Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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RISCOS OCUPACIONAIS DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DO LIXÃO DO MUNICÍPIO DE IMPERATRIZ-MA
Aline Santana Figueiredo, Leticia Bezerra Brito, Paula dos Santos Brito, Rocilda Castro Pinho, Francisco Eduardo Ramos da Silva, Wherveson d e Araujo Ramos

Última alteração: 2018-01-21

Resumo


Introdução: A industrialização traz consigo benefícios e malefícios aos municípios, ofertando melhorias na qualidade de vida da população. Por outro lado, o resultado deste processo é a geração, consumo e produção desenfreada de resíduos sólidos urbanos (RSU) em especial o tecnológico que é constituído por substâncias poluidoras do solo, água e ar que podem afetar as pessoas. Entende-se por lixo ou resíduos sólidos materiais de origem urbana, industrial e serviço de saúde e rural, caracterizado por decomposição lenta e alta resistência, tais como: plásticos, borrachas, vidros e outros materiais, que se reutilizadas podem gerar economia de recursos e lucratividade pelos subprodutos que podem gerar. O Brasil produz cerca de 79,9 milhões de toneladas de lixo anualmente, desse total 43,7% são depositados a céu aberto. A pratica da disposição final inadequada dos RSU ainda ocorre em todas as regiões e estados brasileiros e 3.326 municípios ainda fazem uso desses locais impróprios. Para essa mazela social surgiu a Lei 12.305/2010 que estabelece a Política Nacional de Resíduos Sólidos que visa a gestão e gerenciamento de resíduos, enfatizando a sustentabilidade econômica e ambiental. O aumento da produção de resíduos sólidos, e a destinação final do lixo passaram a exigir mais tratamento e meios adequados para a sua eliminação, na busca de solução foram geradas estratégias, incluindo criação de aterros, usinas de incineração  e compostagem, depósitos de lixo urbano ou lixões, acompanhada ou não da coleta seletiva do lixo. Neste contexto, surge à figura dos Catadores de Materiais Recicláveis (CMRs), que constituem a base da cadeia produtiva da indústria de reciclagem, captando e separando o lixo que é reciclável. Atualmente, consideram-se catador a pessoa física de baixa renda que se dedica às atividades de coleta, triagem, processamento, transformação e comercialização de materiais reutilizáveis e recicláveis. Os catadores de materiais recicláveis possuem atualmente uma política pública que regulamenta o seu processo de trabalho, tornando-os agentes ambientais, uma vez que, diminuem os resíduos sólidos e seus impactos nas cidades brasileiras. No entando, apesar da profissão ter sido regulamentada no país em 2002 e seja reconhecida pela Classificação Brasileira de Ocupação no Censo (CBO n° 5.192-05), ainda é realizada sem registro oficial, impossibilitando o acesso dos profissionais a diretos trabalhistas. A coleta seletiva é essencial para o desenvolvimento sustentável do Brasil, haja vista que esse processo reduz a quantidade de resíduos sólidos para os aterros sanitários e lixões. No processo de recolhimento do lixo urbano, temos em destaque as pessoas que sobrevivem do trabalho de “catar” materiais recicláveis, às vezes filiado a cooperativas ou até mesmo fazendo isso por conta própria. As condições de trabalhos a que os CMRs estão submetidos, a situação de informalidade torna-se ainda mais preocupante, isso porque a atividade ocasiona riscos à saúde do catador que é desprovido de qualquer seguridade social no caso de acidentes ou doenças laborais.  OBJETIVO: Diante do exposto o presente estudo tem por objetivo, analisar os riscos ocupacionais a saúde dos CMRs do lixão no Município de Imperatriz-MA por meio de um relato de experiência vivenciados por discentes do curso de enfermagem do referido município. MÉTODO: Trata-se de um estudo descritivo, transversal na forma de relato de experiência, realizado por discentes do curso de enfermagem de uma universidade privada do Município de Imperatriz-MA, visando analisar quais os riscos ocupacionais durante o processo de trabalho dos CMRs. O encontro foi dividido em dois momentos: no primeiro momento realizou-se a observação e descrição do local e do processo de trabalho dos CMRs e no segundo momento foi realizada uma roda de conversa com alguns dos trabalhadores, no intuito de identificar a percepção frente aos riscos ocupacionais. No dia 30 de outubro de 2017 as 14 horas foi realizado a visita técnica, no lixão municipal de Imperatriz, localizado a 15km do centro do referido município, na Rodovia Padre Josino, mais conhecido como “estrada do arroz”. Para coleta de informações, foi utilizado um roteiro de observação direta contendo duas etapas, na primeira foram analisados os seguintes aspectos: descrição do ambiente, número de pessoas que circulavam, descrição da atividade, utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) pelos trabalhadores, riscos encontrados no ambiente de trabalho, perfil dos trabalhadores e o acontecimento que chamou atenção e a reação do observador. Na segunda etapa, verificou-se: riscos ambientais, físicos, químicos, psicossociais, mecânicos e percepção do trabalhador frente ao processo de trabalho. DESCRIÇÃO DO RELATO: A partir da observação direta e entrevista realizada com os investigados, percebe-se a realidade de catadores de materiais recicláveis, avaliando os riscos que estes profissionais estão expostos. Quanto ao perfil socioeconômico dos trabalhadores, percebeu a prevalência de homens com idade entre 23 e 60 anos e de baixa escolaridade.  Sobre o local do estudo, nota-se que há precariedade e mistura de todos os resíduos sólidos. Os riscos evidenciados no local estão ligados primordialmente à perfurocortantes, contaminantes químicos e biológicos, além de animais transmissores de doenças. Outro aspecto observado foi à moradia dos trabalhadores, onde grande parte dos entrevistados relataram morar no lixão, em casebres construídos pelos próprios catadores.  Além disso, quando questionados sobre a alimentação os investigados afirmaram ingerir alimentos que são selecionados após avaliação visual.  Quanto aos equipamentos de proteção individual (EPIs), observou-se que os trabalhadores não utilizam estes materiais, e quando utilizam, são os encontrados em meio aos resíduos, tais como: botas, luvas e lanternas fabricadas manualmente para trabalhar durante a noite. Nesse âmbito, nota-se que as principais patologias que os CMRs podem desenvolver são: intoxicação alimentar, patologia respiratória, dermatológica e musculoesquelética. Estudos evidenciam que estes riscos expõem à intoxicação por inalação e por contato, alguns relataram dores de cabeça, náusea, irritabilidade.  Os resultados obtidos mostraram o excesso de horas de trabalho destes trabalhadores. Além disso, os catadores estão expostos aos riscos decorrentes da exposição ao frio à noite e o calor excessivo durante o dia. Outro fator preocupante é o perigo que esses trabalhadores estão sujeitos, devido a não utilização dos EPIs. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir dos resultados obtidos, percebe-se que o perfil dos trabalhadores encontrados são do sexo masculino e de baixa escolaridade. Sobre a moradia e hábitos de vida evidenciou-se que os indivíduos constroem sua própria moradia no lixão, além disso, ingerem alimentos encontrados em meios aos resíduos. Quanto ao processo de trabalho, os catadores se organizam entre si realizando a coleta em todos os turnos. 


Palavras-chave


Catadores de Materiais Recicláveis; Autocuidado; Atividades Laborais.