em virtude da atuação de uma equipe multidisciplinar, diante da assistência prestada as necessidades reais do usuário/família. Neste cenário, a assistência domiciliar vem se solidificando como uma modalidade que possibilita a produção do cuidado mais próximo do individualizado e menos tecnicista do que no hospital, podendo ser percebido como potencializador de práticas terapêuticas. A aproximação com esses atores torna as ações mais resolutivas, eficazes, que reforçam o princípio da integralidade do SUS, bem como, fortalecendo a visibilidade da importância da equipe multiprofissional.


Palavras-chave


Visita Domiciliar; Equipe Multiprofissional; Cuidado; Oncologia