Associação da Rede Unida, 13º Congresso Internacional Rede Unida

Anais do 13º Congresso Internacional da Rede Unida

v. 4, Suplemento 1 (2018). ISSN 2446-4813: Saúde em Redes
Suplemento, Anais do 13ª Congresso Internacional da Rede UNIDA
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PERFIL SOCIODEMOGRÁFICO DE GESTANTES COM SÍFILIS ATENDIDAS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE SANTARÉM-PARÁ
SIMONE AGUIAR DA SILVA FIGUEIRA, THAÍS FERREIRA BARRETO, ILMA PASTANA FERREIRA

Última alteração: 2017-12-28

Resumo


APRESENTAÇÃO: A sífilis é uma doença secular que faz parte do grupo de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) e representa grande desafio aos serviços de saúde pública em todo o mundo. É uma patologia que ainda ocupa um índice bastante elevado nos casos de ISTs notificados e segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a ocorrência da sífilis é quatro vezes maior que o número de pessoas infectadas pelo vírus do HIV, acometendo muitas mulheres na idade reprodutiva, trazendo consequências negativas tanto para o período gestacional quanto para a saúde do seu concepto, uma vez que, além da Sífilis congênita, nota-se o aumento dos percentuais de abortamento tardio e antecipação do parto, além do crescimento intrauterino prejudicado, e o mais preocupante e grave que é o óbito fetal. Destaca-se que ainda são vivenciados os mesmos problemas de quase meio século atrás, onde há lacunas na assistência pré-natal, tornando perceptível a incoerência entre o que é preconizado pelo sistema de saúde e como verdadeiramente acontece a oferta destes serviços. A elevada incidência dos percentuais de mulheres com sífilis durante o período gravídico demonstra a deficiência de políticas públicas na área da saúde que podem ser justificadas pela baixa qualidade do pré-natal ou que as mesmas não tiveram acesso a este programa básico. Por muito tempo a importância da sífilis foi direcionada a sua incidência elevada somada a alguns fatores como aparecimento de suas complicações apresentadas através de más formações nos recém-nascidos, além da grande morbimortalidade materno-infantil, porém, por ser uma patologia de sinais clínicos visivelmente simples, contribui para que esta não receba a devida atenção, como a promoção de ações dos serviços de saúde e de preocupação da população, como, por exemplo, a importância dada atualmente ao HIV/AIDS. A incidência da sífilis tem tido um crescimento alarmante, em virtude disso justifica-se a necessidade de transmitir esta informação, com o propósito de mostrar à população e aos profissionais da saúde a necessidade dos cuidados e prevenção acerca dessa doença, bem como das demais ISTs. Neste sentido, este estudo tem por objetivo caracterizar o perfil sociodemográfico de gestantes com sífilis atendidas em um Centro de Referência de Saúde da Mulher em Santarém, Pará, no período de Janeiro de 2013 a Dezembro de 2016. DESENVOLVIMENTO: Este estudo trata-se de uma pesquisa documental, quantitativa, com abordagem descritiva. Para a realização da pesquisa, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) CAAE- 61249816.4.0000.5168 da Universidade do Estado do Pará. A fonte de coleta de dados foi o banco de dados, livro de registro e os prontuários de 84 gestantes que apresentaram exame de VDRL reativo durante o acompanhamento pré-natal, notificadas na sua Unidade Básica de origem e encaminhadas para o Centro de Referência de Saúde da Mulher (CRSM) do município de Santarém-PA, no período de janeiro de 2013 a dezembro de 2016. Para obtenção dos dados, foi utilizado um formulário pré-elaborado pela pesquisadora o qual era composto por 19 perguntas objetivas. Para análise dos resultados obtidos, os dados foram tabulados e analisados através de uma estatística descritiva realizadas em planilhas dos programas Microsoft Word 2010 e Microsoft Excel 2010. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A pesquisa foi realizada com 84 prontuários de gestantes com sífilis, com faixa etária entre 12 e 41 anos, destas, os maiores percentuais corresponderam a 11 a 20 anos compreendendo 44,04% das pesquisadas e de 21 a 30 anos totalizando 36,9% das participantes. A sexualidade está presente em todas as fases da vida, sobretudo na adolescência e início da fase adulta, por ser um período que envolve descobertas, questionamentos e incertezas. É válido ressaltar que somado ao início da atividade sexual precoce, há também fatores que potencializam a predisposição deste grupo em contrair alguma IST como, por exemplo, a curta duração dos relacionamentos, a variabilidade de parceiros e a existência de parceiros ocasionais e a ausência do uso de preservativos. No que concerne ao estado civil das participantes, 46 (55%) declararam estar em uma união estável, nota-se que a ideia de se estar em um regime de conjugalidade, seja união estável ou casamento, torna a mulher mais suscetível a repetição da gestação, justificado por alguns fatores como o aspecto socioeconômico e principalmente o fato de sentirem-se seguras e confiantes com seus parceiros ao ponto de avaliarem os métodos contraceptivos como algo irrelevante, tornando compreensível o número representativo de ISTs nesse grupo. Em relação à ocupação das gestantes identificou-se que 41 (49%) relataram ser do lar, esse número expressivo pode ser associado a dependência financeira ao companheiro, as quais mesmo com algum grau de instrução, não buscaram ou não tiveram oportunidades de exercer uma profissão remunerada, assim como também a dependência emocional e o excesso de confiança na relação estável. No tocante da escolaridade, o maior índice de gestantes com sífilis encontra-se em mulheres que concluíram o 2º grau, totalizando 22 (26,1%) casos, esta avaliação é válida quando se compreende sua relação com o pré-natal e como a mesma influencia no entendimento das orientações recebidas durante a assistência prestada. Quanto à procedência, os bairros com maior número de casos de gestantes com sífilis foram Área Verde e Livramento, bairros periféricos do município, com 10 (11,9%) casos. As condições de moradia, os hábitos, costumes e fatores socioeconômicos são determinantes para a dificuldade no acesso aos serviços de saúde. Em relação aos bairros periféricos, entende-se que a distância dos centros de saúde, assim como a falta de saneamento básico, dificuldade de transporte e deslocamento são fatores que dificultam aos moradores destas áreas a busca e acessibilidade à assistência de saúde e, consequentemente, tornam-se mais vulneráveis na aquisição de diversas patologias. Os bairros periféricos, geralmente, estão propícios à pobreza e esta não se restringe apenas a condições financeiras, mas, principalmente, na falta de infraestrutura, educação e saúde de qualidade a população. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O cenário da sífilis é preocupante em qualquer fase da vida, no entanto, quando a doença se manifesta durante o período gestacional, esta merece destaque especial. As políticas públicas acerca desta temática precisam ser fortalecidas, mostrando que a sífilis pode ser facilmente diagnosticada precocemente nas Unidades Básicas de Saúde através do teste rápido, além do tratamento ser padronizado e protocolado pelo MS, portanto, não há necessidade de gerar encaminhamento ao serviço de referência, pois isto só retarda o tratamento da gestante e a afasta do vínculo mantido com a UBS a qual pertence, como foi observado neste estudo. A sífilis na gravidez é uma temática importante a ser abordada e que abre caminhos para diversas pesquisas, principalmente por ser uma patologia de fácil diagnóstico e tratamento e, ainda assim, permanecer entre as infecções sexuais mais frequentes dentre os problema de saúde pública.

Palavras-chave


Sífilis, Gestantes, Pré Natal