Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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Experiências hospitalares com portadores de tuberculose associado ao HIV/AIDS: um relato acadêmico
Eliene do Socorro da Silva Santos, ANA KEDMA CORREA PINHEIRO, Ana Paula Rezendes de Oliveira, Brunna Susej Guimarães Gomes, Gabriela Evelyn Rocha da Silva, Widson Davi Vaz de Matos, Daniele Rodrigues Silva, Larissa Almeida dos Santos

Última alteração: 2018-01-25

Resumo


INTRODUÇÃO: A Tuberculose (TB) em indivíduos vivendo com Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é a maior causa infecciosa de morte relacionada à Síndrome da Imunodeficiência Humana (AIDS).Os indivíduos portadores de HIV representam mais de 10% dos casos anuais de TB, apresentando até 37 vezes mais chances de desenvolver a doença do que aqueles que são soronegativos. As estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS)apontam que a cada ano morrem cerca de 1,5 milhões de pessoas por TB e aproximadamente 23.000 pessoas já morreram em decorrência da coinfecção TB-HIV/AIDS. Dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) apontam que de 2012 a 2016, dos casos notificados, foram confirmados 38.046 novos casos de tuberculose em pacientes com AIDS no país. Na região norte, no mesmo período, foram 3.519, e no Pará, 1.226 casos confirmados. As evidências sugerem a necessidade de estudos que demostrem a importância da associação entre estes dois agravos, considerando aspectos humanitários, econômicos e de saúde pública. Nesse contexto, o profissional de enfermagem tem papel de protagonista no processo de cuidado destes pacientes, estreitando as relações, construindo vínculos, promovendo conforto e bem estar, tornando a terapêutica menos agressiva e facilitando, com isso, a adesão ao tratamento, prevenção de abandonos e complicações. Assim, o objetivo deste estudo foi descrever as experiências e atividades vivenciadas por acadêmicas de Enfermagem durante o cuidado de pacientes com HIV/AIDS coinfectados com TB, no decorrer de suas aulas práticas em uma clínica de doenças infecciosas e parasitárias. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de um relato de experiência que descreve aspectos vivenciados por acadêmicas de Enfermagem do quarto ano da Universidade do Estado do Pará, durante as aulas práticas do componente curricular Enfermagem em Doenças Infecciosas e Parasitárias, em uma clínica de infectologia de um hospital universitário público de alta e média complexidade, que é referência regional nas principais doenças infecciosas e parasitárias e, no âmbito nacional, em HIV/AIDS. Atualmente, a clínica funciona com 44 leitos de internação, sendo que 24 são destinados aos pacientes acometidos por HIV/AIDS, nos quais 8 são femininos e 16 masculinos. Os usuários desse serviço recebem assistência de uma equipe multiprofissional composta por Infectologista, Assistente Social, Psicólogo, Fisioterapeuta, Nutricionista, Enfermeiro e Técnico em Enfermagem. RESULTADOS E IMPACTOS: Durante a vivência foram observados 18 pacientes acometidos por HIV/AIDS, com predominância em adultos jovens, sendo que não foram identificados individuos que possuíssem idade ≥ a 60 anos, mesmo havendo uma tendência epidemiológica de aumento da prevalência e da incidência do número de idosos com HIV em nosso país. Do total de pacientes citados, quase a metade apresentavam a coinfecção TB-HIV/AIDS, tendo o público masculino uma maior representatividade. Dados disponibilizados no DATASUS, entre 2012 e 2016, indicam que o perfil etário mais atingido pela coinfecção compreende a idade de 20 a 59 anos, o que corrobora com os resultados da observação. Quanto ao sexo, a mesma fonte aponta que a maioria dos casos confirmados é representada por homens, pois, enquanto as mulheres apresentaram prevalência de 378 casos, o sexo masculino se sobrepôs com 842 casos no mesmo período. Abreu, Pereira, Silva, Moura e Câmararelatam que mesmo havendo uma maior representação de HIV/AIDS entre o grupo masculino, pode-se perceber que a diferença de número de casos confirmados entre homens e mulheres vem reduzindo ao longo dos anos, atribuindo esse resultado ao aumento do número de infectadas entre heterossexuais casadas que possuem parceiro único, devido a estabilidade da relação conjugal. Em relação a assistência da equipe de enfermagem, identificou-se a aplicação diária da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e das escalas de Braden e Fugulin, que são ferramentas que facilitam a comunicação entre a equipe de saúde, entretanto, não era realizado de forma correta o tratamento de feridas complexas, devido ao déficit de recursos materiais fornecidos pela instituição. Brazileiro, Pinto e Silva afirmam que o planejamento e controle dos recursos humanos e materiais adequados auxiliam em uma assistência segura e de qualidade. No que se refere a estrutura física da clínica, as enfermarias eram divididas em femininas e masculinas e subdivididas entre pacientes com HIV e diagnosticados com outras doenças infecciosas. Notou-se a presença de janelas e portas que facilitavam a circulação de ar, além da iluminação solar, fatores importantes para a prevenção da propagação de infecções, por se tratarem de medidas de controle ambiental que possuem a capacidade de diminuir a concentração e provocar a remoção de partículas infectantes no ambiente. O posto de Enfermagem encontrava-se centralizado, entretanto, os corredores da clínica eram estreitos e dificultavam a circulação de materiais e pessoas, bem como o transporte de pacientes. Além disso, o número de leitos por enfermarias desrespeitava o espaço mínimo preconizado pela Resolução da Diretoria Colegiada n° 50 de 2002, que estabelece a distância de 1 metro entre os leitos. Outra questão a se ressaltar foi a permanência de pacientes críticos na clínica, sem estruturação física adequada, que necessitavam de transferência para Unidade Terapia Intensiva. Para Lima, Lopes e Gonçalves o hospital trabalha diretamente com o ser humano e precisa explorar todos os aspectos necessários na busca por conforto e facilidades que melhorem o dia a dia do cliente e a rotina da equipe, sendo assim, devem ser respeitadas as condições ambientais para uma efetiva organização e interação entre todas as atividades da instituição de saúde. Quanto ao dimensionamento da equipe, considerou-se equânime com relação a elevada demanda de pacientes na clínica, havia uma preocupação por parte do profissional enfermeiro em definir a escala diária da equipe conforme a dinâmica da assistência. Vale ressaltar que o processo de trabalho em enfermagem é definido como método para o planejamento, organização, execução e avaliação da assistência, o que possibilita a valorização das ações, delimitando competências e possibilitando conquista de espaços profissionais. Outro ponto observado foi uma integração fragmentada da equipe multiprofissional, no que diz respeito a discussão dos casos, realizada, principalmente, entre os médicos. Considera-se necessário que haja entrosamento entre toda a equipe de saúde, podendo refletir em impactos positivos na qualidade do serviço. As práticas assistenciais realizadas pelas acadêmicas foram anamnese, exame físico, evolução de enfermagem e procedimentos privativos do enfermeiro, sob a supervisão da preceptora. Destaca-se a importância de vivencias acadêmicas no cotidiano do Sistema Único de Saúde, pois reforçam as necessidades de politicas e mudanças assistenciais efetivas para o controle da tuberculose e HIV/AIDS. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir das experiências vivenciadas, notou-se que é fundamental que o acadêmico de enfermagem tenha esse contato real com o cenário das doenças infecciosas e parasitárias, possibilitando um olhar crítico quanto às necessidades dos clientes. Foi possível analisar a importância da atuação do Enfermeiro dentro do processo de trabalho em saúde, que deve estar voltada para o planejamento, organização e execução de ações de saúde efetivas, visando a melhora clínica, adesão ao tratamento e prevenção de complicações dos pacientes coinfectados hospitalizados.

 


Palavras-chave


Tuberculose; HIV; Enfermagem