Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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VIVÊNCIAS DA INTERAÇÃO ENSINO, SERVIÇO E COMUNIDADE: EXPERIÊNCIA DO PET-SAÚDE/GRADUASUS DO OESTE DA BAHIA.
Daiene Rosa Gomes, Bruna Clemente Gontijo, Bruno Klecius Andrade Teles, Flávia Dorneles Clemente Gontijo, Ingridy Caroline Ferreira Silva, Lívia Lima Barreiros, Ludnna Ravanna Maia Baraúna Almeida

Última alteração: 2017-12-27

Resumo


APRESENTAÇÃO

A formação de profissionais de saúde no Brasil tornou-se objeto de análise e reflexão nas últimas décadas, sendo empreendidos muitos esforços articulados entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação na busca da construção de uma política de orientação de práticas formativas de profissionais de saúde tendo como princípios norteadores as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e o Sistema Único de Saúde (SUS). O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) vem como um instrumento para essa qualificação técnica, científica, tecnológica e acadêmica desses profissionais, fomentando a articulação ensino-serviço-comunidade. Nesse programa os acadêmicos são inseridos precoce e responsavelmente nos serviços de saúde, permitindo a articulação entre discentes, docentes, profissionais de saúde e comunidades, tendo o serviço público de saúde como cenário de práticas. O presente artigo tem como objetivo relatar as experiências de um grupo PET-Saúde do curso de Medicina, na Universidade Federal do Oeste da Bahia, em uma perspectiva crítico-reflexiva da interação ensino-serviço-comunidade.

DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA

O PET-Saúde foi implementado pela Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde em maio de 2016, contemplando três grupos tutoriais: um grupo do curso de Medicina, um de Farmácia e um de Nutrição, sob a coordenação geral de uma enfermeira vinculada à Secretaria Municipal de Saúde. Cada grupo foi composto por três tutores acadêmicos (docentes da UFOB), três preceptores (profissionais de saúde) e quatro acadêmicos, sendo dois bolsistas e dois voluntários. O PET foi implantado em duas Unidades de Saúde da Família (USF), USF Martina Clara Batista Máximo, no bairro de Barreirinhas e USF Doutor Jaime Lima, no bairro Vila Dulce, cada uma contendo três Equipes de Saúde da Família.

A dinâmica de trabalho compreendia reuniões semanais com cada grupo tutorial e quinzenais com os três grupos, realizadas na UFOB e, por vezes, nas USF, com o objetivo de discutir e desenvolver o estatuto do PET-Saúde-UFOB nos primeiros encontros e estudar temáticas pertinentes e necessárias para inserir os participantes no contexto da atenção básica, como histórico de criação do SUS, funcionamento do SUS; redes de atenção de saúde; controle social. Os assuntos eram estudados nas reuniões semanais e o espaço das reuniões quinzenais era utilizado para discuti-los pelo grupo todo, sob uma ótica interdisciplinar.

Além disso, os encontros com cada grupo tutorial eram utilizados para definir o planejamento das ações práticas pontuais a serem implementadas e do diagnóstico situacional a ser realizado na comunidade. Este último objetivando identificar problemas na gestão e funcionamento da USF e perfil epidemiológico da população adscrita, sendo utilizado para orientar futuras intervenções em saúde. Os acadêmicos também participaram de uma visita inicial às USF participantes, com a finalidade de conhecer a dinâmica de funcionamento e as relações profissionais, bem como analisar superficialmente a cultura dos usuários e possíveis determinantes de saúde, para relacioná-los com o processo saúde-doença.

RESULTADOS

No primeiro ano de desenvolvimento do PET-Saúde construímos um embasamento teórico sobre a formação em saúde interligada ao SUS, especificamente na atenção primária a saúde. Posteriormente, estruturamos um instrumento para análise situacional das USF conveniadas ao PET-Saúde/GraduaSUS; após a realização do diagnóstico situacional, pretendemos programar as intervenções a serem realizadas no ano seguinte. Ainda foi elaborado um cronograma para as reuniões gerais e atividades a serem desenvolvidas pelo PET-Saúde.

O PET-Saúde tem por finalidade fomentar a articulação ensino-serviço-comunidade na área da saúde e induzir o provimento e favorecimento da fixação de profissionais de saúde capazes de promover a qualificação da atenção à saúde em todo o território nacional. Dessa forma, eventos voltados para a promoção e a educação em saúde são estratégias eficazes para proporcionar visibilidade aos fatores de risco e aos agravos à saúde da população. Nesse sentido, o grupo planejou e executou uma Feira de Saúde numa praça pública onde os membros do PET-Saúde do curso da medicina prestaram serviços de saúde à população, com avaliação de medidas antropométricas (peso e altura), aferição da pressão arterial, teste de glicemia e aulas de dança, com um profissional convidado. Essa atividade apoiou a campanha nacional da luta contra o câncer de próstata (“Novembro Azul”), colocando a população masculina como foco da ação, adicionando-se orientações sobre a saúde do homem e principais doenças que acometem esse grupo populacional, como câncer de próstata e doenças cardiovasculares.

Desde o início do projeto, o grupo PET-Medicina encontrou dificuldades para a incorporação de um preceptor médico. Por isso, a preceptoria foi composta por enfermeiras inicialmente. Ao final do primeiro ano duas preceptoras enfermeiras se desligaram do projeto devido a alterações da nova gestão municipal, e um preceptor médico foi integrado ao grupo. Dessa forma, as acadêmicas passaram a acompanhar o atendimento médico, o que foi de grande importância para aprendizado da rotina na ESF, observação de queixas comuns dos profissionais de saúde da atenção básica, da relação entre a equipe de saúde e da relação médico-paciente. O acompanhamento das consultas na ESF também será de grande importância para um diagnóstico situacional mais fidedigno devido às vivências, além de propiciar uma melhor aplicabilidade de futuras intervenções.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo apresentou a experiência da interação ensino-serviço-comunidade de um dos grupos PET-Saúde. A vivência dos diferentes atores no grupo caracterizou uma experiência inovadora e desafiadora, uma vez que exigiu a articulação da instituição de ensino, dos serviços de saúde, dos profissionais e comunidade. Acredita-se que este tenha sido um processo de intenso aprendizado para os acadêmicos, tutores e preceptores inseridos no programa, especialmente no que se refere à realização de ações interdisciplinares no âmbito da atenção básica, cujo objetivo era contemplar o tênue equilíbrio entre as demandas de saúde da população e as possibilidades do Sistema de Saúde de atendê-las.

A inserção dos acadêmicos nos serviços trouxe contribuições importantes, já que foi necessário conhecer a rotina das Unidades, os serviços oferecidos e interagir com todos os integrantes da equipe de saúde. A interação ensino-serviço-comunidade é fundamental para a formação de profissionais comprometidos com a proposta do SUS, proporcionando-lhes um contato direto com os problemas da população e instrumentalizando-os para intervir de forma eficaz, com ações coletivas por meio de uma educação preventiva em saúde pública.


Palavras-chave


Educação em saúde; interação ensino-serviço-comunidade; Saúde Pública