Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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O TRABALHO DA ENFERMAGEM NA CASA DE APOIO A SAÚDE ÍNDIGENA: O OLHAR DOS ACADÊMICOS ENFERMAGEM
Aryanne Lira dos Santos Chaves, Alexandre Tadashi Inomata Bruce, Felipe Lima dos Santos, Gabriella Martins Soares, Nayara da Costa de Souza, Naiara Ramos de Albuquerque, Esron Soares Carvalho Rocha

Última alteração: 2018-05-31

Resumo


INTRODUÇÃO: A Casa de Saúde do Índio (CASAI) é definida segundo a Portaria 1.801, de 09 de novembro de 2015, como um estabelecimento de saúde responsável pelo apoio, acolhimento e assistência aos indígenas referenciados à Rede de Serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), para realização de ações complementares da Atenção Primária à Saúde e de Atenção Especializada, estendendo essa atenção aos acompanhantes, quando necessário. Ainda de acordo com a portaria, dentre as funções da Casai destaca-se: recepção aos pacientes encaminhados e aos seus acompanhantes, assistência de enfermagem 24 horas, desenvolvimento de práticas indígenas de cuidado, comunicação com a rede de referência de média e alta complexidade, marcação e acompanhamento dos pacientes para consultas, exames e internações, entre outras. Nesse contexto o enfermeiro vem assumindo um papel central na CASAI, possibilitando uma maior criatividade e autonomia no desenvolvimento das suas competências e, por outro lado, ampliando o nível da sua responsabilização, acarretando muitas vezes uma sobrecarga de trabalho. A enfermagem com o seu papel predominante de cuidador, educador e atualmente como gestor na CASAI, deve insistir na necessidade de articulação de ações de promoção da saúde com os demais membros da equipe de saúde e de outros serviços de saúde existente em Manaus, agregando saberes técnicos e populares, bem como mobilização de recursos institucionais e comunitários, públicos e privados para o enfrentamento e resolução dos problemas de saúde a ser enfrentados no âmbito da CASAI. OBJETIVO: Descrever a experiência vivenciada pelos acadêmicos de enfermagem sobre a gestão do trabalho dos profissionais de enfermagem na Casa de Saúde Indígena (CASAI) de Manaus. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo do tipo relato de experiência dos acadêmicos de enfermagem do 8º período da Universidade Federal do Amazonas durante aulas práticas da disciplina “Saúde das populações Amazônicas”. A CASAI encontra-se localizada no quilômetro 24 da estrada AM-010. A mesma encontra-se sobre a coordenação do Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus (Dsei Manaus) vinculado à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Recebe por mês 100 pacientes que permanecem na instituição por média de três meses, esses são oriundos dos estados do Amazonas, Acre, Roraima e Rondônia. Sua estrutura possui características de um hospital de pequeno porte, contando com 41 leitos, dividido em enfermarias masculina e feminina; posto de enfermagem, isolamento e alojamento para crianças recém-nascidas e lactentes, coleta e análise da pesquisa de plasmódio, serviços farmacêuticos, de nutrição e psicologia, além do setor administrativo. O processo de trabalho é dividido em agendamento, onde há a organização e o planejamento dos procedimentos, do itinerário que o indígena percorrerá em seu tratamento e/ou recuperação fora da aldeia e da cidade de origem, e o posto de enfermagem onde a equipe é responsável pela assistência direta aos usuários e familiares do paciente internado. Inicialmente foi realizada visita ao local, conduzida pela enfermeira do plantão, objetivando o conhecimento da realidade vivenciada pelos profissionais de enfermagem e pelos usuários indígenas que ali se encontravam para tratamentos de saúde. Foi observado também a infraestrutura e seus setores organizacionais. Observamos ainda, o trabalho dos profissionais de enfermagem na prestação do cuidado aos pacientes indígenas e seus familiares. Após a vista, os acadêmicos foram divididos nos diversos setores existentes na CASAI. No caso específico desse relato, os autores permaneceram no setor de agendamento de consultas para os serviços especializados na rede do SUS. Esse setor contempla um conjunto de atividades tais como: organização dos serviços de logística, marcação de consulta, transporte de pacientes para as consultas, elaboração do resumo de alta dos pacientes para seu Distrito Sanitário de origem, confecção de relatórios técnicos, controle de entrada e saída de pacientes, etc. RESULTADOS: A vivência nos permitiu observar a complexidade do trabalho dos profissionais de enfermagem na CASAI, pois o trabalho desse profissional não se resume à questão biológica da doença que acomete o indígena. Para isso, o enfermeiro (a) precisa compreender as necessidades humanas afetas dos seus clientes, tendo em vista que, o mesmo encontra-se fora do seu local de origem, as relações inter-étnicas também deve ser um fator que a nosso ver, dificulta a estadia dos usuários indígenas, pois possuem costumes diferentes e forma de compreender o processo saúde e doença, justamente num momento de saúde fragilizada. Na CASAI, a enfermagem vem assumindo um papel importante na gestão do cuidado, observamos que a assistência de enfermagem é dividida em dois setores: o agendamento e o posto de enfermagem. No primeiro setor, trabalha uma enfermeira, cuja função é realizar ações relacionadas ao agendamento, principalmente, de consultas, exames e comunicação com os Distritos e demais serviços de saúde. No segundo, atuam os outros enfermeiros, conjuntamente com os técnicos de enfermagem, cujas principais responsabilidades são fornecer a atenção direta aos usuários e acompanhá-los nas consultas e demais procedimentos, realizados na complexa organização da referência dos serviços de saúde de Manaus. O enfermeiro é responsável por todo um fluxograma para a realização do agendamento de consultas. Com as redes do SUS os profissionais tentam integrar os indígenas com as especializações que necessitam. Após a consulta com o médico geral e com as solicitações de exames e consultas, os enfermeiros começam a inserir no SISREG e os acompanham até conseguirem as vagas nas unidades de saúde. Quando é realizado o agendamento, o indígena é avisado pela equipe que também controla os dias que eles terão que ir. Essa organização é feita através de pastas onde ficam organizadas as demandas por instituição de saúde e por data. Desta forma, é possível organizar tudo para que o paciente seja acompanhado e transportado até o local da sua consulta e que a equipe da CASAI também consiga acompanha-los para ter o controle do estado de saúde de cada um. Observamos também que os profissionais de enfermagem aprendem a lhe dar com as peculiaridades dos indígenas e conseguem trabalhar através da criação de meios de comunicação com o indígena respeitando sua cultura, e assim ganhando a confiança deles. Os indígenas formados como técnicos de enfermagem que trabalham na CASAI, são importantes para acompanhar os pacientes nas unidades de saúde e manter um dialogo entre profissional e paciente além de possibilitar o acompanhamento do quadro clínico dele fora da CASAI. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As aulas práticas na CASAI nos permitiram conhecer e refletir sobre o processo de trabalho da enfermagem no âmbito da saúde indígena e ir além da teoria absolvida em sala de aula. Nos dias em que estivemos presentes no local, podemos aprender e contribuir com o serviço, adquirindo um rico conhecimento teórico-prático para nossa vida profissional. Ressaltamos que, em nossa visão, o cenário estudado aponta para uma falha no trabalho da enfermagem, pois muitas vezes não se considera o sujeito e seu cuidado individual, além da fragmentação do cuidado, com espaços distintos entre quem planeja e quem presta atenção direta. O enfermeiro deve prestar seu cuidado de forma sistematizada para o bem estar do paciente, não deixando de realizar orientações, prescrever cuidados individuais e registrar para reforçar a importância da enfermagem e conquistar cada vez mais seu espaço.


Palavras-chave


Saúde de Populações Indígenas; Gestão em Saúde; Cuidados de Enfermagem