Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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COMPLICAÇÕES PÓS-OPERATÓRIAS NA SALA DE RECUPERAÇÃO PÓS-ANESTÉSICA: UMA ANÁLISE DA LITERATURA
Rosana Amora Ascari, Nathieli Aparecida Da Silva, Lucas Soares dos Santos, Deborh cristina Santin, Vilma Beltrame

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


Introdução: Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) tenha lançado a aliança mundial para a segurança do paciente ainda em 2004, no Brasil, somente em 2013, a Portaria MS/GM nº 529 deu origem ao Programa Nacional de Segurança do Paciente, sendo a segurança do paciente, entendida como a redução dos riscos relacionados ao paciente, associados ao cuidado de saúde. No âmbito da enfermagem cirúrgica, a prevenção, identificação e tratamento das complicações relacionadas ao procedimento cirúrgico é fundamental para a redução destes danos. As complicações pós-operatórias são alterações fisiopatológicas decorrentes do procedimento anestésico-cirúrgico que evoluem para o desequilíbrio da homeostasia corporal, alterações dos sinais vitais e surgimento de sinais e sintomas característicos. O período pós-operatório imediato, caracterizado pelas primeiras 24 horas após a cirurgia, consiste no período mais crítico para o desenvolvimento de complicações, devido à adaptação fisiológica do organismo ao procedimento anestésico-cirúrgico realizado. Há alguns fatores que podem influenciar na ocorrência de complicações pós-operatórias, tais como, comorbidades pré-existentes, vulto cirúrgico, potencial de contaminação da cirurgia, área corpórea a ser operada, idade, entre outros. As complicações mais comuns são a dor, alterações urinárias, dessaturação de oxigênio, hipotensão, infecção da ferida operatória, hipotermia, entre outras. Desse modo, os cuidados de enfermagem no pós-operatório são essenciais para o restabelecimento da saúde dos indivíduos submetidos à intervenção cirúrgica. Objetivos: O objetivo deste estudo é descrever o que a literatura nacional e internacional aborda sobre as complicações pós-operatórias na Sala de Recuperação Pós-anestésica (SRPA). Metodologia: Trata-se de um estudo qualitativo, de revisão de literatura científica com descrição narrativa dos achados. Inicialmente foi realizada uma busca nas bases de dados eletrônicas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Web of Science e PubMed com identificação da temática: complicações pós-operatórias, que resultou em 846 artigos artigos que foram importados para o Programa SOPHIE e, na sequência aplicou-se os critérios de inclusão: estudos que abordem a respeito das complicações pós-operatórias, em língua portuguesa, espanhola ou inglesa, entre os anos de 2012 a 2016 e disponível eletronicamente em formato de texto completo gratuitamente. Como critérios de exclusão foram elencados os artigos caracterizados como fuga do tema, textos duplicados, relatos de experiência, revisões de literatura, relatos de caso, estudos fora da SRPA ou que comparassem efeitos entre medicamentos e técnicas. Através da leitura prévia dos textos, foram identificadas 13 publicações que preencheram os critérios instituídos. Resultados: Após a leitura na íntegra por dois pesquisadores dos 13 artigos pré selecionados, os textos incluídos neste estudo tiveram os principais resultados transcritos para um formulário próprio de coleta de dados, contento dados bibliométricos, metodológicos, principais resultados, além da identificação e quantificação das complicações pós-operatórias.  A partir da análise dos resultados emergiram sete categorias, a saber: a) Especialidades médicas envolvidas; b) Intervenções para prevenção de complicações pós-operatórias; c) Fatores que interferem no aumento de complicações; d) Principais complicações identificadas na SRPA; e) Presença de comorbidades no pré-operatório; f) Reintervenção cirúrgica; g) SRPA e mortalidade. Na categoria “Especialidades médicas envolvidas” as especialidades citadas foram ginecologia (n=1), Obstetrícia (n=1), Cardiologia (n=2), Ortopedia (n=2), Cirurgia de cabeça e pescoço (n=1), Cirurgia torácica (n=1), Cirurgia geral (n=2), Neurologia (n=2), Cirurgia plástica (n=1) e Otorrinolaringologia (n=1). Quanto à “Intervenções para prevenção de complicações pós-operatórias”, apenas um artigo relata o uso de intervenções para a prevenção de hipotermia na sala operatória (SO), tais como infusão venosa aquecida, manta térmica, colchão térmico, cobertor e enfaixamento dos membros. Já em relação aos “Fatores que interferem no aumento de complicações”, pode-se destacar: o tempo de duração da cirurgia (n=2), a cesariana em comparação ao parto vaginal (n=1), índice resistivo renal inferior foi associado à pneumonia, choque séptico e insuficiência renal aguda, entre outras complicações (n=1). Também, a obesidade (n=1), a transferência dos pacientes para a SRPA sem suplementação de oxigênio (n=1), o tipo de cirurgia (n=1) e o histórico médico (n=1) são aspectos que influenciaram na ocorrência de complicações. As “Principais complicações identificadas na SRPA”, foram Sangramento ou Hemorragia (n=5),Arritmia (n=4), Hipotermia (n=3), Hipoxemia (n=3), Sepse (n=3), Hipotensão (n=3), Insuficiência respiratória aguda (n=3), Parada Cardíaca (n=3), Tremor (n=2), Hipertensão Arterial (n=2), Taquicardia (n=2), Dor (n=2), Alteração do nível de consciência (n=2), Morte (n=2), Infarto agudo do miocárdio (n=2) e Deiscência (n=2). Vale ressaltar que em um dos textos, os autores afirmaram que não houver complicações pós-operatórias de curto prazo. Na categoria “Presença de comorbidades no pré-operatório”, Diabetes (n=4), Hipertensão(n=2), Insuficiência Cardíaca Congestiva (n=2) e Tabagismo (n=2) foram as comorbidades prevalentes. Entretanto, também foram relatadas a presença de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (n=1), Doença Vascular Periférica (n=1), Doença Cerebrovascular (n=1), Miocardiopatia (n=1), Neoplasia (n=1), Sepse (n=1), Transtorno neurológico agudo (n=1), Pneumonia (n=1), Trauma (n=1), Choque (n=1), Déficit neurológico (n=1), Perturbação metabólica ou eletrolítica (n=1), Insuficiência hepática, renal e respiratória (n=1) Infarto Agudo do Miocárdio (n=1), Obesidade (n=1), Prematuridade (n=1), Síndrome de Down (n=1), Espinha bífida (n=1), Defeito no septo ventricular (n=1) e Incontinência Urinária (n=1). Ainda, pode-se destacar que diversos estudos não mencionaram as comorbidades, mas apresentaram o percentual de classificação da ASA (American Society of Anesthesiology), a qual classifica os pacientes de acordo com a gravidade da doença pre-existente ao ato anestésico-cirúrgico, abrangendo desde a classe I (paciente saudável) até a classe VI (paciente com morte encefálica). Entre os estudos, as classificações mais prevalentes foram ASA I (paciente saudável) e ASA II (paciente com doença sistêmica leve). Uma destas pesquisas afirma que os incidentes críticos na SRPA ocorreram em sua maioria em pacientes com poucas comorbidades e outro também afirma que a maior parte das dessaturações de oxigênio ocorreram em pacientes com ASA II. Na “Reintervenção cirúrgica”, um artigo relata esse episódio devido a parada cardiorrespiratória e sangramento. Já no que se refere à “SRPA e mortalidade”, um estudo identificou que a taxa de mortalidade após cirurgias cardíacas foi de 3,6% e a taxa de falha de resgate de pacientes no pós-operatório foi de 19,8%, sendo que a insuficiência renal e septicemia obtiveram elevada taxa de falha de resgate, chegando a 48,8% e 42,6%, respectivamente. Além disso, outro estudo evidenciou que um em cada três pacientes que apresentaram parada cardiorrespiratória perioperatória sobreviveram à alta hospitalar e que o local da parada, o aumento da idade e a maior duração da parada foram preditores para uma menor taxa de sobrevivência. Tal estudo afirma que 64% dos pacientes que sobreviveram não desenvolveram sequelas neurológicas e que os indivíduos que desenvolveram parada cardiorrespiratória na SRPA alcançaram uma taxa de sobrevivência mais elevada. Considerações finais: As pesquisas apontam que as complicações pós-operatórias são múltiplas e evidentes, incidindo até mesmo em pacientes com pouca ou nenhuma doença de base, independentemente da idade e sexo. Neste sentido, é fundamental que a equipe de enfermagem da SRPA conheça a sintomatologia das complicações, bem como as complicações mais prevalentes em sua unidade, de modo a identificá-las eficientemente e assim prestar os cuidados necessários para a prevenção e tratamento destas complicações. Logo, o enfermeiro da SRPA também apresenta papel essencial na execução de tarefas assistenciais e gerenciais para que estas complicações sejam minimizadas, de forma a garantir a qualidade da assistência no pós-operatório imediato e preservar a segurança do paciente.

Palavras-chave


Complicações pós-Operatórias; Assistência de Enfermagem; Segurança do paciente.